Olá

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Olá, tudo bem? Nasci em Salvador, BA - Brasil, com 18 anos fui para Massachusetts, EUA, aos 26 Londres, Inglaterra, com 32 voltei para minha terra natal, porém fui morar em Porto Seguro. Hoje estou escrevendo esta história do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, Minas Gerais e venho contar a minha história de como vim parar nesse lugar.

Meu nome é Ana Dahmer, tenho 42 anos e matei três pessoas.

Vamos do início, farei um breve resumo: tudo começou quando nasci, meu pai... bem, quem é o meu pai? Ele abandonou eu e minha mãe assim que completei três meses! Três meses na barriga de minha mãe. Aquele desgraçado, estragou a vida de minha mãe comigo, ela tinha 16 anos quando vim para o mundo, ela não tinha ninguém, irmãos, familiares, amigos, era apenas eu e ela, a própria fez o parto. Por pelo menos 4 anos vivemos na rua, então ela me disse "Filha, agora que está grandinha já pode trabalhar, mas só fará isso nessa sinaleira (apontou para a sinaleira do Iguatemi, era um local muito movimentado de Salvador). Mamãe confia em você, eu irei pelos coletivos pedindo, no fim do dia nos encontramos aqui, ta bom?". Foi daí que comecei a aprender as malandragens, ver como as pessoas são um bando de animais miseráveis no cio pelo dinheiro, milhares de pessoas passavam por aquela sinaleira, na maioria a ambição podia ser vista pelos olhos, além dos diversos que ofereceram uma entrada grátis para uma nova vida, esses me olhavam como se eu fosse a caça do dia. Como sempre fui esguia aos 4 anos eu já tinha 1,35 metros, meus cabelos eram castanhos escuros cacheados, porém só viviam presos e coçavam constantemente... por dois anos fui pedinte, mas eu não dava todo dinheiro que ganhava a minha mãe, moedas de 5, 10 e 25 eu guardava sem ela saber, até que juntei cerca de 20 latas de leite, totalizando 6 mil reais, nunca vi mamãe tão alegre "Vamos sair dessa vida miserável, minha filha, vamos!!" e chorava de soluçar. Alugamos um kitnet no centro da cidade, 300 reais, era mobilhado, então pela primeira vez na minha vida eu tive uma janta espetacular, Deus deu o dom de cozinheira a mamãe, naquela noite ela fez uma lasanha, eu nem sabia que lasanha existia, quanta alegria, só fazíamos sorrir. Mamãe começou a fazer bolos e eu ia ou entregar ou vender pela rua, estabilizamos nossas vidas, então aos 8 anos conheci a escola, eu era muito alta para a alfabetização, mas não sabia nem ler, nem escrever, apenas calcular, minha mãe me ensinou a fazer cálculos com 4 anos, para ninguém roubar a gente, como sempre tive facilidade em aprender, em 2 anos fui para minha turma normal, a 4 série. Aos 10 anos eu já tinha o corpo desenhado, os peitos e a bunda começaram a sair e os meninos a mexer comigo, até que um me roubou um beijo, eu apenas joguei a cadeira nele, ninguém do colégio mexeu mais comigo. 

