Destinada

8

Sabe aquele momento que você vê tudo desabar bem na sua frente e você se sente inútil  por não poder fazer nada? Era assim que eu me sentia agora.

Sentada naquela cadeira do hospital esperando, isso era tudo que eu podia fazer enquanto assistia médicos entrarem e sairem as pressas do quarto que minha tia se encontrava na tentativa de salva-la.

A dor envadia meu peito mais forte a cada batida de meu coração. O medo, a angustia, a sensação de estar só.

Meu choro era o único barulho que se ouvia naquele corredor.

Horas e mais horas se passaram e nada. Nenhuma notícias. Senti meu celular vibrar no bolso da calça e so então percebi que ele estava ali.

Peguei e vi que era uma mensagem do estranho que me disse se chamar Jungkook. Ignorei e coloquei o celular de volta no bolso. Vibrou mais uma, duas, três vezes. Droga de garoto insistente. O peguei de novo e abri a mensagem.

Jeon Jungkook: Olá Melzinha :)

Jeon Jungkook: Como você esta?

Jeon Jungkook: Já estou com saudades de falar com você.

Jeon Jungkook: Mel você ainda está dormindo? Ja são 09:20 da manhã. Me responde.

Será que você pode me deixar em paz pelo  menos no momento em que eu assisto a única pessoa que eu tenho na vida me deixar para sempre?

Jeon Jungkook: Oque?! Como?

Jeon Jungkook: O que aconteceu Mel? Você está bem?

Jeon Jungkook: Mel me responde pelo amor de Deus.

Eu não respondi. Apenas continue abafando meus soluços. Porque a vida esta sendo tão injusta comigo?

Meu celular começou a vibrar como louco. Aquele estranho me ligava, eu deveria atender? Eu não tinha nada a perder mesmo. Atendi.

Ligação On

Jungkook:
Mel? Mel você está bem? O que aconteceu?

Eu:
Oque você quer?

Não consegui segurar, um soluço escapou de minha boca.

Jeon Jungkook:
Mel você estar chorando?  Então é verdade mesmo? O que aconteceu?

Eu:
Eu Não sei, estava tudo bem até hoje de madrugada.. eu não quero que ela me deixe Jungkookie, eu não quero ficar sozinha.

Eu ja nem segurava mais os soluços. Chorava como uma criança perdida que procurava a mãe no meio de muitas pessoas.

Jungkook:

Mel não chora, por favor. É a primeira vez que eu ouço sua voz. Dói ouvi-la nesse tom. E você não esta sozinha eu estou aqui pra você. Tenha fé que ela vai ficar bem.

Eu:
Não vai, ja faz horas que ela está la dentro e ninguém da notícia. Eles não me deixam entra pra vê-la.

Jungkook:
Mel me diz onde você esta, me deixa ir até ai pra ficar com você?

Eu:
Não, você não pode. Você  ja tem os seus problemas. Não deve se preocupar com os meus.

Jungkook:
Nossa Mel, falando assim nem parece você. Mas eu não me importo me diz onde você está? E eu prefiro quando voce esta dando patadas em mim.

Eu sorri ao ouvi-lo dizer aquilo.

Eu:
Jungkookie, o médico ta vindo eu preciso desligar.

Jungkook:
Ok, depois eu vou te ligar pra saber como você esta!

Ligação Of

__Melinda?.- perguntou o médico quando chegou perto de mim. Ele era um senhor de um pouco mais de 49 anos.

__Sou eu.- falei apressada.- como ela está?

__Eu sinto Muito.

Foram aquelas três palavrinhas que fez meu mundo cair de cabeça para baixo. Sabe aquela dor que você sente no peito quando recebe uma notícia ruin? Aquela vontade louca de chorar e gritar? Colocar tudo pra fora de uma só vez?

Isso era tudo que me descrevia. Um soluço sofrido me escapou da garganta seguido de outro.

__Tia....- embora eu falasse nenhum som saia. Era isso, a única pessoa que ficou comigo em todos os momentos de minha vida acabava de me deixar e eu não pude nem me despedir. Nem gradecer por ela ter me querido quando nem meus proprios pais me quiseram.

Me ajoelhei no chão da sala de espera e comecei chora, isso era a única coisa que eu podia fazer. A cada soluço a dor era mais forte. Levei a mão até o peito e o apertei.

__TIAAAA.- Gritei. O médico se abaixou ao meu lado e colocou a mão no meu ombro.

__Nois fizemos todo o possível, mas infelizmente o câncer ja estava muito avançado.

__C-câncer?

__Oh ela não lhe disse? A senhora Mi-cha veio aqui há alguns meses atrás,  foi quando descobriu que tinha câncer no estômago. De acordo com a fixa dela ja estava muito avançado e hoje pela manhã a doença a atacou, a senhora Mi-cha não suportou a dor e veio a falecer..- explicou o médico.

__Por que ela não me disse que estava com uma doença tão grave? Porque?

__Talvez ela não quisesse que você sofresse. Enquanto a operavamos ela sussurrava seu nome a cada segundo que se passava.

__Eu quero vê-la, por favor senhor me deixa vê-la... pela última vez, eu preciso olha-la e sentir seu toque..- pedi em tom de súplica olhando para o médico.

__por favor criança, não se torture assim, vê-la só a deixariá pior.- o médico disse e em seguida me abraçou. Um abraço caloroso, cheio de consolo. Aqueles abraços de pais que eu nunca havia sentido um.

__Mas eu preciso vê-la mais uma vez, eu preciso agradecer a ela por me querer quando ninguém mais quis..- eu chorava desesperada.- eu preciso agradece-la por ter sido meu pai, minha mãe, minha tia, minha melhor amiga. Por favor me deixe.

__Está bem criança, vamos, eu acompanho você até lá..- o médico disse e seguimos em direção ao quarto em que minha tia estava ja sem vida.

Eu estava sozinha agora.

Porque a vida havia sido tão injusta comigo?