— Quer que eu conte uma história para dormir? :O homem aparentemente velho cobria-me na cama.
— Papai, estou velha demais para isso. :Dizia enquanto me aconchegava no calor da cama.
— Nunca se é velho demais para ouvir uma boa história. E amanhã você partirá para o templo e treinara por longos cinco meses, acho que ter um pouco mais de seu pai não lhe fara mal. :Relutantemente eu concordava, já sabendo que esta era uma batalha perdida. Um vento frio uivava do lado de fora, transformando a neve em tufões gélidos.
Eu balançava a cabeça para os lados. O fogo na lareira estalava, mantendo o frio do vento do lado de fora. Então, ele começava seu conto com a voz doce e acolhedora.
''-Goku era o primogênito entre seus irmãos e irmãs. Ele chegou ao mundo ansioso para lutar. Mas isso não era simples de arranjar. Árvores eram adversários fracos, quebravam-se fácil demais. Icebergs derretiam-se ao seu toque, fugindo para dentro do mar.
Frustrado, ele socou uma montanha. A montanha não cedeu. Goku se alegrou com isso, e então desafiou a própria terra a uma luta amistosa.
Enquanto Goku brigava com a terra, ele a amassava e deformava, moldando todo o mundo que conhecemos hoje. Ele ergueu montanhas de planícies e afundou profundos vales. Quando se cansou, Goku agradeceu a terra pela gloriosa contenda. A terra respondeu abrindo uma depressão ardente, mostrando-lhe seu próprio coração, e ele foi tomado de honra ao ver um reflexo de si mesmo: a figura de um homem flamejante. A terra havia julgado Goku digno e compartilhou com ele seus segredos, conferindo-lhe poderes jamais alcançados.
Ele contemplou a paisagem resultante de sua luta e assentiu com a cabeça. Seria o bastante. Depois disso, Goku empenhou-se a cuidar de toda criatura que vivia sobre a amistosa terra...''
— Sabia que antigamente não nevava em Konoha? :Ele diz a mim, faço uma expressão de confusão. — É verdade. Nossas terras sempre foram frias, mas nos primórdios do tempo, o ar era perpetuamente seco e cortante, não havia nuvens de tempestade... Mas deixemos isso pra outra hora. :Ele se interrompia.
— Papai, :Digo — Continue contando sua história! :Exijo.
— Amanhã. :Meu pai sorria e beijava minha testa, apagando a vela com um sopro —Pois você precisa dormir, e há muitas histórias para contar.
Na manhã seguinte eu estava ardendo em felicidade, fiz minhas malas e em breve partiria para o templo de Konoha, onde treinaria e aperfeiçoaria meus jutsus e técnicas. Como filha do Hokage, eu era destinada a me tornar uma das melhores ninjas de minha aldeia e herdar o posto de meu pai. E eu não partiria só, Kakashi meu tutor e meus dois melhores amigos; Hinata e Naruto me acompanhariam. Mesmo a morena estando gravida de seu primeiro filho, ela julgava que treinar por cinco meses não a faria mal.
Quando o sol já estava em seu ápice iluminando toda a planície de Konoha eu, Kakashi, Hinata, Naruto e Kabuto partíamos na carruagem para nosso destino. Confesso que despedir-me de meu pai foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em minha vida, seriam cinco meses, eu nunca me afastei dele mais que um dia.
Cinco horas passaram-se enquanto estávamos na carroça, o trajeto estava sendo alegre e divertido, uma hora fazendo piada, outrora contando historias, brincávamos e nos descontraiamos.
Mas algo que Naruto disse havia irritado Kakashi, e os dois discutiam por horas enquanto Kabuto conduzia os cavalos.
Meu tutor ainda estava irritado com as palavras de Naruto e Hinata quando pediu a Kabuto, nosso condutor, que parasse e montasse o acampamento. O homem embriagado preparou seu saco de dormir com orgulho próximo à carruagem. Ele então jogou o resto dos sacos na grama próxima.
