Eu sinto um vazio, e eu não sei se é falta sua, já faz tanto tempo, sabe? Não deveria me fazer falta ainda, mas faz. Eu me apaixonei por você sete vezes. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. E você partiu meu coração em todas elas, você me destruiu em pedacinhos, e você sempre voltou, e eu te aceitava. Eu te aceitava por que enquanto eu te expulsava, eu tentava, eu tentava com outras camas, outras bocas, outros nomes, mas, em todas as sete partidas eu não consegui me entregar de verdade pra ninguém, em todas as suas setes idas e vindas eu jurei que não me apaixonaria de novo, porque sabe, eu até chegava a te esquecer, mas você tem o dom de fazer tudo voltar ao normal rapidamente, e a gente voltava, e eu me apaixonava, e você me machucava de novo, e de novo. Mas dessa vez, eu jurei que não te deixaria voltar, eu tenho cumprindo, mas falta algo. Eu não consigo me abrir com ninguém, eu crio um personagem pra cada cara que me deito, por que nenhum nunca é você. Eu sinto sua falta, desesperadamente, mais do que eu já cogitei a admitir em voz alta, ninguém nunca me fez tão bem quanto você, ninguém nunca me fez sentir explosões em cada célula que nem você, mas em compensação, ninguém nunca me machucou quanto você. Talvez, por que eu criei máscaras para me relacionar, e o máximo que consigam seja atingir essa máscara, mas você não, você tocou tão fundo a minha alma sem ao menos me tocar. Você tocou cada osso, cada veia, cada pequeno espaço do meu corpo de um jeito que eu jamais permiti que ninguém tocasse, você tocou e machucou cada pontinho minúsculo do meu eu e já não sei se algum dia conseguirei reconstruir tudo que você esmagou com sua mão bonita, e com suas tatuagens bem feita e com seus lábios carnudos e com suas pintas no pescoço que me lembravam as constelações, você esmagou tudo em mim, e eu sinto as cicatrizes diariamente, mas o que mais me dói não são os ferimentos. O que mais me dói, é a certeza de que você sempre será como uma bomba, programado pra explodir e machucar tudo que tem em volta, o que mais me dói é a certeza que não saberei amanhã e nem na próxima década ser de alguém como eu fui sua. Hoje eu sou só minha, mas, eu sinto sua falta, porque eu estou partida, destruída, quebrada em dezenas de pedacinhos, e eu sei que nenhuma outra saliva pode me colar, eu preciso da sua. E não, eu não acho isso saudável, mas eu sinto tanta falta de ser sua, que eu quase desejo que você volte, com suas explosões e seu jeito típico de me machucar, por que eu sei que você é o único capaz de me colar de novo, de novo e de novo, independente de quantas vezes você me quebre. Eu não queria, mas eu aguardo pela oitava vez que me apaixonarei por você.
