Even:
Está chovendo lá fora, as árvores balançando com o vento em perfeita sincronia e eu aqui novamente desse mesmo jeito, sentado no chão do banheiro destruindo meu braço. Não sei como parar, suspiro enquanto vejo o sangue escorrendo pela minha mão e manchando o piso branco.
Eu não sinto nada, por que eu não sinto nada além dessa angustia irritante? Piada, eu não deveria estar assim, eu tenho um namorado incrível, uma mãe maravilhosa e um meio pai (por que ele quase não liga para a minha pessoa), me sinto egoísta por continuar dessa forma, por desejar estar... morto.Eu estou sozinho em casa, então nada pode me impedir de cumprir com meu desejo, mas por que não consigo? Inútil e fraco, nem para me matar sirvo. Penso nisso por mais um tempo, e fico com raiva, muita raiva.
Desci a lâmina de uma vez só, passei toda a frustração e angústia para o meu pulso judiado, um grande e fundo corte ficou visível. Me sinto tão leve, extasiado, eu não sinto nada além de paz, hum acho que sou feito de nuvem.
Olhei para a porta e meu namorado estava parado com os olhos arregalados me encarando, ele tinha acabado de abri-la, acho que ele bateu e eu não ouvi.
— O que está fazendo!? — Ele sussurrou engasgado enquanto andava e se ajoelhava na minha frente.
— Assim não dói Isa, não dói — murmurei colocando minha mão em seu rosto fazendo um carinho suave — Eu te amo tanto.
Suspirei sorrindo dessa vez, eu não tenho como descrever meu amor por ele, é como se todas as estrelas do mundo estivessem em sua volta, ele brilha tanto.
— Even eu também te amo, por que não me contou? — Ele começou a chorar sentido enquanto rasgava um pedaço da sua camiseta e amarrava em meu pulso aberto.
— Meu amor você não precisa se preocupar com isso, vai ficar tudo bem agora, não chora por favor — Minhas lágrimas começam a escorrer — Eu não quis te preocupar com algo bobo.
— São os seus sentimentos, eles não são bobos — Gemi de dor quando ele apertou o nó do pano em meu pulso.
— Tá apertado — Resmunguei baixo.
— É para ser apertado, você já perdeu sangue de mais.
É impressão minha ou ele tá falando mais baixos que antes? Que zumbido chato no meu ouvido, meu corpo está tão pesado. Minha visão começou a ficar turva, e a última coisa que eu ouvi de fundo foi meu nome.
- EVEN!
Isak:
Vi ele fechar os olhos, e senti meu coração doer. Gritei seu nome, não obtive nenhuma resposta, fiquei sem reação. O que faria? Eu sabia que ele iria desmaiar, mas foi inevitável o desespero, ouvi um movimento lá em baixo, os pais dele:
- TIA SIGRID, O EVEN PRECISA DE AJUDA!
Passos apressados romperam na casa silenciosa, quando eles apareceram na porta do banheiro imediatamente Jam correu para o meu lado chacoalhando meu namorado bruscamente.
— Filho acorda! — Sem resposta ele me olhou e pegou o Evan no colo, correndo para fora do banheiro, eu ainda estava imóvel no chão olhando o sangue do meu namorado em minhas mãos, Deus por que?
— Isak o que houve querido — Tia Sigrid me perguntou com a voz embargada me ajudando a levantar e lavar as mãos, depois me guiou para fora as pressas, onde Jam parou com o carro em frente a casa. Eu entrei atrás, ajustando um Even estirado no banco.
— Ela cortou os pulsos — Engoli o bolo na minha garganta colocando a cabeça dele em meu colo.
*Tempos depois*
Estava naquela sala de espera a mais de 2 horas e nada, nada de saber se ele está bem. Já tinha perdido as contas de quantas vezes eu tomei água para tentar me acalmar.
Tia Sigrid estava dormindo no ombro do marido, depois de tanto chorar, eu chorei junto com ela, Jam estava quieto e sério, não que isso seja grande coisa, por que ele vive assim desse jeito. Por agora estou preocupado, más quando ele melhorar vou espancar aquele moleque.
Estava sentado e inquieto balançando o pé freneticamente, olhei para o corredor, um médico estava vindo em nossa direção, glória! Ele tinha uma expressão neutra, e eu me perguntei, como ele conseguia cuidar de casos graves todos os dias, e mesmo assim não pirar?
— Acompanhantes de Even Besh Næsheim
Levantei tão rápido, que quase caí de cara no chão, me recomponho e vou até ele:
— Bem o estado de Even não foi nada fácil de reverter, ele perfurou uma veia e perdeu bastante sangue, a sorte dele é que vocês estancaram o sangue e tínhamos como fazer uma transfusão o quanto antes. Se tivéssemos que procurar alguém compatível provavelmente ele não teria chances de sobreviver.
Ao ouvir as palavras do médico senti tudo ficar desfocado a minha volta, e se não tivessem o tipo sanguíneo compatível com o dele? E se eu tivesse demorado mais para acha-lo? Eu o teria perdido para sempre? Voltei a realidade quando o doutor terminava de dar as devidas explicações do quadro de Even.
— Ele será transferido para um quarto daqui a uma hora, e então será liberado para visitas. Não o pressionem com perguntas ou com broncas. Agora mais do que nunca Even precisa de uma recuperação tranquila para não haver sequelas no seu estado emocional, irei tratar de encaminha-lo para um psicólogo o mais rápido possível. É só isso mesmo, depois venho dar mais alguns detalhes e libera-los para vê-lo certo?
Confirmamos e o médico nos lançou um olhar de compaixão, deve ser gratificante a sensação de salvar a vida de uma pessoa, vou ser eternamente grato pelo que ele fez.
Assim que olhei para sigrid, ela estava com lágrimas escorrendo, eu só fui perceber o estado em que eu me encontrava quando um soluço alto escapou, esse choro é puro alívio de saber que meu amor estava bem, porém eu só iria sossegar quando o visse em casa bagunçando com todo mundo como sempre, quando eu ouvisse da boca dele que ele está feliz e visse isso em seus olhos. Sigrid se aproximou de mim, limpou as lágrimas que eu deixava escorrer livremente:— Querido vá para casa, tome um banho, coma algo e durma um pouquinho certo. Só podemos vê-lo daqui uma hora, então vá e faça isso hun?
— Tudo bem, se eu não for a senhora vai brigar comigo né? — dei risada terminando de limpar os resquícios do meu choro.
—Sim sim mocinho. Não quero outro filho no hospital.
Nem preciso dizer que me emocionei com o que ela disse né? Senti meu coração aquecer de um modo tão bom. Lancei um sorriso cansado para minha sogra, e a abracei, dei um tchauzinho pro meu sogro e sai caminhando lentamente, mas com um alívio gigantesco...
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Continua docinhos!
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My little sweet (Evak)
Teen FictionOnde Even não sabe mais o que fazer para diminuir a angustia dentro de si e comete uma loucura. (Os personagens não me pertencem, foram retirados da série de televisão Skam, então, todos os direitos são reservados para eles. Lembrem-se que plágio é...