Prologo

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Era mais um domingo de futebol, e eu iria ao maracanã com meu pai, o que não era nenhuma novidade, porque costumo ir muito aos jogos torcer para o meu time de coração.

Hoje era dia de Flamengo e Vasco, o que era mais conhecido como "o clássico".  Flamengo e Vasco são simplesmente os maiores rivais de todo o Rio.
- Filha, vamos logo, daqui a pouco o maraca começa a lotar – meu pai disse com a camisa e com a bandeira do time nas costas.

- Vamos Pai – disse animada indo até a ele que me abraçou.

Eu estava com a camisa do Flamengo, e também com duas tirinhas vermelha e preta em meu rosto.

- Hoje vamos ganhar filhota, vamos mostrar o time que manda nessa cidade – Meu pai falou beijando a sua camisa.

Meu pai é o torcedor  mais fanático que eu conheço. Ele vai em todos os jogos, até os jogos fora da cidade ele dava um jeito de ir.

Como de esperado o caminho até o maracanã teve um pouco de trânsito, mas nada tão grande.
Meu pai parou o carro no estacionamento mais próximo do estádio e fomos andando.
Fomos até o setor norte que era onde ficaríamos. Sempre ficávamos no setor norte, por ser onde as torcidas organizadas ficam, então era o setor mais animado.

40 minutos do segundo tempo, o placar estava 1x1, já estávamos prontos para ir pra casa com a tristeza de um empate. Foi aí que um jogador do Flamengo pegou a bola que já estava perto do gol, e marcou. Começamos a gritar, os jogadores vieram abraçar a torcida. O maracanã estava uma festa.

                                             ⚽️

Eu simplesmente odeio a segunda feira, eu sei que essa é a frase mais clichê que existe, mas eu realmente odeio.
Nem mesmo meu time tendo ganhado ontem tira um pouco do meu ódio pela segunda.

Assim que sai da escola, na qual eu estava cursando o último ano, e fui direto para casa para almoçar.

- Boa tarde Maria – falei assim que entrei em casa e dei de cara com a mulher que trabalhava lá e a abracei.

- Boa Tarde Ali – Maria disse retribuindo meu abraço.

- Meu pai já chegou? – perguntei.

- Ainda não Ali, mas já deve estar chegando – Maria respondeu.

Maria trabalha aqui em casa desde que me conheço por gente, gostava muito dela.

As horas foram passando e nada do meu pai chegar
- Ali, eu já acabei de arrumar tudo, e já deixei o jantar de vocês pronto. Eu já estou indo tá? – Maria disse com sua bolsa pendurada em seu ombro.

- Tudo bem Maria, manda um beijo para o seu filho – falei com uma voz desanimada.

- Ei, que voz é essa? – ela perguntou preocupada percebendo a minha voz.

- Não é nada Maria só estou um pouco preocupada com meu pai.

- Não precisa ficar assim não Ali, provavelmente ele ficou preso em uma reunião, daqui a pouco ele chega. – Maria disse me abraçando e logo depois foi embora.

Foram horas de preocupação até que o telefone finalmente tocou, eu fui correndo atender já achando que era o meu pai me dando a explicação do porquê de estar tão atrasado e porque não atendia o celular.
- Alô? – falei assim que tirei o telefone do gancho.

- Olá, gostaríamos de falar com Alicia Mendes? – a voz do outro lado da linha falou.

- sim, é ela – respondi.

- A senhorita pode vir até o hospital copastar – nessa hora meu coração gelou.

- E qual motivo? – lágrimas já estavam saindo de meu rosto pensando no pior.

- É sobre o seu Pai, preferimos falar pessoalmente, te esperamos aqui.

Peguei minha bolsa, chamei um táxi e fui para o hospital.

Chegando lá fui correndo para recepção, sendo chamada atenção por muitos enfermeiros para "não correr nos corredores".

- Gostaria de me informar sobre meu pai – falei com a voz toda embolada devido a rapidez que corri.

- Certo, e qual o nome do seu pai? – a atendente perguntou, certo, tinha me esquecido de falar o nome.

