Nunca Desista

2 1 0
                                    


Me vi no chão, com meu coração perfurado e meus pulsos sangrando, mas de alguma maneira eu permanecia vivo. Ou não? Talvez estivesse no céu, porém, julgando pela aparência do lugar, parecia que eu estava no purgatório. Me levantei e percebi que estava em meio das árvores e comecei a andar, manchando a terra do local de sangue, deixando um rastro meio bizarro, como se tivessem assassinado alguém por ali, mas eu não me importava, não me sentia vivo nem morto, apenas vazio.

Algo me levava a andar sem parar, sem me cansar, mas fui andando e andando até encontrar um riacho, estava tudo escuro, mas eu enxergava tudo perfeitamente ali, apenas pela luz da lua. Ao ver a água correndo e o reflexo do nosso satélite nela, me vi hipnotizado, ali havia algo precioso que me chamava atenção, a calma.

Olhei para o meu lado e vi que ajoelhado no chão, na beira do riacho, olhando para a água, assim como eu, havia um garoto e aquilo me pareceu tão normal que não disse nem mesmo uma palavra a ele, só aproveitei a sua presença.

Me senti seguro naquele momento, sabendo somente respirar, sem pensar e olhar meu rosto no espelho cristalino. Infelizmente isso não durou muito, pois meu sangue escorria pela água e ele percebeu a mudança na coloração da mesma ao tocá-la, vendo meu líquido vermelho em suas mãos, ele se assustou e me olhou rapidamente confuso.

Fiquei parado, sem dizer nada, sem fazer nada. Ele se levantou e veio até mim, me olhando nos olhos, parecia preocupado, pegou meus braços e me olhou triste.

— Por que fez isso? — Ouvi sua voz falhar, como se realmente se importasse.

Permaneci em silêncio, sem saber o que falar, engolindo seco. Ele me olhou sério e decepcionado, me fazendo sentir um aperto no coração, seus olhos brilhavam e deles saíram lágrimas, que escorreram por sua bochecha, não aguentei ver aquela expressão e limpei a gota com meu dedo, deixando minha mão repousada sobre o seu rosto e seus olhos fecharam, aparentemente ele apreciava meu toque. Eu o abracei, manchando sua blusa branca de vermelho escuro, mas ele não pareceu se importar.

— Eu... — Quando eu ia finalmente abrir minha boca e soltar uma frase, simplesmente vi tudo preto e senti falta de ar, abri meus olhos e me vi numa cama de hospital. Escutei vozes misturadas e senti tudo rodar, achei que estava acontecendo finalmente, o fim do mundo, mas não.

"Ele acordou, o Chanyeol acordou!"— Diziam as pessoas, emocionadas. Eu não sentia meu corpo, mal conseguia mexer meus dedos, olhei meus braços vendo todos aqueles cabos ligados a mim.

Os sorrisos embaçados, a luz incomodando minha visão, tudo confuso. Minha mãe veio até mim, apertando minha mão.

— Filho... Pensei que não voltaria mais para mim. — Ela chorava, com um sorriso estampado no rosto.

— O que? — Perguntei desnorteado.

— 2 meses... — Ela não sabia por onde começar.

— Hm?... — Cada vez mais confuso, comecei a tentar me concentrar.

— 2 meses que você entrou em coma por tentar suicídio... — Senti um aperto enorme ao ver ela tão mal.

— Per... Perdão, mãe... — Era só o que eu conseguia falar naquela hora.

— Chan, sinto muito por dizer isso, mas o Baek não voltou... — Senti como se fosse atingido por um tiro.

— O que ele fez? — Tentei me soltar dos aparelhos e me levantar, mas ela não deixou, então olhei para a cama que estava no canto, vendo meu Baek, com sua expressão triste, desacordado. Foi aí que me lembrei de tudo.

Ele disse que iria embora, então eu decidi ir, mas ir de verdade. Depois de pedir para que ficasse e não ser atendido, fui fraco, fraco em desistir tão fácil, de me deixar levar pela dor e angústia, mas agora enxerguei que eu deveria correr atrás dele, mas já era tarde demais. Me lembro de pegar todos os meus antidepressivos em minhas mãos e tomá-los, todos de uma vez, lembro-me também da minha fraqueza e meus olhos fechando, sentindo um sono que nunca havia sentido e ali, naquele momento, no chão do meu quarto eu caí, apagado.

Agora que percebi o que fiz, o que fui capaz de fazer, eu realmente queria tentar aquilo novamente, mas eu não tentaria, por ele. Não fui capaz de tentar, de abraçá-lo e dizer o quanto eu o amava, eu apenas desisti, como sempre fiz. Nunca me perdoei por aquilo, nunca vou me perdoar.

Sou um garoto perdido, perdido nos sonhos que tenho com ele, somente neles sou feliz, por um breve momento. Mas eu estou aqui para dizer para não deixarem o amor de vocês escapar e seja forte, se ama ele, ela ou mesmo elx, não deixe seu anjo escapar dos seus braços, cuide dele, lute por ele e não deixe nada ruim te dominar, pois você consegue.

Não deixe ser tarde demais como eu deixei, pois talvez acorde sozinho no mundo e terá a culpa nas suas veias, de ter levado seu amor a morte por puro medo de se arriscar e tentar novamente, assim como eu. Acordei, mas ele dormiu, dormiu pela eternidade por ter pensado que tinha me perdido por completo.

Lembre-se: para tudo tem uma solução, apenas não para a morte, então não desista, nunca!

Don't Give UpOnde histórias criam vida. Descubra agora