O resto de nós preparámos uma fogueira e trocamos histórias. Naruto e Hinata dormiram nos braços um do outro enquanto balbuciavam potenciais nomes no ouvido um do outro para o filho que estava por vir. Eles falaram sobre como a criança seria feliz em uma cidade tão perfeita e pacífica como Konoha, onde eles deixariam suas vidas errantes para criar seu filho.
Eu me aproximei do fogo crepitante para que meus ruídos abafassem as namorações incômodas de meus companheiros de viagem.
A noite sempre foi meu momento favorito, mesmo quando criança. Foi assim desde que estava velha o suficiente para saltar sobre os muros da mansão Hokage de meu pai para ver a lua atravessar a abóbada celeste. Por vezes pegava-me olhando sobre a cobertura densa da floresta, meus olhos verdes buscando pela lua prateada, mas vendo apenas seu brilho difuso através das nuvens grossas e galhos escuros.
Mas o sono nunca chegou. Em vez disso, virei-me e revirei-se, pensando sobre o quão vasta aquela floresta parecia ser, e quantos seres desconhecidos habitavam nela fazendo com que minha mente criasse historias, contos de fadas e delírios de terror tão quais os que meu pai contava-me para mim a noite. Então eventualmente, levantei e deixei meu saco de dormir e fui até a mata para acalmar minha mente confusa e curiosa.
A calada da noite, cheguei em um monte com pouca grama e placas de madeira em sua base. Apesar de mal conseguir ler as inscrições, meus dedos tatearam as palavras familiares, era latim, uma lingua que conhecia muito pouco, '''Surgite egredimini a populo'' lia em voz baixa, pelo pouco que aprendi a placa dizia claramente para manter distância do local.
Logo eu sentia um frio atrás do pescoço que me compeliu a olhar para cima. Então percebia, não estava sozinha.
— Ouço um coração batendo! :Disse um homem de cabelos loiros colocado em um rabo de cavalo com uma franja cobrindo o seu olho esquerdo, olhos azuis e puxados, suas pupilas brilhavam em deleite e seu sorriso era sádico e apavorador. — Posso tê-la? :Seu convite fora dito de modo tão normal e casual que fez-me assustar.
— Talvez... :Respondeu outro homem que aparecera da penumbra da floresta. — Sinto que ela está com medo. Diga, criança. Diga-nos o seu nome. :Esse por vez era magro de estatura média, com cabelos brancos em linha reta com uma tonalidade azul-claro e olhos roxos como uma Lavanda.
— Di-diga-me o seu primeiro. :Gaguejei, andando para trás. Minha fuga lenta foi parada pelo rápido homem de cabelos loiros, que materializou-se inquietantemente atrás de mim.
Ele disse diretamente em meus ouvidos. — Temos muitos nomes. No oeste, sou Ina e ele é Ani.
Disse por vez o platinado. — No leste, sou Farya e ele é Wolyo.
— Porém, somos Deidara e Suigetsu em toda parte. Sempre sou o pássaro para o água e ele sempre é a água para a pássaro. :Eu não compreendia o que aquilo queria dizer. Deidara retrocedeu e cheirou o ar. — Ela está jogando um jogo entediante. :Disse o loiro. — Vamos jogar um novo jogo, um de perseguir e correr e matar.
— Ela não vai jogar. :Disse por vez o homem cujo nome intitulado como Suigetsu. — Ela está assustada e perdeu seu próprio nome. Ele se esconde por trás de seus lábios, com medo de sair. — Não se preocupe, querida criança, não faremos nada com você, mas talvez o senhor faça, ele gosta de carne nova.
— P-por favor. :Sussurei. — Esta noite não é uma boa noite para–– :A grande língua rosada de Deidara rolou para o lado de sua boca e ele começou a gargalhar.
— Todas as noites são boas para foder. :Disse Suigetsu enquanto ria atrapalhando totalmente meus pensamentos.
— Todos os dias também. :Complementou Deidara. — Agora me diga criança, qual o seu nome. :Ele andou até perto a mim, podia sentir seu cheiro forte e másculo, mantinha minha boca quieta e fechada. — Se não disser, terei que arrancar-lhe a força. :Era perigoso de mais dizer a dois homens meu nome verdadeiro, se eles descobrissem que eu era filha do Hokage eu poderia ser facilmente executada, ou pior. Deidara cansado de tanta enrolação parou de se mover e pendeu sua cabeça para o lado. Ele com toda intimidade pousou sua cabeça em cima de meus ombros antes de falar. — Podemos brincar de 'Perseguir a Tal da criança e arrancar Pedacinhos?'. Suigetsu fechou sua mandíbula sonoramente.