- Pietro Mendes, e eu Alicia.

- Certo, é só aguardar um pouco e já o doutor vem falar com a senhorita – disse.

Foi o que eu fiz, cada segundo dentro daquela sala de espera parecia uma eternidade.

- Alicia Mendes? – um rapaz, provavelmente o médico falou aparecendo na sala de espera que em estava.

- Sou eu – falei levantando.

- Seu pai sofreu um acidente de carro hoje por volta das 15:00, e foi levado para a emergência. Pelo carro ter capotado, demoraram a achar os documentos, então só conseguimos ligar agora.

- COMO ESTÁ O MEU PAI? – falei em prantos, meus olhos já ardiam pela quantidade de lágrimas que saiam do meu rosto.

- Ele tinha perdido muito sangue, levamos ele para sala de emergência e fizemos tudo que podíamos, mas infelizmente seu pai não resistiu. Sentimos muito.

Foi ali que meu mundo acabou, eu chorava e gritava, sentia que todo mundo estava me olhando, eu sentia meu corpo todo doer.
Aquilo tinha que ser um pesadelo, eu só queria acordar e ver meu pai bem, eu só queria abraçar o meu pai. Eu não podia ficar sem ele, ele é tudo o que eu tenho. Desde sempre foi apenas eu e ele.
Foi ele que estava lá nos meus primeiros passos, primeiras palavras... Eu não era nada sem meu pai, sem ele minha vida realmente vai acabar.

- Tem alguém que poderia vir aqui ficar com você? – o médico que ainda estava lá perguntou.

- Não... eu só tenho meu pai.

Exatamente 2 dias que meu pai se foi, e esses 2 dias foram os piores da minha vida.
Eu simplesmente me negava a acreditar que meu pai realmente não iria mais voltar.
Eu não queria acreditar que nunca mais iria abraçar meu pai.
Eu nunca iria em um jogo com ele, que era a coisa que ele mais gostava nesse mundo.
Ele não iria mais ver Flamengo ser campeão.
Hoje foi o enterro dele, eu coloquei com ele uma bandeira do Flamengo, a mesma que ele estava usando nas costas no último jogo que fomos juntos. Lembro que ele falava que o dia mais feliz da vida dele foi quando eu cheguei pra ele e falei "papai me leva em um jogo do flamengo".
Ele realmente amava esse time, e eu vou seguir os mesmos passos, eu tenho certeza que é isso que ele iria querer.

- Alicia, está me ouvindo? – a assistente social que tinha esquecido completamente que estava comigo falou.

- Desculpa, pode repetir? – falei. A assistente social foi em minha casa depois do velório. Provavelmente pra conversar sobre o que aconteceria comigo.

- Então, primeiramente gostaria de deixar meu pêsames pelo seu pai – a assistente falou e eu abaixei a cabeça – Infelizmente você não tem família nenhuma aqui no brasil, certo?

- Certo, era só eu e meu pai.

- Nós conversamos com uma Tia sua, por parte de mãe, conhece?

- A Tia Chloe? Nós nos falamos apenas algumas vezes – falei.

- Por você ainda ser ter dezessete anos, e precisando de um tutor, falamos com ela, e ela poderá receber você.

- Mas ela mora na alemanha, não é? – a assistente assentiu – eu não posso ir para Alemanha, tem que ter outra pessoa que possa ficar.

- Nós procuramos em tudo Alicia, seus avós paternos e maternos já faleceram, seu pai não tinha irmãos, a única que te restou foi sua tia Chloe. Pode não ser por muito tempo, você faz 18 anos em outubro, então você poderá voltar e viver com os pertences que seu pai deixou para você.





Nota da autora:
Gente, eu espero que tenham gostado do prólogo!
Fiz antes do primeiro capítulo para vocês terem uma ideia de como era a vida da Alicia antes de ir para Alemanha, e o que fez ela ir para lá!

beijos, até a próxima! ❤️⚽️

Cartão Amarelo - James RodríguezOnde histórias criam vida. Descubra agora