[3] Anger means airless

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13/10/2017 | 14:53 | 24 º C 

Taehyung ouviu e sentiu o celular vibrar em cima do balcão, fazendo com que ele desse um pulinho de susto. Felizmente, a loja estava deserta e ninguém estava ali para reparar no momento meio vergonhoso. Ele estava à horas encarando o mesmo problema de álgebra, sem conseguir elaborar nem ao menos uma linha de resolução.

Era uma mensagem. De Jimin.

Se sentiu um pouco mal quando revirou os olhos e bloqueou o aparelho, jogando-o novamente no lugar onde estava antes.

Não é que estivesse bravo com o namorado nem nada, mas o dia tinha sido especialmente irritante para caralho.

Primeiro, tinha brigado com Namjoon. Eram amigos desde infância mas isso não queria dizer que o outro toleraria o fato de Taehyung lhe dever dinheiro a meses. Dinheiro esse que era, pelo menos, quatro vezes a mais do que o moreno ganhava por mês.

Óbvio que ele ia pagar, só não sabia como.

Logo depois recebeu os resultados de um teste de geografia que tinha feito semana passada e é claro que ele tinha que tirar três pontos abaixo da média. Ganhou um olhar torto da professora, que já não simpatizava muito com ele, e mais uma recuperação no final do semestre.

Tentou matar a última aula, porque queria fumar uns cigarros com Yoongi na quadra de trás, mas o inspetor filho da puta pegou os dois e, por sorte, conseguiram se livrar de mais uma advertência. Pelo menos, Yoongi conseguiu esconder a maconha que iam usar para bolar dentro dos bolsos da calça antes que o velho ficasse próximo o suficiente para ver alguma coisa.

Seu estoque de paciência tinha se esgotado durante o dia e ele não aguentava mais o fracasso que se sentia.

De certo modo, conversar com Jimin trazia essa pior parte dele à tona. A parte inferior.

Ainda com o lápis batucando no caderno rabiscado e a cabeça no mundo da lua, ouviu o sininho da porta tocar, sinalizando que alguém entrava na loja.

Eunjae caminhou para dentro do estabelecimento, tirando o boné preto da cabeça e sacudindo os cabelos pretos curtos que iam até os ombros. Sorriu quando viu que era Taehyung ali.

— Não sabia que você ficava aqui de tarde também.

Taehyung conhecia a garota das infinitas festas de fraternidade que já tinha frequentado com os meninos. A garota também era conhecida por ser invicta nos jogos de pôquer e a melhor de todas no beer pong.

E, é claro, também tinha a beleza estonteante que ela exalava. Eunjae conseguia parecer uma modelo só com sua legging simples e jaqueta jeans.

— Infelizmente estou. O mesmo de sempre?

Ela fez que sim com a cabeça enquanto se debruçava no balcão e pescava o lápis dos dedos morenos do mais novo. Taehyung se afastou até as prateleiras atrás de si e pegou um pacote de chicletes de laranja, um maço de Malboro vermelho e uma cartela de Dorflex.

Quando voltou para o balcão e apoiou as compras na mesa, percebeu que ela rabiscava mais ainda o caderno dele.

— Ya, minhas anotações já são uma zona, não bagunce ainda mais!

Eunjae levantou os olhos e deu risada, o tipo de sorriso que faria garotos heterossexuais irem a loucura. Ela soltou o lápis e empurrou o caderno de aspiral para o menino que passava as coisas na caixa registradora.

— Estava resolvendo para você, seu otário.

Taehyung riu.

— Foi mal, não sabia que ginastas eram boas em álgebra.

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