Santo desejo

Ela me dá mais sensações

No banheiro da escola eu vi você passando um batom através do espelho, hesitei em voltar outra hora.

Mas porque tinha que te evitar mesmo?

— Amigos? Eu vi.

— Você não tem nada a ver com isso. Não palpita.

Ironicamente você riu, continuou a passar o batom e se virou a mim.

— O que vai ser grossa comigo agora, Kassandra? Porque eu te disse a verdade?

— Eu quero te esquecer. Isso que eu quero.

Mas eu não conseguia, não conseguia.

— Sabe porque eu não te beijo agora? — você abaixou a cabeça sussurrando para que ninguém ouvisse — Porque estamos na escola, mas eu adoro ver você tentando resistir. Como foi com o seu "amigo"?

— Foi ótimo.

— Duvido que tenha sido melhor quanto eu.

— Você é muito convencida!

— Hã, Hã! Não. Eu sei da minha capacidade — disse encostando em mim para pegar a tampinha de seu batom.

Quando foi embora eu fiquei paralisada.

Carla, não soava justo.

É estranho como não podemos controlar o coração, é muito ruim quando eu quero te tirar de mim.

— Oi, Kass! — Josh me abordou na saída.

— Oi.

— O que foi? — perguntou levemente preocupado — A noite de ontem? Olha descup...

— Não. Não foi você tá!

— Quem foi o babaca então?

Era uma boa dizer a ele que era "A babaca" e não "O babaca"?

— Não gosta de mim da mesma forma que eu gosto.

— Sem querer fugir do assunto mas você usou ontem como consolo?

— Existe forma melhor superar isso além de sexo?

— Existe!

— Uau, um homem falando que existem coisas melhores que sexo. Que único!!

— O que você tem contra homens? Sério? É feminista?

— Não.

Estávamos no ponto da escola, eu dei o sinal.

— Se tá mal com ele, não precisa me esculachar assim! Falou? — ele acenou e deu as costas pra mim.

Meu coração se entristeceu e eu me abalei, entrei no ônibus cabisbaixa.

Logo me sentei no banco vazio e suspirei longas vezes para não chorar.

Talvez fosse mais fácil se eu estivesse apaixonada pelo Josh. Seria fez mil vezes mais fácil.

Sei que não haveria tantos problemas assim.

Meus pais eram tão ocupados, sem tempo algum então quando eu chegava em casa ficava sozinha, apenas com a Pip.

— Oi, Pip.

Josh da risada do nome que eu dei a minha cadelinha, mas foi o que veio a minha mente.

E eu acho tão lindo esse nome nela.

— Não é Pip? Não é? — eu me sentia uma mãezona falando assim, ela subiu no meu colo e começou a me lamber sem parar — Uuuh,uh, também te amo, também te amo.