Secrets

If I'm lucky

I think I was blind before I met you; 
I don't know where I am, I don't know where I've been, but I know where I want to go.

Mais um dia no Brasil, mais um dia de trabalho. Dessa vez, eu participaria do "Programa do Faustão", um programa de TV exibido em rede nacional.
Estava no meu camarim, terminando de me vestir, até que escutei alguém bater na porta.
- Ô louco, bicho! Prazer em te conhecer, Tom! — Era o apresentador, me me deu um aperto de mão firme.
Sorri, sem deixar de notar como seus olhos castanhos eram intensos.
Nosso aperto de mão durou mais que o necessário, percebi porque ele ficou sem graça. Acho que acabei me perdendo no seu olhar.
Senti minhas bochechas queimarem, então decidi falar algo:
- É muito gratificante estar aqui! Obrigado pelo convite, Fausto... — Sorri, ainda sem jeito.
- Então... nós vemos em breve! — disse ele, saindo do camarim e fechando a porta.
Por um momento, me senti estranho, mas resolvi me concentrar e esfriar a cabeça.
Todos os dias eu e Laura gravamos algum programa durante nossa passagem pelo Brasil, mas dessa vez seria diferente, era só eu e o apresentar num programa de auditório.
Me senti estranho, um pouco nervoso e sem saber como agir. Por um momento, eu não me reconheci.

***

- E lá vem ele, o nosso Homem-Aranha! Tom Holland, meu! - O apresentador disse, dando minha deixa para que eu entrasse em cena, acompanhado de apluasos. 

- Olá, Brasil! - Eu disse, animado. Nunca tinha visto um auditório tão cheio antes.

Enquanto andava na direção de Fausto, não pude evitar de olhar para seus olhos, intensos e de um castanho profundo.

- Conta pra galera de casa, como foi estrelar o homem-aranha? - Ele perguntou, sorrindo.

Não pude evitar e sorri também. O sorriso daquele homem era contagiante, senti até meu coração acelerar, ao mesmo tempo senti uma calma percorrer meu corpo, me senti em casa.
Não consegui parar de fazer contato visual, seus olhos chamavam os meus.

***

Ao final da entrevista, que por sinal foi bem divertida, voltei ao camarim. 
Meu irmão, que estava na platéia, veio logo atrás, encostando na mesa que havia ali:

- Por que você ficou estranho durante a entrevista? - perguntou.

Estranho? Achei que tivesse me saído tão bem.

O coração acelera mais uma vez.

- O que você quer dizer?  - Sento, bebendo uma garrafa d'água.

- Sei lá, você me pareceu estranho - ele me olhou, um tanto desconfiado, com um riso de deboche, mas fingi não notar.

Joguei uma almofada nele e decidi dar uma pesquisada sobre Fausto, achei que talvez pudesse encontrar algo no Google e, de fato, existia muita informação sobre ele.

Me corpo era só euforia.

Meu tradutor entrou no camarim, avisando que deveriamos ir embora, já que o programa demoraria algumas horas para terminar e não havia muito o que fazer ali.

- Mas não vamos nos despedir do Fausto? - Perguntei, quase cuspindo as palavras.

Seria meio deselegante, não?

- Não vai dar tempo, você e Laura tem outra gravação ainda hoje - Lembrou-me.

Então apenas saímos do estúdio e entramos na van, rumo ao hotel.

Sentei perto de Gustavo, o tradutor, pois queria fazer uma pergunta, mas não queria que ninguém escutasse.

- Você sabe quem pode contatar o Fausto? Gostaria de aproveitar e almoçar, você sabe, com alguém mais experiente, fazer contatos no Brasil, o público aqui é ótimo... 
- Ótima ideia, Tom! Posso falar com o pessoal sim, você quer ligar pra  ele pessoalmente ou posso pedir ao seu produtor pra fazer contato?

Eu não sabia o que responder, não queria que ficasse tão óbvio. Todo mundo ali sabia da minha sexualidade, mas querer sair com um homem mais velho e casado, talvez não fosse muito bom.

O que? Eu disse sair com um homem mais velho e casado? Não foi isso o que quis dizer, eu não sei o que eu quero dizer. Merda!

- Se você conseguir o número, eu ligo do hotel - tentei parecer desinteressado.

***

Naquela noite, aqueles olhos castanhos dominaram meus sonhos, foi difícil de acordar.

***

Era cedo, e eu já estava com o  telefone de Fausto em mãos. Gustavos tinha me passado por e-mail na noite anterior. Pensei em ligar e marcamos um almoço, já que esse seria um dos meus poucos dias sem trabalho por aqui.

Disquei;

Começou a chamar.

- Bom dia! - Alguém atendeu, era uma voz feminina.

- Olá, gostaria de falar com Fausto Silva? - O coração só faltava pular

Por alguns segundos, tudo o que eu ouvi foi silêncio.
- Alô? - Era ele!

- Aqui é Tom Holland, bom dia! - me segurei para não tremer a voz - Liguei pra dizer o quanto gostei de participar do seu programa, foi muito legal!

- Que isso, meu! Muito obrigado! - Pude perceber que ele sorriu no outro lado da linha 

- Estou com o dia de folga hoje, gostaria de almoçar? - Perguntei, tentando ser mais direto, ainda inseguro - Seria bom sair com alguém que também trabalhe com o público...

- Tenho um comprimisso mais à noite... - Ele pausou - Mas sim, já ouviu falar no Bagatelle? Ótimo restaurante!

- Não, mas acredito na sua recomendação! Meio-dia e vinte na entrada?

- Combinado! Bom dia, Tom! - E desligou.

Afundei meu rosto no travesseiro, sentindo as bochechas queimarem de novo.

Era isso, afinal, um encontro? 

***

Escolhi as melhores roupas que eu tinha e ainda não havia usado, incluindo minha blusa social favorita. 

Acabei chegando quinze minutos mais cedo, já pegando uma mesa que meu agente conseguiu reservar para nós, e outra para dois seguranças.

As horas no relógio pareciam não passar, minhas pernas não paravam de se mexer, a ansiedade já batia na porta, então, eu olhei para a recepção, tudo pareceu se iluminar. 

Era ele, com uma blusa social com o mesmo tom da minha, calça jeans e um cinto. É engraçado, quando alguuém é charmoso, tudo parece cair tão bem naquela pessoa.

Respirei fundo e levantei, para comprimenta-lo.

Continua...