Capitulo 9

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Ana

Lara me levou em uma lanchonete no centro da cidade, um lugar bastante aconchegante. Comemos uns sanduíches enormes, com batatas fritas

Conversamos sobre a escola, rimos de alguns professores malucos, como o Pascoal. Eu não conseguia deixar de olhar pra ela. Era como se os olhos delas me prendessem em algum tipo de armadilha mortal.

-- Então Ana... Onde estudava antes vir pra cá? - Perguntou Lara apoiando os cotovelos no encosto da cadeira e me olhando em seguida.

-- Hãm... Estudava em um colégio no interior, onde morava com a minha tia. - Coloquei uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

-- E a sua mãe? - Ela continuou me olhando.

-- Me mudei no final do ano passado justamente pra ficar com ela... Depois que o meu pai morreu ela começou a se sentir muito só. - Respondi baixando o olhar e tentando não me sentir triste.

-- Desculpa, não sabia... - Disse ela cincera.

-- Tá tranquilo! Já passou... - Dei um sorriso tímido pra ela.

-- Mas, me conta mais sobre você... - Ela fez sinal pra uma garçonete e levantou o copo de refrigerante vazio pra ela ver. Imediatamente a menina foi pegar outro.

-- Hãm... O que você quer saber? - perguntei dando de ombros.

-- Tudo! - Respondeu ela me olhando profundamente!

Puta que pariu! Porque ela tinha que fazer isso comigo?

-- Bem... - Comecei um pouco nervosa. -- Tenho 17 anos, gosto de música eletrônica e um pouco de Soul... - Lara ergueu as sobrancelhas com ar de surpresa. -- Hãm... sou apaixonada por livros! A melhor comida que eu já comi foi feita pela minha mãe. Ela é uma excelente cozinheira. - Falei com um pouco de orgulho!

-- Minha cor favorita é branco. Não gosto muito de moda e nem de usar tanta maquiagem como as outras garotas... Até porque acho tudo isso muito superficial, gosto do natural mesmo.

Lara não tirava os olhos de mim, prestava atenção em tudo o que eu estava falando. Então continuei.

-- Hãm... Não tenho muitos amigos, e as vezes sou bastante desastrada, sabe?! - ri meio sem jeito.

-- Tenho também um trabalho de meio período como babá. Não ganho muita coisa, mas pelo menos da pra comprar algumas das coisas que eu gosto. E... Bem, acho que é só. Nada interessante...  

Terminei de falar com um sorriso, timido no rosto. Lara permaneceu em silêncio. A garçonete se aproximou trazendo dois copos cheios de refrigerante e colocando na nossa frente. Eu agradeci e em seguida ela deu as costas e saiu.

Lara pegou o copo e tomou um longo gole do seu refrigerante. Ela tinha uma expressão de indiferença no rosto, e acabei concluindo que eu era realmente uma garota nada, nada interessante! Fiquei um tanto magoada.

-- Uau! - Disse ela por fim, me fazendo levantar a cabeça e olha-la surpresa!

-- Você é... Toda contrária a mim! Eu não sou nem metade de você, não tenho esses mesmos gostos, é muito raro eu ler um livro ou curtir a comida que a minha mãe faz, até porque ela nem cozinha... Eu não trabalho, na verdade meu pai é quem me banca e faz todos os meus gostos... Tenho vários amigos, em praticamente a cidade inteira. Gosto de festas, farras, de encher a cara, ate ficar bêbada,  namorar e... voltar pra casa só de manhã quando o sol está surgindo! - Ela me olhou e continuou.

-- Eu sempre achei que a minha vida era interessante. Os meu amigos sempre falavam as mesmas coisas... Mas olhando pra você é como se você fosse a coisa mais surpreendente, fascinante, intrigante e misteriosa que eu já vi! E eu seria uma imbecil se não achasse você a pessoa mais interessante que eu já conheci.

Eu olhava pra ela atônita! Quando ela começou a falar pensei que não tivesse gostado de mim, é que no fim estava me dispensando por isso. Ela continuou me olhando daquele jeitinho lindo dela.

-- Posso perguntar uma coisa?

-- Pode, claro! - Balancei a cabeça afirmando.

-- Você tem namorado? - Soltou ela de uma só vez agora com a voz bem mais rouquinha do que o normal. Caralho!

Fiquei completamente vermelha. Ela percebeu e assumiu uma expressão divertida no rosto.

-- Namorado? Não! - Neguei balançando a cabeça.

Ela então debruçou um pouco mais sobre a mesa, inclinando a cabeça, chegando bem mais perto do meu rosto.

-- Namorada? - Falou ela com a voz ainda rouca.

Puta que pariu! Se a intenção dela era me seduzir, então ela estava conseguindo.

-- Também não... - sussurrei, respondendo, sem tirar os olhos dela.

Ela encostou um dos seus dedos na minha mão. Inevitavelmente eu olhei pra boca dela. E que boca! Minha vontade era de pular aquela mesa e beijar aqueles lábios carnudos! E meu Deus do céu,  como ela conseguia ser tão linda assim...?

-- Que sorte é a minha... - sussurrou ela de volta, com um sorriso que me fez perder o ar!

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