Prólogo: Não me mexi, não desviei o olhar

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Busan, domingo, 15 de julho de 2006.

— Você é!

— Não sou.

— É sim!

— Não sou.

— Negar não vai mudar.

Wonwoo cruzou os braços por conta das minhas palavras, os lábios formando um bico e os olhos semicerrados, ele sequer me olhava preferindo fitar qualquer outra parte da praia. Não rir da cena tornou-se impossível graças a seu jeito criança e minha gargalhada que brotou em seguida o fez ficar mais irritado ainda.

— Eu vou te dá um chute Junhui! – Ameaçou erguendo a perna direita.

— Ei calma! Eu só te chamei de fofo e adorável, pra que essa agressividade toda Wonnie?! – Levantei as mãos em rendição enquanto falava segurando o riso. Wonwoo nunca soube como reagir a elogios então na maioria das vezes (lê-se comigo) ele ficava bravo e me batia. Talvez eu seja masoquista, talvez eu goste de provocar a fera. – Olha eu ainda sou maior que você! Não me ameaça que eu te derrubo no chão, baixinho!

— O que?! Ah você vai ver... – Quando vi Wonwoo se abaixar, por instinto recuei levando minhas mãos para frente do rosto em proteção antes que o punhado de areia me acertasse. Um depois outro e logo ele não parava de me atacar.

— Ya...Ya...Won! – Quanto mais eu recuava, mais Wonwoo me acertava com força. Eu queria rir, mas o medo de entrar areia na minha boca era maior. — Céus, você se irritou mesmo? Me descu-... – dei outro passo para fugir, mas pisei de mau jeito perdendo o equilíbrio e um empurrão me levou ao chão, só não antes que eu agarrasse o responsável.

Caímos embolados um no outro após o espertalhão nós girar me fazendo parar por cima. Apoiei meu braço no peito de Wonwoo para erguer minha cabeça, nosso olhar se encontrou. Ele não parecia estar irritado, mas não parecia completamente calmo. Era incomodante se encarar assim sem dizer nada, abrir a boca pensando em algo pra falar.

— Sai. – Wonwoo foi mais rápido, não tive como reclamar quando ele me empurrou para o lado. Deixei meu corpo tombar e com isso ficamos os dois jogados com um céu banhado por nuvens rosadas e levemente alaranjadas acima de nós. Isso estava começando a virar um hábito.

A praia de Busan era tão linda quanto Jeonghan tinha contado, o pôr do sol chegando, o som dos pássaros no fundo, o vento forte que envolvia nossos corpos, tão refrescante.

Era verão e com o feriado prolongado nossas famílias se juntaram para fazer algo junto. Nossos pais se conheciam desde a faculdade o que fazia de mim e do garoto ao meu lado melhores amigos inseparáveis. Mesmo com nossas personalidades opostas.

— Ya Beanie olhe aquele! Parece tão perdido... —Ri apontando para um pequeno passarinho cinza que tinha saído da formação de sua revoada. Ele olhou e esboçou um meio sorriso, agora sim parecia extremamente calmo.

— Parece você. — Rebateu fazendo-me virar o rosto e encará-lo com uma expressão interrogativa e quando Wonwoo sustentou meu olhar com um sorriso de lado eu desviei o contato voltando a fitar o céu.

— Não acho.

— Annyeong garotos! — Ouvimos e reconhecendo a voz Wonwoo e eu nós levantamos as pressas. Jeonghan hyung se aproximava com uma caixa em mãos. Quando ele parou em nossa frente fizemos um leve arco em saudação ao mais velho que riu fazendo sinal com a mão que formalidades eram desnecessárias. Ele e seus pais tinham se juntado ao clube de melhores amigos a pouco mais de seis meses.

— O que é isso em suas mãos? — Perguntou Wonwoo tirando as palavras da minha boca.

— Hm?! — Ele nos fitou perdido antes de um brilho de reconhecimento surgir em seus olhos.

Crossfire - WonhuiOnde histórias criam vida. Descubra agora