"Que a vida que eu vivi sem você
Eu quero desviver"
- Sandy (Nosso Nó(s))
"Dr. Alexandre, por favor dirigir-se ao quarto 312. Dr. Alexandre, favor dirigir-se ao quarto 312. É uma emergência".
Eu estava saindo do consultório quando meu nome foi anunciado no alto-falante do hospital. Meu coração disparou. O quarto 312 era o dela. A última vez que eu tinha sido chamado para aquele quarto em questão de emergência quase a tinha perdido.
Sem pensar muito sai correndo pelos corredores do hospital recebendo algumas reclamações de pessoas pelo caminho. Nem liguei eu precisava chegar logo lá em cima.
Parei em frente ao elevador que estava no 8º andar, apertei o botão de chamada que se acendeu, no entanto não houve nenhum movimento. Elevador de hospitais demoram, eram médicos, enfermeiros e pacientes transitando por 12 andares, sem contar com maqueiros e pessoas em cadeiras de roda. Pressionei o botão com mais afinco na esperança de que isso fizesse o elevador se mover mais rápido. Nada. Eu não podia perder muito tempo, me encaminhei para as escadas e fui subindo os degraus de dois em dois tamanho era meu desespero.
"Por favor Deus, não permite que eu a perca de novo. Eu não suportaria." Rezei, eram apenas três andares, mas um caminho nunca pareceu tão distante de percorrer quanto aquele.
Ao chegar em frente ao quarto vi a porta aberta, entrei desesperado e estanquei.
Seus olhos eram uma mistura de castanho e verde, uma mistura inusitada, poderia até ser estranha em outras pessoas, mas que nela ficava perfeito. Foi a primeira coisa que notei assim que entendi o que estava acontecendo. Era a última cor que eu pensaria para aqueles olhos. Combinavam perfeitamente com seus cabelos loiros escuros que em certos momentos poderiam ser confundindo com ruivo o que trazia maior profundidade a sua beleza.
Senti uma mão tocar meu braço e com isso voltei a realidade, havia outras pessoas no quarto. Minha amiga Alice, também médica, estava ao meu lado sorrindo ao lado de outros médicos e enfermeiros que faziam parte da equipe que cuidavam dela.
Olhei para Alice.
- Faz pouco mais de 5 minutos - ela respondeu. Provavelmente entendendo a pergunta em meus olhos.
Há quanto tempo ela havia acordado? Olhei em seus olhos novamente. Eles me encaravam com um misto de espanto e curiosidade. Engoli em seco. Receber a atenção dela era tudo o que eu queria e o que mais me aterrorizava.
-Como ela..
-Está tudo bem. Fizemos os primeiros exames e aparentemente está tudo bem.
Soltei a respiração que até a pouco tempo não sabia que estar presa.
-Alguém pode me dizer o que está acontecendo? - era a primeira vez que a ouvi falar, e já podia dizer que o som de sua voz se tornaria minha melodia favorita. No entanto, essa pergunta trazia vários problemas.
-Ela não..?
-Não. - Alice disse e pude perceber em seu olhar que muitos problemas surgiriam.
7 meses atrás.
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- Doutor... doutor, vamos declarar.
- Não! 350. Afasta! - Eu não queria desistir. Não podia desistir. Se eu me permitisse desistir seria como perder uma parte de mim.Olhei para o visor, nenhuma resposta. Não, não, não...
- Hora da mort...
Não, não, não...
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Nosso Nó(s)
RomanceE se um belo dia você acordasse com uma nova vida, ou melhor, sem uma vida. Ela acordou num quarto de hospital sem saber o que havia acontecido ou quem era. Sua vida passada era um total desconhecido. Sem saber o que havia acontecido tudo o que tem...