Ok.
Eu consigo fazer isso.
Eu consigo fazer isso.
Será como qualquer outro dia.
Apenas preciso manter minha cabeça abaixada e continuar andando.Essas são as palavras que rodeiam a mente de Castiel todos os dias quanto abre os olhos. Esse é o método que ele encontrou para se manter de pé às seis horas em ponto, assim que os primeiros vestígios de raios de sol entram pela janela de seu quarto. É o mantra que o goroto vem repetindo para si desde que fora diagnosticado com transtorno obsessivo compulsivo a dois anos atrás. Portanto, esse não é qualquer mantra. É o mantra de Castiel, o qual ele não viveria sem. Do contrário, algo terrível iria acontecer-lhe se por alguma razão esquecesse de recitar essas palavras todos os dias pela manhã. Era essa a forma como ele pensava; vivia em um mundo onde tudo a sua volta era preto e branco. Não havia tons de cinza. Não para ele.
Ao despertar por completo, seguiu até o banheiro tentando a todo custo não pisar em falso nas falhas do piso cerâmico de seu apartamento. A única luz que iluminava o cômodo era a da janela e para resolver isso, Castiel precisava acender a luz do banheiro, e assim o fez. Apertou cinco vezes a caixinha de luz e suspirou pesadamente olhando o seu reflexo no espelho.
Quando foi que ele perdeu o controle da sua vida?
No começo, Castiel tinha apenas que lidar com algumas contagens, ele gostava de números e gostava de contar as coisas ao seu redor. Não pareceu errado então ele decidiu deixar as coisas como estavam. Mas as manias foram aumentando tanto e ficando tão repetitivas que isso começou a prejudicar a sanidade mental do garoto. Coisas que antes demoravam apenas alguns minutos, agora demoravam horas para serem realizadas. O rapaz só foi perceber que tinha deixado a situação sair do controle quando percebeu que não conseguia mais sair pela porta sem girar a maçaneta duas vezes para a direita, três vezes para a esquerda e olhar pelo olho mágico. Foi ainda um pouco relutante com a idéia que ele admitiu que precisava procurar ajuda médica.
O banho não passou de exatos quinze minutos calculados pelo garoto e com isso, não demorou muito para o mesmo estar em frente ao pequeno guarda-roupa em seu quarto iluminado apenas pela luz solar.
No meio de todas aquelas impecáveis camisas perfeitamente organizadas por cores, Castiel enfrentava uma batalha interna para concluir o simples ato de escolher uma única camisa que o agradasse o suficiente para poder se vestir e partir em sua jornada diária de viver mais um dia "normal" em sua vida.
Normal
De todas as palavras que o garoto conhecia, essa seria a única que ele não usaria para descrever sua vida. Existia algumas exceções, como tudo na vida, mas definitivamente um dia na pele do jovem rapaz de olhos claros nunca seria normal.
Árdua
Essa sim seria a palavra perfeita que ele escolheria, depois de ter uma discussão interna sobre ter feito ou não uma boa escolha, é claro. Ele afirmou que se alguém comum passasse um dia, um único dia em sua pele, iria concordar absolutamente com sua escolha.
Castiel achou que a camisa amarela seria a ideal mas contando com hoje, era a terceira vez que vestia amarelo na semana. Isso não soou nada interessante para o garoto.
Azul parecia ótimo.
Turquesa
Oliva
CinzaCastiel bufou, fechou os olhos e pegou a peça cinza com a mão direita, depois seguro-a em sua frente com as duas mãos como se estivesse averiguando minimamente todos os detalhes da camisa e finalmente deu inicio a contagem.
1,2,3,4,5,6,7,8,9.
Ele tinha exatos nove segundos para poder deslizar a camisa por seu torso, se não o fizesse nesse tempo correto, imaginou que um carregamento de cimento fosse passar por cima de seu corpo durante o trajeto para o trabalho.

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TOC | destiel 🍒
FanficEnfim um pouco de paz. Castiel teve sua desejada paz, seu transtorno desapareceu levando embora toda a dor que fazia seu peito sangrar. Seu sofrimento enfim sumiu e não foi apenas um delírio. O rapaz de lindos olhos azuis abatidos pela angústia ach...