flores de primavera

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Faltava poucos minutos para escurecer e o inverno havia chegado ao fim.
Eu estava na janela de meu quarto observando a vista das pequenas flores experimentado viver novamente, eram pequenos brotos saindo por toda parte, principalmente pelos musgos deixados pelo clima úmido do inverno, outros saíam em meio a pedras e rachaduras na calçada.

-Acho que uma tarde não basta para nós, eu te quero, quero passar o resto do dia com você, ou melhor da semana! - O homem de olhos cor de mel falava em toda sua empolgação.
-Pare de drama! Eu viajo hoje mesmo, não posso cancelar, meus pais esperam que eu vá. -respondo sua ideia boba.
O moreno deposita um beijo molhado em minha testa, sorrio.
-Irei sentir sua falta...-Fala com uma entonação de drama, meio forçado, mas sei que era verdadeiro.
-Calma senhor, é só uma semana! - eu falo sorrindo para ele e passando meus dedos em seu rosto com a intenção de deixa-lo menos 'nervoso'.
-Seria a nossa semana, Grace. Eu até consegui folga no trabalho. -Abaixa a voz.
-Isso era uma surpresa?- O abraço e volto a encara-lo.
-Então vem comigo, você pode conhecer meus pais, eles vão te adorar, vai continuar sendo a nossa senama só que alguns quilômetros de estrada conosco! -Minha empolgação era clara, falava enquanto dava pequenos saltos de alegria.
O moreno sorri largo e concorda com minha ideia, ele iria conhecer meus pais!

Meu cigarro chega ao fim me forçando a parar de apreciar aqueles brotos de plantas e boas lembranças trazidos junto da primavera, e acordar do meu pensamento tão desejado agora e antigo sonho real.
Me direcionei a primeira gaveta do criado-mudo rosa ao lado da cama e alcancei outra caixa de cigarros e um isqueiro, peguei dois dos Camel's e acendi somente um guardando o outro no meu bolso, joguei a caixa em cima da cama.
Caminhei por toda casa passando por todos os cômodos, quarto, sala, cozinha,quarto,sala ,cozinha... por alguns minutos.
Primavera nunca fora assim tão solitária, eu estava sobrevivendo na melhor estação do ano, onde a vida floresce com toda sua glória e esbanja amor, eu estou aqui fitando cada mísero detalhe da casa escura.
-Eu consigo!
Dei a última tragada no meu cigarro e abri rapidamente a porta que me leva a fora de casa.
Eu corri, corri como se estivesse fugindo de algo.O vendo me juldiava, a cada passo parecia fortes pancadas frias que socavam todo meu corpo.
Sorria tanto, acho que nunca havera tanta coragem dentro de mim.
Parei em frente a tão conhecida por mim porta amarela com números pendurados "238" o 3 estava quase caindo então corrigi a posição do número dei um longo suspiro e toquei a campainha.
Respira, Inspira, acalma...

A porta se abre mostrando aos poucos a imagem de uma senhora, ela parecia ter mais ou menos uns 50 anos tinha um ar tão simpático, sua pele que era clara mas já estava madura deixava seu cabelo longo e loiro ainda mais chamativo.
-Precisa de ajuda?
-Eu gostaria de falar com o Matt... Se ele estiver.
-Você é amiga dele? -Perguntou a senhora enquanto deixava a casa mais exposta pela porta.
-Digamos que sim.
A senhora me deu sorriso e me convidou para entrar.
-Ele está lá em cima. - A loira se dirigia a cozinha.
Subi as escadas que levavam ao quarto do Mattheus. Abro a porta e vejo que não havia ninguém no cômodo, com os olhos cheios de lágrimas vem recordações minhas, me sentei na beira da cama e seco as poucas lagrimas que escorriam ao lado dos meus olhos.
Mattheus abre a porta da varanda ao quarto. Ele estava com um short curto e uma blusa preta um pouco úmida, seus cabelos negros estavam molhados e seu olhar se encontrou diretamente, calmamente e sem falhas ao meu.
-Oque faz aqui? -ele pergunta com um mero tom de raiva.
-Eu, é, eu vim te ver...
-Eu não quero te ver vá embora, por favor.
Meu coração ja despedaçado sente como se fosse uma bomba, uma explosão era tudo novamente aquele coração de tantos bombardeios já era totalmente cinzas. Mas o olhar dele,ahh aqueles olhos eram como crianças que viam toda aquela destruição de forma inocente.
-Eu preciso de você!
-Não, não faz isso! - ele falava comos olhos encharcados e fixos em mim
-Eu preciso de ajuda...
-Grace, já faz muito tempo.
-Mattheus, por favor, por favor me ajude.
-Oque você quer? -ele veio ao meu lado e me puxou pelo braço para a sacada.
-Eu quero você, não, não, eu preciso de você Matt!
-Eu já estou cansado dos seus joguinhos Grace! -ele falou com raiva e entrando novamente no quarto.
Continuei na sacada e por micro-segundos tive memórias naquela varanda com vista esverdeada.

