Monotonia

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COLÉGIO //

      O ano é 2010, seja bem-vindo ao Oliveira Braga: O melhor colégio para quem quer tirar um notão no ENEM e nos demais vestibulares do país. Esta sou eu, Maria Luíza Vasconcelos: A última aluna da primeira geração do colégio. Esse cara bonito do meu lado é o Dante, Daniel Alberto Schmitz: Fotógrafo e co-fundador do nosso excelentíssimo jornal, o Rubro de Ouro. O outro rapaz bonito é o Pedro, Pedro Lucas Silva: Preguiçoso de carteirinha, mas de vez em quando consegue umas boas entrevistas. O cara dormindo na mesa à frente é o Léo, Leonardo Corrêa: Cartunista e...é, cartunista. E por último, mas não menos importante, o garoto magricela entrando pela porta: Vitor Lourenço, nosso calouro ingênuo, e o mais novo membro do jornal. Como já deve ter reparado, somos os membros do aclamado Rubro de Ouro, o jornal oficial do Oliveira Braga que registra os principais acontecimentos do colégio e da cidade. Mas como tudo parece mais emocionante no pensamento, talvez no momento citado nosso jornal não fosse assim tão aclamado.

      - Pessoal, eu não sei como dizer isso mas... - O garoto mais novo começou a dizer com a cara meio contorcida, como se estivesse prestes a dizer que alguém havia morrido. "Por favor, se alguém morreu que seja a megera da Marli Cardoso. Que o caminhão de leite tenha passado por cima dela!" Pensei comigo mesma. - A Marli quer a sala. - No mesmo instante em que o maldito nome saltou no ar, todos na sala deram um pulo.

      - Como assim ela quer a sala? Que se foda o que ela quer!

      - Malu...a calma.

      - Calma? Como assim, calma Dante? A gente lutou com unhas e dentes pra estabelecer esse jornal, e pra conseguir esse cubículo. Afinal, que merda ela vai querer com esse cubículo? Nem eu queria estar aqui!

      - Malu, fica quieta, tá? - Pedro interveio exigindo meu silêncio. - Diz aí novato, o que a Marli quer, e como ela pensa que a escola vai tirar a gente daqui?

      - Bem... Ela exigiu uma reunião com o concelho. Segundo ela o Rubro não é produtivo, então ela quer a sala para a equipe de robótica ou algo assim.

      - Ela exigiu o que? E o concelho vai dar ouvidos praquela piriguete de quinta?

      - Eles já estão dando ouvidos pra ela. Eles estão em reunião. - Isso foi o suficiente para eu me levantar, sair pela porta e andar com passos pesados até a sala de reuniões, onde três alunos e dois professores formavam o concelho estudantil. Mesmo com a porta fechada, claramente dando a entender que estavam no meio de algo importante, eu abri sem cerimônia. Obviamente todos voltaram seus olhares para mim, incluindo a víbora de cabelos loiros.

      - Eu protesto contra essa reunião!

      - Sinto muito, lindinha. A reunião já está encerrada. - Quando ela abriu a boca para soltar aquela voz enjoada, meus olhos reviraram tanto quanto meu estômago.

      - Encerrada? Como vocês podem tomar qualquer decisão que envolva o jornal sem um representante da equipe?

      - Flor, isso não é sobre o seu folhetim, é sobre a escola. Eu apenas reivindiquei um espaço vazio do colégio.

      - Não é um espaço vazio! nós estamos lá!

      - Correção: estavam.

      - Eu vim falar com o concelho, se você não fechar essa boca eu mesma te faço esse favor, flor.

      - Sua animal.

      - Piriguete.

      - Meninas! Já chega. - Um dos professores presentes se manifestou. - Maria, isso não é maneira de se entrar em uma sala de reuniões.