O sol brilhava tanto naquele dia que qualquer dor da alma deixaria, por aquele dia, de doer.
O sol brilhava tanto naquele dia que me fez apaixonar-me de novo, pela pessoa errada, mas eu senti de novo alguma coisa e isso o que importa.
O brilho do Sol me fez ver naquele olhar uma coisa nova, e tentei me jogar nessa coisa nova. Estava cansado demais da trivialidade. E me atirei sem medo de morrer. Não morri.
Naquele dia, aquele olhar se encontrou com o meu de uma forma tão intensa que não resisti. Sabia que aquilo significava algo. Só não sabia o que. Ou não queria entender.
Naquele dia saímos por aí, sem nenhuma intenção. Conversamos sobre o que de mais lindo há no mundo, o amor. E sobre o que de mais ruim há nele.
-Quantas vezes você amou, tirando as pessoas que você ama?
-Zero vezes - disse eu.
-E você?
- Zero vezes também.
- Tirando as pessoas pelas quais você sente amor, quantas vezes você sentiu o amor?
-Três vezes só -Respondi.
- E você?
-Duas vezes só.
A sincronia estava ali, naquele dia.
-De todas as dores que você sentiu até hoje, qual mais te machucou?
...- O dia que eu percebi que não tenho amigos.
- E você?
...- O dia que um amigo me machucou.
O sol foi sendo escondido por uma nuvem densa, cinza, triste. Mas o brilho nos olhares permanencia o mesmo. Começou a chover. Brincamos na chuva. Andamos ruas e mais ruas sobre os pingos tristes da chuva, falando de vários assuntos.
Sentamos no banco de uma praça. Ficamos lá por um tempo longo, recebendo a chuva. Sem falar nada.
Recebi um raminho de uma flor que tinha no Jardim da praça e retribui.
E choveu mais forte. O céu parecia furioso com algo.A chuva foi cessando, e quando olhamos, já ia dar 9 horas da noite.
...-Preciso ir.
...-Eu também.
Recebi um beijo na testa e um abraço de despedida. E mais nada.
E choveu de novo. Fomos caminhando juntos, conversando ainda sobre algo. Até que chegou um momento que os caminhos não eram os mesmos para ambos. E partiu. Eu parti.E nunca mais vi.