Ela se foi como havia prometido, levando consigo tudo o que me era mais valioso: a família que tanto desejei ter.
Eu deveria ter prestado atenção aos sinais, percebido o que estava fazendo de errado, mas simplesmente não consegui ver o que estava c...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Desde que o pai se tornara Hokage a relação entre eles foi-se deteriorando, abalada pelo sentimento latente de abandono. Boruto observava o pai com certo rancor pelo seu aparente desinteresse, e mesmo que se esforçasse para aceitar o fato de que o novo emprego dele exigia muito de seu tempo, simplesmente não conseguia compreender como ele fora capaz colocar o bem estar de todos acima da felicidade da própria família. Será que não percebia que eles precisavam que ele fosse mais que o hokage? Que fosse o pai, o marido e apoio? Que ele como filho sentia falta dos tempos que passavam juntos, sem a intromissão de nenhum ANBU ou conselheiro para lhe trazer novos problemas para resolver?
Era uma batalha conseguir a atenção dele. Porém desejava mil vezes o pai cansado e por vezes mal humorado com suas badernas do que aquela versão desanimada, doente e chorosa.
Quando pensava nele já não sentia mais raiva por ser um pai relapso e sempre ocupado, e sim medo, terror pois ele sabia que aquele homem, que a cada visita estava mais e mais acabado e fraco, não era o mesmo homem forte e sorridente que lhe ensinara a andar, falar e lutar, e sim um homem entregue a dor, prestes a se perder de vez a luta contra a tristeza, a um passo de se render e sucumbir.
Boruto percebia essa fragilidade, era um garoto inteligente e sabia compreender os sinais. O pai estava morrendo e a simples ideia de perde-lo para sempre o desesperava. Preferia mil vezes um pai ausente e vivo do que um pai morto, presente apenas em suas lembranças.
Durante muito tempo aceitou manter a promessa que havia feito ao pai de não contar sobre o estado dele a mãe. Ele havia dito que não queria preocupa-la e Boruto percebia a sinceridade nas palavras dele, assim como percebia a tristeza que o consumia escondida em seus olhos, como se ele pedisse socorro e desejasse justamente o contrário do que o fazia prometer.
Todavia agora já não parecia mais viável guardar aquele segredo e o pai que o perdoasse a falta, mas ele iria quebrar o acordo. A mãe precisava saber e ele contaria assim que ela voltasse das missões que havia voltado a fazer desde que os dois se separaram. Era bom ver que a mãe estava se reerguendo, assim como era quase insuportável perceber que o pai ao contrário dela, só caia cada vez mais e mais. Boruto temia que um dia, numa dessas constantes quedas, ele não mais se levantasse.
Assim que retornou da missão, pegou Himawari e partiu para a casa do pai. Ela estava exultante, sem conseguir esconder a animação que sentia de poder rever o pai que por alguma razão havia evitado as visitas deles, sempre com desculpas de que estava doente e tinha medo de que eles adoecessem por causa dele.
— Doente uma ova, ele está é nos evitando!— reclamou um dia consigo mesmo enquanto tentava dormir.
Havia ficado irritado com a recusa dele no primeiro momento, mas depois que o sangue esfriou ele começou a ponderar os motivos que levariam o pai a não querer vê-los, uma vez que nunca negou estar próximos aos dois. Pelo contrário ele estava sempre ansioso demais para os dias de visita.
