Passei a noite toda pensando em uma solução viável, mas nada parecia ser o suficiente para tamanha desgraça. Durante dezoito anos o reino viveu em plena harmonia e paz, entretanto, toda paz que usufruirmos no passado, parece ter vindo à tona como uma maldição.– Ben, você está acordado? – Me sento ao ouvir a voz da Manu.
– O que houve? – Pergunto após abrir a porta.
– Preciso conversar com você. – Ela passa por mim e logo se senta na cama sem se importar com os lençóis desarrumados. – Na verdade, preciso da sua ajuda.
Fecho a porta do quarto e me sento na poltrona. Ela parecia bastante tensa, devido ao fato de que ela não parava de passar a mão em seus cabelos.
– Seu pai descobriu sobre você e o Ian? – Pergunto alarmado.
– Antes fosse isso... – Ela murmura desanimada – Minha mãe não para de falar sobre um pretendente para mim. – Ela arregala seus olhos – Ben, ela está falando sobre casamento e netos. Eu não posso fazer isso. O que eu faço?
– Manu, você sabe muito bem o que deve fazer. Ela não é um monstro e muito menos o seu pai. Tenho certeza que eles irão te entender, até porque você é a única filha deles. Apenas dê uma chance. Estarei do seu lado e a hora que você precisar eu estarei lá. – Acrescento quando uma fagulha de dúvida surge em seus olhos.
– Obrigado, Ben. – Ela sorrir com os olhos repletos de lágrimas – Não sei o que eu fiz pra merecer um primo como você.
Me levanto e me sento ao lado dela. Essa garota foi minha companhia desde sempre, nunca que eu poderia deixá-la sozinha em um momento como esse.
– Minha mãe me disse que ter um melhor amigo é raro e as chances disso acontecer são mínimas, mas, se você tiver a sorte de ter um, pode se considerar a pessoa mais sortuda do mundo – Abraço ela de lado e deposito um beijo no topo de sua cabeça – Eu tive a grande sorte de ter você e Ian como meus melhores amigos e eu vou fazer o possível para ajudar vocês.
– Você promete? – Ela pergunta enxugando as lágrimas que caiam de seus olhos.
– Eu prometo. – Beijo sua testa e sorrio – Vamos resolver isso, está bem?
– Obrigado, Ben – Ela me abraça forte e logo se levanta. – Eu vou ir pro meu quarto. Até amanhã, primo.
Ela sai do meu quarto me deixando sozinho. Tantas coisas estavam acontecendo e parecia que eu estava no meio de todo o caos. Tudo o que eu mais queria era deitar e dormir, mas minha mente não parava de processar tudo o que estava acontecendo. Em um pulo saio da cama e caminho até a varanda do meu quarto.
A brisa em meu rosto era fresca e seu aroma era maravilhoso. Nada melhor do que a natureza. Após pensar um pouco sobre tudo, observo o jardim lá embaixo e estreito os olhos ao ver a Mirella sentada sozinha em um banco.
Desde que a vi, tive um enorme desejo em lhe conhecer melhor. Talvez essa fosse a minha chance.
Me visto rapidamente e desço as escadas em silêncio. Não queria acordar meus pais ou os meus tios. Precisava ficar a sós com ela.
Quando ponho os pés pra fora do castelo, me arrependo amargamente por ter vestido apenas uma blusa. O inverno estava se aproximando e eu não gostava muito de dias frios. Afasto qualquer esse pensamento no momento em que a vejo de mais perto. Ela usava a mesma camisola de mais cedo, seus pés estavam descalços e seus cabelos era um colírio para os meus olhos.
– Acho que você não seria um bom espião... – Me assustei ao ouvir sua doce voz. Ela se virou e sorriu me observando de cima a baixo – Me desculpe, sou um pouco intrometida as vezes.
Ando sem pressa até estar bem próximo dela.
– Posso te mostrar que ser um espião não seria um problema pra mim. – O jeito que ela estreita os olhos me faz rir – Se você me ouviu, foi porque eu quis que ouvisse. – Cruzo os braços acima do peitoral. Esse simples movimento faz com que seus olhos encarassem descaradamente o meu peitoral.
Ponto para mim.
– Não vejo problema em ser pego por uma dama – Ela me desafia ao se levantar e me encarar com um sorriso encantador. Droga. – Sabe que tem muitas vantagens, Ben... – Ela sussurrou a última palavra, me causando arrepios.
– Não sussurre o nome de um homem assim. – Trinco o maxilar – Isso pode o levar a loucura.
– Sabe, na minha opinião isso seria muito interessante. – Ela sorriu ao pôr as mãos em meu peitoral – O que você acha disso, alteza?
– Depende do que o cavalheiro fizer a respeito disso. – Decido entrar no seu joguinho – Será que uma dama não se importaria com tal atitude? – Coloco minhas mãos em seu quadril e vou subindo com elas pela suas costas bem devagar.
Suas pupilas se dilatam ao ouvir minhas palavras.
– Ben, qualquer garota seria muito sortuda por ser tocada por você. – Ela me surpreende ao se dirigir a mim tão diretamente.
– Não são todas as garotas que eu quero tocar, Mirella. – Deixo um longo suspiro escapar, enquanto minhas mãos puxa ela para mais perto – Eu só quero uma pessoa.
– Qual pessoa? – Sua respiração está ofegante quando ela pergunta isso.
– Você. – Essa única palavra foi suficiente para causar um grande reboliço dentro do meu corpo, principalmente no meu coração.
Essa garota vai acabar comigo.
– Ben... – Suas mãos estão firme em meu peito quando ela se aproxima ainda mais – Você é perfeito demais pra mim. Sou apenas uma camponesa.
Sua voz sai mais como um pedido de desculpas, o que faz meu sangue ferver.
– Linda, entenda uma coisa – Coloco minhas mãos em seu pequeno rosto – Minha mãe era uma camponesa e mesmo assim meu pai se apaixonou por ela – Ela arregala os olhos – Eu não estou apaixonado por você. Bom, ainda não. Só quero que entenda que eu não sou do tipo de homem que fica com uma mulher por sua posição social.
– Por que eu? – Ela sussurra, como se falar aquilo em voz alta fosse um grande pecado.
– Porque não você? – As palavras pareceram insuficientes naquele momento, então, fiz algo que nunca me arrependerei.
Olhei bem para os seus olhos azuis e me certifiquei de que aquela vontade não estava vindo apenas de mim. Quando tive a certeza de que o sentimento era recíproco, eu me aproximei apenas alguns centímetros e colei meus lábios naquelas lábios macios e delicados, sentindo algo mudar dentro de mim.
Foi apenas um beijo. Um beijo que ficará para sempre em minha memória. No entanto, não fazia ideia de que aquele beijo, o mesmo beijo que me fez ir ao céu, me levaria a ruína.
* * *
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O Herdeiro
RomanceLivro 2. Após uma gravidez difícil e complicada, Marlee finalmente dá à luz ao príncipe Benjamin Tames Armstrong. Dezoito anos se passaram desde o nascimento de Ben. Como todos esperavam, o menino cresceu e se tornou um homem de caráter. Herdando...