For The Love

Capitulo 2

Se passaram 4 semanas de interação silenciosa. Kara havia variado nos envios: cafés, cookies, cupcakes. A morena parecia feliz em recebê-los, se as ligeiras espiadas da outra fossem alguma direção a seguir. Além de olhares e sorrisos por parte da mulher ao balcão e acenos de cabeça tímidos da loira, elas não trocaram uma palavra sequer. Era uma relação completamente não intencional, Kara apenas ficando feliz em poder apreciar a companhia, mesmo que distante, da moça.

Era a vigésima vez que se encontrariam 'por acaso' madrugada a dentro, e dessa vez a loira sentiu que havia alguma coisa errada. A outra estava cabisbaixa, mais quieta que o normal, chegando a ficar um pouco encolhida na cadeira. E como um ritual sagrado, Kara ordenou seu pedido junto com o café forte da outra, torcendo para que talvez algum estímulo da bebida seria de bom proveito.

Ela não sorriu nessa madrugada. Pelo contrário, ela chegou a bufar quando percebeu a xícara em sua frente. Usava um vestido solto, ainda sim preto, e enrolava com certa pressa a bainha do tecido. Parecia insegura, assim como um criança que não sabe ao certo se pode ou não fazer algum movimento perto do olhar atento de seus pais. Puxando uma grande quantidade de ar aos pulmões, ela tomou o celular em uma das mãos e a xícara noutra, andando em passos vacilantes em direção á mesa em que Kara estava sentada.

A respiração da loira a traiu. Em 10 anos de trabalho, isso nunca havia acontecido. Nenhuma situação era assustadora ou inesperada demais pra que ela ficasse vacilante. Exceto a aproximação de uma mulher bonita, aparentemente. Não que isso fosse uma novidade para ela, na marinha ela havia convivido com mulheres muito bonitas e atraentes. Mas essa mulher á sua frente, ela havia pegado-a de surpresa.

Kara nunca havia estado em um relacionamento. Ela tinha se envolvido sexualmente com alguns companheiros de trabalho anteriormente, levando em consideração que algumas de suas missões levaram 6 meses pra serem concluídas. Era tempo demais para se ficar em reclusão e não sentir as necessidades carnais de todo o ser humano. Porém, em relação á sentimentos, ela nunca havia sentido nada antes.

'Eu tô quebrando alguma regra aqui?' A mulher disse tímida, tirando a outra de seu torpor momentâneo.

Se possível, ela era mais bonita agora vista de outro ângulo. Kara precisou tirar uma respiração rasa, aqueles olhos verdes e aquela pele muito branca haviam tomado todo o ar que ela tinha respirado. A loira havia registrado sua voz também, num tom calmo e baixo que a faria acreditar em qualquer coisa que fosse contada a partir daquele segundo.

'Não, sinta-se á vontade' Kara indicou á sua frente.

Deixando cair a xícara na mesa e sentando acanhada em seguida, ela imitou à disposição dos objetos da loira, colocando seu celular e fone á frente das duas. Tomando um gole grande do café ela suspirou, fazendo a outra saber que essa seria uma conversa com silêncios prolongados e verdades não ditas.

'Camisa bonita'

A loira alisou rapidamente o material á frente do seu corpo, agradecendo e sorrindo em seguida. Era uma coisa dela, usar camisas. Era muito mais pratico e mais bonito, uma saída fácil quando se usava um colete aprova de balas por baixo. Não que ela estivesse usando um agora. Mas ela poderia e estaria confortável.

Kara registrou todos os movimentos dela. Os dedos da mão esquerda batendo ritmados no pires. A mordida sutil no canto direito da boca, o olhar impreciso em todos os lugares e voltando para si. Ela percebeu a cicatriz no supercílio direito, a boca com um batom vermelho que combinava com o tom de sua pele e a falta do uso de um sutiã.

Ela não queria invadir a privacidade da mulher á sua frente, ela nem sabia seu nome. Mas era tão rápido que ela não conseguia controlar. Era uma extensão de si, olhar para todos os pontos ao mesmo tempo em alguns segundos. Ela tentara perder a mania, praticando com James e Winn no trabalho, mas isso só a trouxe mais informações do que necessário.