1 - Desalento

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Estou retomando o plot de Entorpecido, irei revisar e repostar novamente com algumas alterações. Dessa vez eu termino a fic, tenho certeza.

Aviso: essa fic aborda temas pesados como dependência, traumas, abuso de substâncias químicas, automultilação, violência, abandono e tentativas de suicídio. Se tiver problemas com esses gatilhos, siga com cautela.

A casa estava vazia, silenciosa e escura, tal qual o coração de Naruto naquele momento

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A casa estava vazia, silenciosa e escura, tal qual o coração de Naruto naquele momento.

A passos trôpegos caminhou para a cozinha,  pegando outra garrafa de sakê em um dos armários.

A ideia de que Hinata jamais permitiria que ele a consumisse em casa na frente dos filhos o fez sorrir fraco enquanto o sentimento de abandono se enroscava pesado em suas entranhas, sufocando-o. Hinata sabia que ele não possuía um estômago forte e se embriagava com facilidade e buscava apenas ajudá-lo e, como de costume, ele não lhe deu ouvidos até não tê-la mais consigo.

Naruto sentiu o coração apertar dolorosamente ao se lembrar que ela já não estava mais ali para ralhar com ele daquele jeito único dela: zangada e fofa, semelhante a um coelhinho felpudo disfarçado de lobo mal.

Os olhos queimaram com o pensamento e a garganta travar. Lembrar dela fazia as lágrimas descerem pesadas amargas. Nunca em sua vida havia imaginado sentir um desespero tão profundo como naquele momento.

No segundo seguinte estava apoiado na bancada da cozinha, chorando em desespero, tentando entender quando ele deixou tudo desmoronar. Os soluços faziam seu corpo trepidar e a voz lhe saía esganiçada em apelos e pedidos de desculpas incompreensíveis. Faltava-lhe tudo: calor, coragem, ânimo... não havia mais um motivo para lutar. Queria que Hinata estivesse ali agora para poder abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas tudo o que tinha era a maldita dor pungente, o esmagando e tornando frágil, tal qual uma criança desamparada.

Estava sozinho novamente. Hinata o deixou levando com ela tudo o que mais lhe importava: sua família.

A casa sempre barulhenta pelas conversas e brigas constantes entre seus dois filhos agora estava mergulhada em um silêncio doído, que preenchia cada canto e vão de modo tão denso que parecia esmagador. 

Conquanto não podia culpar a esposa, jamais seria capaz de atribuir à ela o fracasso do casamento, afinal se alguém era culpado, sem dúvida, era ele mesmo. Ele que falhara como marido e pai, incapaz de conseguir manter a promessa de estar sempre próximo como havia jurado em seus votos de casamento.

Não deveria estar surpreso com o resultado. No fundo, ele parecia estar destinado mesmo a permanecer em solidão. Deveria estar contente e grato de ter vivido com Hinata por tantos anos ao invés de lamentar  ter se iludido com a certeza de que seria feliz e completo para sempre.

Era o certo. Mas não conseguia. Simplesmente lhe soava impossível.

Como desejava estar ouvindo as reclamações de Boruto ou as perguntas e conversas insistentes de Hinawari. Daria tudo para poder ouvi-los mais uma vez todos os dias, reclamando e cobrando, enchendo seus ouvidos com lamurias infinitas. Sentia falta do calor deles, de chegar em casa e saber que eles estavam lá, mesmo que já estivessem dormindo. Ao menos poderia dar-lhes um beijo de boa noite como sempre fazia.

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