Crossfire - Wonhui

Uma confraternização de amigos de infância?!

Capitulo 1 — Uma confraternização de amigos de infância?!

A manhã estava fria e com neve em Seoul. Fazia três anos desde que minha família tinha se mudado para capital. Três anos desde aquele incidente. Olho para o sinal de pedestre que ainda estava vermelho.

Cada vez mais carros passavam a minha frente fazendo o vento frio bater em meu rosto. Arrumo o cachecol verde que usava deixando apenas os olhos à mostra, meu cabelo escondido por debaixo do gorro. 

Finalmente o trânsito parou e o sinal piscou indo para o verde. Pessoas de ambos os lados da faixa cruzavam a rua. Eu era uma delas, mas meu corpo estagnou quando meu olhar recaiu sobre ele. Meu coração disparou e pensei que ia sufocar ao parar de respirar por alguns minutos. 

Era Wonwoo, sem dúvida. 

Era meu melhor amigo de infância que vinha pela direção contrária atravessando a faixa com as mãos no bolso do casaco, cachecol vermelho cobrindo metade do rosto e cabelo com uma cor azulada – para minha surpresa e os olhos pequenos acompanhando o movimento de seus próprios pés. Ele tinha crescido, podia até dizer que agora tínhamos o mesmo tamanho. O que é uma pena, eu adorava zuar sua altura.

Ergui a mão na intenção de chamá-lo ou lhe tocar ao passar por mim, porém falhei. Engoli em seco e fechei minha mão em punho recuando-a. Frustrado por não ter tido coragem suficiente, como naquele maldito dia.

Fiquei tanto tempo parado no mesmo lugar que tive que correr o mais rápido que pude ao ouvir o som das buzinas estridentes. Ao chegar do outro lado virei de imediato procurando algum sinal do garoto de cabelo azulado.

Nada.

Para alguém que anda tão despreocupadamente ele era bem rápido. Não lembrava de Wonwoo ser assim. 

Desde aquele dia, a vida de nós três: Jeonghan, Wonwoo e eu, virou de cabeça pra baixo. Por agonizantes minutos tivermos que esperar pela chegada da polícia e ambulâncias, sem se mexer, modelos perfeitos de estátuas humanas. Com os oficiais vieram nossos pais e só quando minha mãe me tirou de dentro do galpão e me abraçou me permitir chorar copiosamente.

Vi Wonwoo passar por nós e entrar em um viatura com os pais, eu sentia tanto por ele. Meu estado de choque foi longo. Jeonghan hyung não parecia muito abalado. Se ele estava, não demonstrava. Fomos liberados após os detetives ouvirem nossas versões. Quanto a mulher e a criança, minha ultima lembrança é de vê-los entrar em uma ambulância.

Três dias depois fui visitar Wonwoo após termos voltado para Daegu. Surpreendi-me ao encontrar a casa desabitada. Os Jeon tinham se mudado um dia antes.

Ainda me arrependo amargamente por não ter tido coragem de estar ao lado de meu melhor amigo como deveria. Ele teve que suportar tudo sozinho. Eu fui covarde e pensei apenas em mim.

Por isso decidi corrigir meus erros. O destino tinha me dado uma oportunidade com esse encontro. E eu tinha falhado miseravelmente.

Ainda parado fixei meu olhar no outro lado da rua.

— Jeon Wonwoo... Você não esqueceu de mim, certo? – Indaguei para o vazio e esbocei um meio sorriso antes de virar e seguir meu caminho até a escola. A cor azul daquele cabelo não saia da minha cabeça.

[...]

Desabei embaixo de uma das enormes árvores do campus da faculdade, era só a segunda semana mas eu me sentia acabado. Tinha a sensação de um trator ter passeado pelo meu corpo diversas vezes em marcha lenta para a tortura ser maior. Isso enquanto eu ia da faculdade para o trabalho de meio período em uma soverteria.