— Vamos perguntar a ela :Disse Suigetsu como se eu não estivesse ali. — Criança! Você prefere a perseguição do Deidara ou dizer seu nome a mim?
Eu estava tremendo. Meus olhos correram por todos os detalhes do mundo ao meu redor. Não era um local tão ruim para partir. Tinha a grama. Tinha as árvores. Tinha o resto da neve que ia se dissipando com o final do inverno. Tinha uma tranquilidade no ar.
— M-meu nome é Sakura. Sakura Haruno. :Disse, olhando para as cascas ásperas das árvores. Podia ver o olhar de espanto que habitava entre os dois. — É-é agora que vocês me matam, estupram ou torturam?
— Não. :Dizia uma voz tão grave quanto a dos outros dois. — Apesar de ser um bom pensamento. Não tenha medo, pequena criança, eles estão apenas se divertindo. :O homem de pele clara com olhos ônix e cabelos pretos na altura do queixo aparecia da penumbra, como se estivesse ouvindo a conversa toda desde o começo. — Você veio a nós esta noite; não viemos até você, não tem porque nenhum de nós lhe fazer mal.
— Não posso perseguir a tal da Sakura. :Dizia Deidara, com um tom de desapontamento em sua voz. — Porém, existem outras coisas por perto. Outras coisas prontas para a perseguição e para a chacina. Vamos logo, Suigetsu. Estou faminto por sangue. :Ele dizia animado para o amigo. Então, Deidara passou por mim e desapareceu na floresta junto ao seu amigo. Os homens sombrios desvaneceram por entre os campos de grama alta. Olhei novamente para o monte desgastado. Eles se foram. Mas eu não havia escapado.
— M-meus amigos, eles iram atrás dos meus amigos. :O homem que usava uma capa preta para acalentar-se aproximou-se de mim, tirando a veste colocando sobre meus ombros desnudos cobertos apenas por um fio da camisola.
— Sinto muito criança, não posso negar tudo aos meus cachorros de confiança. Se você regular muito a carne, logo eles se viram contra você. :Seus lábios aproximavam-se do meu pescoço. — Se seus amigos tiverem sorte, pelo menos um sairá vivo. :Não podendo acreditar em tal ato corria para dentro da floresta novamente atrás dos meus amigos, por um momento meu coração apertava, não entendia como consegui fugir tão fácil do homem com olhos negros e pele pálida, ele se quer estava me seguindo.
Quando finalmente cheguei no acampamento estava tudo em ruínas. A carruagem que mal começara a chamar de lar foi saqueada e reduzida a lascas em brasa. Pedaços de tecido e acessórios arruinados encontravam-se espalhados pelo acampamento.
Logo eu encontro o corpo de Naruto próximo de onde ele dormia. Ele morreu protegendo Hinata, cujo cadáver estava atrás dele. Julgando pelos traços de sangue, suas mortes foram lentas. Eles se arrastaram para perto um do outro, seus dedos entrelaçados em um último afeto antes da morte.
Notei que meu tutor tentou lutar com bandidos antes de ser queimado com Kabuto na carruagem. Senti então um misto de desespero e calafrio que correu minha espinha. Eu o acolhi.
Eu não sentia o solo sob meus pés, nem minhas mãos que se cerravam fazendo-as ficar vermelhas, tudo o que ela sentia era uma dor aguda em meu peito. Quando me pus a olhar para trás, tudo que vi eram três homens me encarando como um desejo mortal...
Continua...
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O Senhor dos Ladrões.
FanfictionFilha de Madara, Sakura Haruno é mandada para o Templo de Konoha, onde ira treinar e se tornar tão forte quanto o pai. Mas essa viagem que parecia ser tranquila se complica quando Sakura é capturada pela gangue mais perigosa de Konoha, junto a eles...