O povo do gelo é formado por diversos Clãs de guerreiros bárbaros que vivem nas ilhas de gelo na península da serpente, seus costumes vêm dos antigos povos do circulo ártico do período mitológico, partindo de sua terra natal, chegando as ilhas a cerca de 5000 mil anos quando os primeiros barcos foram construídos pela Deusa mãe. Ao se instalarem nas ilhas, se dividiram em 32 clãs, entre esses apenas 16 podem decidir o destino do povo das ilhas. O Clã principal chamado de Urso Bardo é liderado pelo patriarca, líder político e militar, nos dias atuais o líder é Raufus Visterty.
Os bárbaros do gelo como ficaram conhecidos pilharam o continente ali perto durante anos, o reino de Alba foi o mais afetado por mais de 900 anos de ataques as cidades costeiras até que nos anos do reinado de Constantino V, o rei conseguiu um tratado de paz com os bárbaros, o acordo foi devidamente selando com o casamento da filha do rei, a princesa Leona com o líder Bárbaro da época.Eir Westair de certa forma havia se arrependido de ter ido enfim conhecer seu pai nas ilhas de gelo era um lugar frio e de pessoas rude nada comparado ao quente e refinado país onde nasceu e foi criado. Seu pai era o chefe Raufu líder do clã dos ursos bardos o que o fazia ser o homem mais bruto e rude de todas as ilhas, um exímio e sanguinário guerreiro o que nada tinha haver com ele, um jovem de quinze anos que viveu a vida toda por detrás das muralhas do palácio sobre a vigilância da rainha e de sua mãe a princesa Eliza.
Agora tão longe de casa cercado de tios, primos que falavam em assuntos como decapitação, desmembramento e sexo grupal ele sentia desejo de pegar o primeiro barco de volta para casa e nunca mais sair do conforto do palácio.
Mas o acordo era ficar até o final da primavera e depois voltar para casa, ele já estava a um mês na aldeia, e o único amigo que fez foi um primo de nome Udor que o fazia desossar arenques a maior parte do dia, e enquanto a seu pai, bem desde que ele havia chegado não tiveram mais que meia dúzia de palavras trocadas, logo ele partiu para um expedição nas montanhas.
Naquele dia ele estava com Udor que falava novamente de qual era a maneira correta de se preparar a famosa conserva de arenque de primavera.
- Eir falou uma voz grave a suas costas o pai estava lá, alto usando o cabelo longo e escuro preso com pequenas tranças empapadas de óleo de salmão, as roupas de pele eram brancas, o rosto severo era marcado por pequenas cicatrizes sob as bochechas.
Eir caminhou até o pai que era bem mais alto que ele isso era algo que ele queria ter herdado do povo do pai a altura.Eir tinha a estatura mediada do povo Andramino, se bem que mesmo para um Andramino ele era baixo.
- Meu filho falou o Pai tocando as bochechas de Eir suas mãos tinham um cheiro esquisito e eram extremamente ásperas e cheias de calo, isso era um comprimento familiar comum entre os povos daquela região.
-Vamos fazer hoje, uma coisa que devia ter sido feita do seu décimo aniversario, eu até mandei uma mensagem para a sua mãe, mas ela não me respondeu, ela é tão cabeça dura. É a sua cerimônia de passagem, hoje você deixa de ser um garoto e passa a ser um homem de gelo.
- Eu li a carta pai, foi por causa dela que eu vim para cá, claro não pela a cerimônia mas para conhecer a outra parte da sua história.
-Fico contente agora vamos visitar o Oráculo e depois você vai ser apresentada as deusas.
- Está bem... Falou Eir limpando o resto de arenque que tinha nas mãos na borda felpuda do casaco.
Eles caminharam pela aldeia, na rua haviam pequenas casas feitas de madeira e vime, tinham o teto baixo e eram cobertas de madeira oleada, as ruas estreitas seguiam irregulares até o píer onde umas dúzias de barcos estavam parados balançando levemente a cada brisa na enseada das focas. Eles seguiram margeando as lojas de ferragem, ou outro cão passava por eles enquanto a cada esquina uma pessoa parava cumprimentá-los.Quando a rua acabou eles subira por rochedos íngremes indo em direção ao curso de um riacho que desaguava ali perto, as rochas eram azuladas, como tudo ali era, até mesmo as folhas pareciam ser de um azul pálido.
O oráculo vivia como uma espécie de eremita, sua casa era um buraco em uma grande rocha piramidal, a entrada parecia uma boca que faltava alguns dentes, o teto era muito baixo e havia braseiros espalhados por todo lugar de luz e sombras que dançavam a cada nova corrente de ar que entrava o cheiro ali era de podridão, as paredes lisas e polidas estavam cobertas de inscrições em um idioma que Eir desconhecia, do teto pendiam cadáveres de animais já apodrecidos e esqueléticos.