Tudo estava se encaixando, de manhã eu ia para o colégio, mamãe fazia os bolos, a tarde eu ia fazer as  entregas e quando terminava ia para a quadra assistir os jogos de futebol, passei 4 meses indo direto assistir, até que Leo, um menino alto, moreno, veio falar comigo, Leo foi meu primeiro e acho que talvez único amigo, me convidou para jogar e descobrir que eu sabia fazer aquilo, fui idolatrada na quadra até me mudar. Mas calma, antes, aos meus 11 anos, conheci o novo e maravilhoso namorado da mamãe, não simpatizei, eu não simpatizava com ninguém na verdade, sempre achei que o mundo era eu e minha mãe, uma pela outra e só, porém ele a enchia de presentes e a mim também, o nome dele era Lionel Dahmer, daí que veio o meu sobrenome, ele se dizia do EUA e que nos levaria para lá, só que ele nos levou para o inferno antes, por um ano ele foi aquele namorado dos sonhos e pediu minha mãe em casamento, eu achei que era muito cedo, mas mamãe estava apaixonada, como não? Um homem alto, loiro, dos olhos azuis, parecia um príncipe da Disney, só parecia... fomos morar todos juntos no casarão dele em Patamares, pelo que eu entendi, ele tinha muito dinheiro e uma empresa, estava para abrir uma franquia aqui no Brasil e quando viu mamãe no mercado, uma morena de 1,72 metros, cabelos negros na cintura com aquele sorriso largo não resistiu, casou com mamãe depois de um ano, pôs o nome dele em minha identidade e se dizia meu "pai", desgraçado! Enfim, matei-o quando completei 15 anos, mamãe morreu depois de dois anos de câncer, então eu tinha 17 anos e uma grande, enorme herança nas costas. 

Aos 18 anos viajei para Massachusetts, EUA. Para casa do meu falecido e amado pai, só que não, mas era isso que as pessoas pensavam, vendi todas as propriedades dele do Brasil e tinha um sonho de morar em Miami, andando pela praia vi um grupo de amigos, fui falar com eles, a única coisa boa que Lionel me fez foi me ensinar inglês, eu era totalmente fluente, fui até a roda de amigos e expliquei a eles que eu era do Brasil e estava procurando uma casa pela praia para comprar, se eles conheciam uma, Noah e Sam se ofereceram para me mostrar a cidade, Noah tinha cabelos negros e lisos, era alto e forte, dizia ser o capitão do time de futebol e Sam tinha altura mediana, era líder de torcida, uma típica norte americana, loira, porém os olhos eram castanhos escuros, quase preto. Peguei o contato deles e depois de 5 meses comecei a namorar com Sam, com 2 anos casamos e com 5 anos matei-a.

Oh, todos sentiram pena de mim, pobre viúva, por dentro eu sentia apenas triunfo e glória, completei 26 anos e fui para Londres, onde lá conheci Liam, era um homem de muito dinheiro e prestigio, conheci em um bar bem frequentado, fiquei dois anos tentando firmar um relacionamento com ele, quando completei 28 anos, ele me presenteou com um jardim imenso de rosas e um pedido de casamento. Liam tinha a minha altura, cabelos com uma mistura de cor estranho, era ondulado e batia nos ombros, olhos verdes, ele não merecia estar nesse mundo, com 3 anos morando juntos, matei-o. Foi o mais gostoso de matar, eu estava amando aquilo.

Passei mais um ano em Londres, onde conheci Lara, nada pode estragar mais as coisas do que o amor, eu me apaixonei por Lara, sentia vontade de matá-la constantemente, queria sentir aquela sensação de novo, porém eu não queria perde-la. Ela estava voltando para o Brasil, no outro dia comprei uma passagem no mesmo avião que o dela, coincidência? Foi o que ela pensou, já de volta ao Brasil, agora em Porto seguro, comprei uma casa perto da praia e de um lugar conhecido como "Ponte do Álcool", encontrava Lara todo fim de semana por lá, depois de 3 anos começamos a ter encontros, meu Deus, eu a amava demais e precisava te-la, dois anos depois a pedir em casamento. Lara foi o ápice da minha queda, ela fazia coisas que me deixava nervosa ao ponto de querer explodir tudo, mas nunca conseguia pensar em algum jeito ou alguma forma de matá-la. Eu a amava como nunca amei antes, queria prende-la em uma jaula e só eu a veria pelo resto da vida, porém ela tinha uma família grande e poderosa, nada fora simples com Lara. Quando completei 38 anos, vi homens todos de branco entrando na casa, me vestiram uma camisa de força. Fui condenada a viver pelo resto da vida em um hospital psiquiátrico, sem conseguir o que eu mais queria, o que eu mais quis, o que ainda quero: Matar o amor da minha vida.

  

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