era uma cabana qualquer feita de madeira, em um lugar inusitado e extremamente frio. com um telescópio você pode ver a fumaça da chaminé, o casebre bem cuidado e o bailarino atrapalhado, isso tudo nos anéis do planeta envergonhado.
dançava e patinava no gelo do anel, na esperança de encontrar o calor que não sentia no seu marido fiel. este que de muito suportar o solitário bailarino, partiu em busca de outro corpo masculino.
então, a solidão chegou em saturno, está que não mudava de turno ou estação e ficava por lá o ano inteiro tentando enlouquecer o bailarino aventureiro.
em um dia qualquer, depois de beber uma xícara de café, se assustou com uma batida no portão e foi correndo atender, na esperança de ser aquele que vai acabar com a solidão. deparou-se com um corpo alto e magro, um rosto pálido que aparentava mal cuidado, o ser era belo e não trazia nada mais consigo além de um pão de caramelo.
sentaram-se na mesa de madeira, dividiram entre si o pão, a companhia e o calor. sentaram no chão de madeira, este que tão velho rangia até com um simples passo, e se encaixaram em um abraço bem apertado.
o desconhecido, depois de se desmanchar naquele calor, sussurrou seu nome: "sou jeon jungkook, o pianista da canopus. mesmo com dedos fracos por falta de amor, pulmões corrompidos por falta de calor e piano velho por falta de fé eu vim aqui tentar tocar algo para te ver dançar. mesmo em canopus, pude lhe observar e vi que dançava, mas sem música do que ia adiantar? então, lhe ofereço meu talento para te ver fazer arte nesse lugar gelado."
animado, o bailarino aceitou, pegou suas velhas sapatilhas e na sala dançou ouvindo o pianista tocar. foram assim, uma, duas e três melodias apaixonantes, então se jogaram no chão à gargalhar, pois o pianista não errou uma nota sequer e o bailarino dançou até cansar os pés.
foram meses nesse ritmo. jimin, o bailarino, e jungkook, o pianista, já haviam se tornado um só. eram tão iguais que não havia dúvidas sobre eles serem alma gêmeas.
porém, um dia, o pianista fez as malas e disse ao outro que tinha de partir.
"tenho que ir, bailarino de saturno. meu lugar não é aqui, preciso ir a terra experimentar todos os variados cafés, tocar em todos os bares, conhecer novas alma gêmeas e, talvez, encontrar novos lares. lhe mandarei cartas e fotos de tudo que me lembrar de ti. um dia irei voltar, quero que me espere com um pão de caramelo, seus braços abertos e as sapatilhas prontas. eu sou aventureiro, mas também estou apaixonado, posso ir agora, porém um dia voltarei para te ter ao meu lado."
jimin, novamente sozinho, fez as malas e viajou para outros lugares, visitou sirius, bellatrix e até canopus para tentar se feliz.
então, quando voltou, ainda melancólico, tudo se esvaiu ao ver o pianista sentado na beira do lugar, com um pão de caramelo e um gato à ronronar. viu-se feliz, pois a única coisa que o fazia em si mesmo acreditar estava ali à lhe aguardar.
viveram juntos, um feliz para sempre, pois dança sem música e música sem dança não existe, por isso os meninos cósmicos só sentiam-se vivos quando tinham um ao outro.
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𝐂𝐀𝐍𝐎𝐏𝐔𝐒' 𝐏𝐈𝐀𝐍𝐈𝐒𝐓
Short Story• canopus' pianist. kookmin. numa cabana qualquer, longe da multidão, vivia um delicado corpo que queimava em solidão. sozinho, o bailarino, de nada servia, tentava, dançava, mas logo, caia. a pernas fracas por falta de amor, o pulmão corrompido por...