Eir se espantou ao ver que no centro da tenda havia uma menina sentada diante do braseiro, a menina usava uma túnica branca,seus cabelos estavam soltos e caiam sob os ombros loiros brilhantes, seu Rosto era marcado por uma longa cicatriz sob o lado esquerdo onde o olho estava inteiramente branco enquanto o direito era totalmente azul.
- Bem vindos falou ela com uma voz arrastada, o que o nosso amado e valente líder faz na minha tenda.
- Trago meu filho mais novo perante as Deusas falou Raufus
- Venha meu filho.
Eir caminhou até a frente do braseiro, a oráculo sorriu deixe me ver sua mão, Eir se ajoelhou, entregando relutante a mão esquerda, o toque da oráculo era suave as mão grandes evolveram a sua, de súbito o sorriso que ela carregava no rosto sumiu, eu vejo um rapaz sentado em um trono de mármore, sob sua cabeça brilha uma coroa de rubis, vejo a neve em chamas e uma menina ascendendo ao trono de terra, vejo você empunhando um machado de guerra e marchando contra seu próprio sangue.
Vejo a lua de sangue cobrindo o mundo, olhos de fogo emergiram das terras do oeste e cobriram o continente.
Eir ficou espantado, a oráculo o encarava grandes lagrimas rolavam de seu rosto, jovem príncipe se prepare.
- Raufu, deve treiná-lo e protegê-lo ate que este tempo chegue. Agora vocês devem ir ofereçam uma oferenda as Deusas e se purifiquem.Agora saiam daqui, preciso conversar sobre isso com os ancestrais.
-Confesso que fiquei preocupado com o que ela disse Falou Eir já do lado de fora da caverna, o sol começava a aparecer finalmente.
O pai permanecia serio, e tem motivos filho, mas o erro foi meu, eu devia tê-lo pego de sua mãe assim que ela lhe pariu, mas fui fraco, Astra não permitiu, disse que era contra os preceitos da Deusa mãe tomar um filho de uma mãe, mas você era meu filho, meu sangue, devia ter invadido aquele castelo e ter roubado Eliza como pensei em fazer, me perdoe filho havia remorso nas palavras de seu pai.
- Está tudo bem, mas eu não seria um bom guerreiro, poderia dizer que estou animado em aprender a caçar e a manejar uma espada, ou um martelo de guerra mas não estou.
- Calicá fica as margens do deserto de Turi, sua mãe é a filha mais nova?.
-Sim, meu tio Alastor é o herdeiro do trono, depois vem minha tia Ana e depois minha mãe.
-Você tem uma irmã mais nova Eir e ela é tão herdeira do trono quanto seus tios e primos.
- Irei mandar uma mensagem para sua mãe, preciso vê-la nem que para isso eu tenha que ir até a Calicá.
-O esposo dela ira querer matá-lo
- Ele que tente, arranco suas bolas pela goela.
Ambos riram, seu padrasto era um bom homem Eir sabia, mas era muito ciumento com sua mãe e com sua Irma e de certa forma até com o próprio Eir.
- Agora filho, temos que fazer uma coisa os dois caminharam para o interior da floresta , seguindo pelas trilhas de cascalho em direção a seu centro, que ainda tinha neve espalhada pelo chão e os pinheiros eram quase que todos cinzentos e azuis; pendurados nos galhos haviam pequenas esculturas feitas de madeira, lobos, ursos, texugos entalhados em madeira oferenda as Deusas gêmeas.
As botas de pele faziam um barulho irritante o ar parecia ficar cada vez mais frio a medida que eles adentravam no bosque o céu estava ficando encoberto,o silêncio era absoluto o vento soada como um uivo distante.
-Os lobos estão nos chamando falou o pai, isso é um bom pressagio quando foi a minha vez de vir aqui com seu avô eles uivaram.
- Como era o seu pai.
- Era um grande líder, um bom pai e marido, você parece muito com ele, como diria sua tia, vocês tem os mesmos olhos cinzentos.
No meio do silêncio o vento tornou a soprar, uma onda de sons metálicos soou, logo eles estavam em uma clareira as árvores do entorno estavam cobertas por sinos e outros animais de madeira pendurados. No centro da clareira havia a estátua de duas mulheres nuas, elas tinham asas e estavam abraçadas uma parecia estar chorando enquanto a outra a consolava.
-Estamos em solo sagrado, se ajoelhe perante as Deusas e faça uma oração. Depois pegue isso, ele entregou uma faca, faça dois riscos em cada bochecha, você esta se tornando homem hoje, à noite teremos um sacrifício e festa.
