1 ;; one.

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/(...) "Vai se chamar Angel!" Ela proferiu e rapidamente as minhas sobrancelhas unem-se numa só em indignação.

"O pai não tem voto na matéria?" Murmuro e a minha melodia favorita escapa por entre os seus lábios finos e suaves, não consigo mais fingir uma indignação.

Não perante este ser com um largo sorriso a rasgar os seus lábios.

"Ela vai ser um anjo, um verdadeiro anjo..." (...)/

"Marcus? Marcus?" Uma voz alheia tenta me puxar dos meus mais profundos pensamentos e consegue, infelizmente.

Respiro fundo e desvio o olhar para a minha irmã, a Mia. Esta pousa a mão sobre o meu ombro e rapidamente baixo o meu olhar.

"Ela não sobreviveu, lamento." A sua mão tentava confortar o meu corpo mas a minha alma estava a morrer. A sua mão viajava pela minha nuca e fazia com que os seus dedos se entrelaçassem com os meus cabelos acastanhados.

Estava ali mas não estava. Simplesmente a minha alma acabara de ir com a minha mulher, a minha pura mulher.

"Foda-se!" O meu corpo explode num impulso contra uma das cadeiras de espera. "Desculpe, lamento imenso." Murmuro para a pessoa a três cadeiras de distância que se tivera assustado. A Mia estava num impasse de me tocar ou abraçar, mas nada fez.

Caminho por aquela sala de espera na direção do corredor do hospital deprimente, um segurança acompanhado de um médico impede-me e o profissional puxa-me ao lado. "Lamento a sua perda, senhor Smith. Ela não resistiu aos ferimentos, mas a sua filha sim." Este fala e fala mas o meu cérebro já tinha paralisado, a minha filha sobreviveu?

A minha filha sobreviveu.

"Ela vai ser um anjo, um verdadeiro anjo..." A frase repete-se vezes e vezes na minha cabeça. Vezes e vezes, sem paragem. A voz da minha Zahra estava na minha cabeça.

Os meus joelhos cedem à dor do coração e da minha alma já morta com a minha mulher igualmente morta, as minhas mãos escondem o meu rosto e os meus pulmões explodem num grito grave. A dor era maior que qualquer vontade que fosse aparecer.

/(...) "Se algo acontecer, toma conta da nossa menina." A sua voz sai suficientemente séria para os meus músculos ficarem contraídos.

"Vamos tomar, nada de te vai acontecer nem a mim." Descanso ao murmurar e passar a mão pela barriga da minha mulher, o meu dedo indicador criava um percurso lento e suave pela sua barriga saliente.
A sua mão percorre todo o meu cabelo e podia ver pelo canto do olho que estava a sorrir. Sorriso aquele que eu tinha a sorte de poder ser testemunha todos os dias.

"Já podias cortar o cabelo, não?" Estava a tentar fugir do tema que tivera abordado, eu também não queria continuar então apenas sorrio e olho os seus olhos de uma imensidão azulada enorme.

"Vais ter que ver este cabelo assim até que a morte nos separe... E mesmo depois disso." (...)/

E a morte separou-nos mesmo. Puta da morte separou um amor para a vida inteira.

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nothinhz.

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⏰ Última atualização: Mar 13, 2018 ⏰

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