Quarenta e seis - Astoria

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- Moony... Moony... levanta!

O homem ergueu o corpo da cama, assustado. Esfregou o rosto, tentando entender o que se passava ao redor. Ao seu lado, o marido puxava os cabelos, como se estivesse louco.

- O que... o que aconteceu? Estou atrasado pra aula?

- Não, não. Só preciso de ajuda para calar a boca do maldito gato.

- Que gato?

- Tem um gato na nossa porta, miando há horas. Não ouviu? - Remus negou com a cabeça. - Seu sono é muito pesado. De qualquer forma, não quis te acordar assim que os miados começaram, por causa das aulas logo cedo. Aliás, por que tão cedo?

- Quanto mais cedo começa, mais cedo termina.

- Boa lógica. Agora vamos. Temos um gato para afugentar.

Remus destrancou a porta e encontrou um filhote preto sentado de frente para ele. O bichano miava, mas parou ao perceber a brecha para adentrar o aposento. Remus o seguiu, Sirius pulou para cima da cama, rosnando. Obviamente não gostara do animal.

- Temos que devolvê-lo ao dono, mas como saber quem é?

- Quem se importa? Só largue-o em um corredor bem longe daqui. Ou melhor! Jogue no Lago Negro - ouviu-se um miado impaciente. - Na verdade, afaste-se. Eu cuido disso.

- O que vai fazer?

Não houve resposta. Sirius se transformou em cachorro e parecia "levar um papo" com o gato. Um papo que não demorou muito. Logo estava de volta à forma humana, e não estava feliz.

- Não podemos nos livrar dele.

- Acabou de sugerir que eu o jogasse no Lago!

- Antes de saber que ele era da Eladora.

- Como é? Esse bicho irritante é da nossa filha?

- Aparentemente, sim. Vamos perguntar a ela mais tarde, mas por ora, ele quer leite.

***

Alguns diziam que a guerra começou oficialmente quando o retorno de Voldemort veio a público, outros, que ainda não começara. Eu dizia que começou depois das aulas, em um dia qualquer de setembro, quando fui convidada novamente à Casa dos Gritos. Naquela noite, tivemos outros conosco, James e Severus.

Sentamos ao redor de uma lanterna, eles falaram tudo sobre tudo e qual o meu papel em cada coisa. Tentei absorver o que diziam o quanto antes, mas era muita coisa.

- Entendeu tudo, Marotinha? - Remus perguntou, abraçando os joelhos cruzados.

- Acho que sim. Preciso fazer o quê mesmo?

- É só se infiltrar em cada canto e nos contar o que ouvir. - Sirius explicou. - Consegue fazer isso? - assenti. - Muito bem. James? Snape?

- Tome cuidado com qualquer um que se aproximar demais - James aconselhou. - Não sabemos quantos deles estão por aí.

A conversa encerrou-se nesse momento. James e Severus se levantaram e bateram a poeira das roupas, sinal de partida. Sem que ninguém além de mim percebesse, Severus "deixou cair" uma pasta preta perto de mim. Apanhei a pasta e escondi dentro do casaco. Meus pais continuavam sentados, ainda queriam falar.

- É o seguinte: ou você fica de olho no seu gato ou ele vira lanche de Padfoot. Fui claro?

Antes que eu respondesse, Remus disparou:

Marauders' heirOnde histórias criam vida. Descubra agora