Eir permaneceu quieto a faca era feita de metal e o capo um osso de baleia de chifre entalhado em formato da cabeça de um urso, mesmo de luvas ele conseguia sentir o frio do metal, ele olhou para o pai que tinha um brilho de satisfação nos olhos ele estava fazendo o que fez com seu filho mais velho, há anos, Eir tentou demonstrar alguma emoção positiva enquanto caminhava em direção a estatua das Deusas ele servia a um Deus ao Deus dos Campos, ele agora iria se mutilar por deuses estranhos, ele não ligava isso era verdade, mas ele pensou, era ético pensar naquilo, talvez, ele se ajoelhou perante a estatua seus joelhos tocaram a terra congelada, ele sentiu uma arrepio subir pela espinha, e de súbito a voz da oráculo ecoou em sua mente, ele não orou, não pediu nada, seu coração estava duro naquele instante, apenas a voz da oráculo o preencheu aqueles olhos estranhos saltaram sobre ele, sua mão apertou o cabo da faca ele sentia as pequenas presa do urso entalhado tocando a sua pele. Respirando fundo ele levou a faca ao rosto, ele sentiu a lamina afiada penetrar a sua pele fria, o metal fino e mortal, o sangue quente começou a correr por sua bochecha, seus olhos se encheram de água, ele não podia chorar, bárbaros não choram ouviu seu tio falar uma vez para ele no palácio enquanto ele chorava pela morte de seu cãozinho, ele não havia entendido aquilo, hoje ele compreendia as palavras,ele não era mais o bonequinho da mãe, não era mais um menino mimado que devia permanecer trancado e ir no Máximo ao jardim do palácio. Diante das Deusas ele se tornava um homem, ou o era começo de sua transformação, tudo era um processo ele sabia. Sabia que precisaria mais do que fazer riscos com a ponta daquele punhal no rosto, ele não era um deles, não tinha um ímpeto por coragem, um desejo por conquistar, será que isso podia ser aprendido pela convivência o que Eir conhecia era o poder da informação, o poder de sussurrar as palavras certas nas orelhas corretas, isso era aprendido desde cedo na corte, onde nunca se sabe quando alguém esta mentindo ou falando a verdade. Mas ali, a partir de agora não faria a menor diferença.
Ele se pós de pé, as bochechas estavam doloridas, assim como seus joelhos seu pai estava com um largo sorriso de satisfação no rosto.
- Agora vamos para a tenda, você precisa se preparar para a noite você precisa fazer um sacrifício.
E os dois foram de volta para a aldeia, o que Raufus chamava de tenda era uma grande cabana comunitária que era usada como sede do governo, havia mantas e braseiros espalhado por todos os cantos da estrutura, no segundo andar havia uma sala de banhos que era usada para as cerimônias de iniciação lá, Eir foi banhando e preparado para o sacrifício, seu cabelo foi quase que todo raspado, nas feridas em seu rosto as Aias passaram uma pasta estranhamente fedida, mas que foi bem eficaz em diminuir a dor, quando a noite chegou,ele viu seu reflexo em uma bacia d’água, os cabelos negros haviam sumido, os olhos cinzentos ainda tinham algum brilho, as marcas eram assimétricas, a rainha ira ficar louca quando vê-las pensou ele. Quando o sol se pós musica começou a tocar, no céu do oriente um cometa azul ascendeu, suas mãos estavam tremulas. Sob as luvas de couro fervido.
A porta se abriu.
- Está na hora primo Falou Udor com sua voz embolada.
Na parte de baixo estavam todos da aldeia todos cantavam, bebiam e até faziam sexo pelos cantos, as luzes das fogueiras levantavam sombras escuras sobre as paredes, olhos se voltavam a ele, gritos de viva, e batidas no ombro o cobriram. No centro havia a fogueira principal ao lado da fogueira um porco estava amarrado, seu pai olhava segurando um machado.
-Acerte a garganta falou ele entregando o machado uma única pancada, entendeu?.
Eir tomou o machado para si, ele sentiu o,peso da madeira e do aço bem forjado, o suor corria de sua testa o porco alheio a tudo o encarava o chão, ele apertou o cabo do machado sentindo o carvalho de que o machado era feito, ele ergueu o mais alto que pode, as sombras dançavam em torno de todos, o machado desceu o povo gritou.
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As Crônicas Vorazes
FantasyO Príncipe Eir descobre a existência de seu pai um lider bárbaro. E parte para conhecê-lo nas distantes ilhas de gelo.Em meio a descoberta do outro lado de sua história uma profecia é anunciada.