O que pensas à noite?

Pensamento VI

C. , no tempo do colégio (ensino fundamental maior), andava desajeitada; era tímida; seu rosto ficava da cor de um pimentão em qualquer situação constragedora e seus colegas a consideravam uma nerd, apesar de se esforçar em seus estudos.

Ela tinha uma amiga chamada L.P. com quem tanto andava. Era muito extrovertida, que nunca deixava passar nada; não temia os professores; não se importava com o que seus colegas falavam dela, inclusive sempre dava uma ajudinha para C. em questões envolvendo paqueras.

C. tinha uma "quedinha" por um garoto com nome de D. C. que era tipo o garanhão e bonitão da escola - era como se você imaginasse aqueles garotos de escolas americanas trajados de roupas de times cercado de um grupo de meninos e considerados os que "mais ficam com meninas" - exatamente o são com eles. Como L.P. já sabia que C. tinha interesse nele, decidiu dar aquela "forcinha".

Uma vez durante o recreio, L.P. pôs seu plano em ação, gritou bem alto: - Aqui! Ele que estava a uns metros de distância delas e apontava para a cabeça de C. para que ele a visse - sendo que L.P. já havia dito anteriormente a ele que ela queria ficar com ele. Desse modo, ele possivelmente não deu para notar se ela estava com o rosto "vermelho".

Do momento que isso aconteceu, C. tinha saído envergonhada para a sua sala, que não ficava longe dali .

Anos depois, tendo ele passado para o Ensino Médio e C. ainda estava no ensino fundamental, não mais se viram.

Cinco anos mais tarde, as amigas novamente se encontraram e reviveram a época do colégio, que para elas foram os melhores tempos.

Meses após esse reencontro das amigas, C. sonhou com uma situação semelhante àquela que acontecera no colégio. Todos já adultos, estavam em uma sala da sua antiga escola, D.C, L.P, ela e outras pessoas cujos rostos não dava para distinguir. A sala estava escura e a pouca luz que entrava dava para visualizar D.C. e L.P. sentados. Quando entrou na sala, ele pousou os olhos sobre ela, e viu que estava mais bela e, por esse motivo ficara surpreso. Então, ele havia perguntado o que agora ela fazia da vida, e C. respondia a ele com tom baixo e calmo, mas com aquele ar tímido de sempre, que não podia ser percebido por causa da escuridão do local, e ela achava ótimo o ambiente se encontrar daquele modo. Minutos depois de um tremendo silêncio, L.P. havia dito para D.C.: - Ela já tem namorado. Mas, as duas sabiam que isso não passava de uma grande mentira. Ao saírem, todos se despediram, inclusive D.C. e C. trocaram algumas palavras.

Tudo não passou de um sonho,mas para C. foi mágico aquilo retornar em seus pensamentos, por que o passado, às vezes, nos mostra lembranças boas e divertidas, às quais devemos guardar com carinho. No dia seguinte, ela mandara mensagem para L.P. e falara a respeito do sonho da noite passada, o que gerou muitas risadas.