When the sun goes down

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Correr, era a única coisa que aqueles dois podiam fazer.

Uma idéia inútil.

Eles sabem que o mal os alcançará.

Eles sabem que vão se exaurir. Que a esperança se derreterá e sucumbirá tão rápido quanto surgiu e que o fim é factual, iminente e inevitável.

Porém, preferem se agarrar loucamente a essa ideia do que dar-se por vencido, como um náufrago agarrando-se a uma âncora no momento do fim, só pra contar para o próprio vazio que ele lutou pela vida até seu último instante.

O pequeno bebê enrolado em mantas no braço da mãe chorava descontroladamente em desconforto por estar sendo balançado de todas as formas possíveis, seguindo o compasso desesperado e aturdido do choro de sua projenitora. O homem à sua frente tentava, em vão, proteger sua família, o sangue descambando lentamente por seus braços, exibindo marcas de arranhões que atestavam brigas com outros monstros que lhe perseguiam.

Eu não consigo mais, Dakho. Eu não posso prosseguir...

O homem olhou atordoado para a mulher a sua frente,a expressão de cansaço passeando por sua face, enquanto o pequeno bebê em seus braços se remexia procaz e agora tentava encontrar conforto no colo de sua mãe.

Me deixe aqui, vá em frente. Proteja essa criança...por favor.

As lágrimas escorriam pelo rosto da nulher, que agora depositava o filho nos braços de seu marido, e junto desse ato, seus últimos suspiros de que tudo aquilo poderia acabar bem.

AGORA
SEOUL, CORÉIA DO SUL.
05/08 — 07:30 AM.

— Woong!Woong!

O garoto de olhos acinzentados não tardou em se levantar, de forma abrupta e assustada olhou ao redor e somente conseguiu enxergar um dos seus amigos lhe fitando curioso. Balançou a cabeça diversas vezes na esperança de dispersar os resquícios do sonho que vinha a alguns poucos dias, lhe assombrando cada vez mais. Nem ao menos se recordarva de algum filme ou série que havia assistido possuindo uma temática pesada assim, era capaz de sentir o desespero daqueles dois para salvar o bebê o que por si so já era assustador, quem seria capaz de machucar um ser inocente e sem capacidade pra se defender sozinho?

— Você não parece muito bem, outro pesadelo?

Indagou Mingi sentando-se na escrivaninha próximo a janela do dormitório no qual dividiam desde que haviam ingressado na universidade. Mingi era um bom amigo, tinha lá seus defeitos como por exemplo lotar o quarto com pessoas diferentes a cada noite afinal, ele era um dos caras mais desejados daquele local. Enquanto a grande maioria praticamente se humilhavam para ter a chance de conseguir ao menos um beijo, Hwanwoong o tinha ajoelhado aos seus pés e só queria o manter mais longe possivél.

— Pra variar, eu só posso tá muito pilhado com a chegada das semestrais pra estar sonhando com coisas terrivéis assim. 

Disse rindo enquanto arrumava o cabelo loiro da bagunça que tinha se transformado durante a noite.

— Não entendo sua preocupação, você é estudioso e irá passar mas por outro lado, perde toda a diversão da vida.

— Diferente de você, se eu tirar menos da média perco meu estágio. Nossas preocupações são bem distintas por exemplo!

Hwanwoong exclamou tendo a total atenção do amigo.

— Olá me chamo Mingi, minha maior preocupação é quantos já passaram por minha cama essa semana.

Blue Sky - RavnwoongOnde histórias criam vida. Descubra agora