Era nosso aniversário de três meses e tivemos uma noite e tanto, umas das melhores da minha vida, após uma transa Matt parou na beira da cama e me olhava tão apaixonado, seus olhos brilhavam feito uma tarde de carnaval.
-Eu te gosto muito... -A sua voz rouca soou tão suave.
-Eu também Matthew.
Desgrudei o olhar dos seus e alcancei a blusa que ele usava e a vesti, mesmo que fosse clichê eu não ligava,adoro o cheiro do seu perfume. Não resisti e peguei o cigarro que estava em cima da bancada e o isqueiro dentro da gaveta.
Fui a sacada e me acocheguei pela vista amarela das folhas no outono, logo Matthew me acolheu em seus braços e ficamos ali, entrelaçados vendo o sol acordar a cidade.

Matt logo voltou para fora e me abraçou, não pude mais aguentar e acabei me desabando em lágrimas, senti o choro do moreno pelas minhas costas, aos poucos tomados pelo cansaço sentamos no chão e em nenhum momento desfazemos nosso abraço.
Nós deitamos ali mesmo , já havia parado com meu choro, eu precisava tanto daquilo, ah como eu nessecitava. Ele me acolheu em seus braços e nós nos passamos proteção.
Um toque na porta fez a gente se afastar. Era a senhora loira.
-Matt eu já estou indo! - Ela falou alto para que o moreno pudesse a ouvir da sacada.
Matthew logo se levantou e foi acompanha-la até a porta, eu também levantei assim que eles desceram fui porta do quarto e ouvi ruídos de suas falas mansas, mas podia apostar que estavam a se despedir.
Não demorou muito para o moreno de olhos negros voltar ao quarto, ele parou antes de entrar no cômodo e me observava.
-Oque estamos fazendo Grace? Eu não quero te machucar novamente. -Sua expressão mudara.
-Nós ficamos juntos, é só isso, tu não me machucarias! eu quero muito você de volta.- falei.
Já com um nó na garganta e segurando minhas lagrimas novamente, ele me abraça.
-Talvez eu não te machuque, mas você? tu me quebrarias novamente...
Eu me soltei de seus braços e olhei seus olhos.
-Mattheus, eu te amo.- nunca havia sido tão sincera em toda minha existência na terra.
-Foi difícil?- o moreno abriu um sorriso de orelha a orelha e me beijou.
Borboletas no estômago, pernas bambas, coração acelerado, tudo junto, em sincronia,nem consegui ouvir o som do ambiente, de nada! aquelo era felicidade que não tinha há tempos.
Aos beijos ele parava e dizia repetidamente varios "amo-te".
Eu ri, o mereno parou e novamente se concentrou o seu olhar ao meu e começou a falar.
-Era só isso que eu precisava para me perder em ti denovo. Por que nunca tinha me dito isso em todo esse tempo Grace? Eu te amo demais, mas tinha medo que não fosse recíproco e então resolvi fazer algo.- terminou sua fala e beijou minha testa
-Como eu podia não te amar?! Mattheus pra você eu falo quantas vezes preciso.Eu te amo, não me abandona...
-Não vou, eu juro!
-Eu to com uma vontade de ir dormir cansada e acordar do seu lado, mas eu diria eu amo.
Rimos e matamos aquela velha saudade que nós atormentava.

Todos os dias desde então não passo um dia que eu o diga o quanto eu o amo, eu que eu passe mais de 24 horas em um dia pensando no moreno. Nosso amor foi como as flores, passou por dias frios e sem vida e na primavera renasceu como se nunca fossemos nos perder.
Não iremos.

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Envolva tudo com amor, passe a amar cada detalhe mas não o guarde ,ele é explosivo em lugares abafados, o libere e realmente fale o quanto ama algo ou alguém, ame tudo, não deixe nenhum espaço sem amor. ame das 6horas até as 5:59, ame durante 31536000 segundos em um ano.
seja, ame e viva!

fim.

Em ritmo de primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora