Don't Talk About It

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Coloquem a música para tocar e sintam-se no clima!

"Não fale sobre isso,

varra-o para debaixo do tapete como fazemos, fazemos, não fale sobre isso."

Tove-lo -> Don't Talk About It.

Philadelfia. A populosa cidade do estado da Pensilvânia sempre foi de tirar o fôlego. Uma cidade bonita, lar de todos os tipos de pessoas. Todos os tipos de personalidades e culturas. Tipos de caçadores e de caças.

Todos os tipos de demônios.

Lorrie era um desses demônios. A luxúria, o desejo em forma da maldade. Uma garota difìcil de lidar e impossível de ignorar. Ninguém era capaz de não notar seus cabelos negros e seu olhar predatório pelas ruas da cidade homenageada pelo cantor americano Bruce Springsteen. Lorrie sabia desse seu poder.

Ela sabia do impacto que causava nas outras pessoas.

Sempre soube. E por causa disso, nunca brincou em serviço. Nunca perdeu uma disputa.

Nunca foi ignorada. Apenas desejada.

O barulho de seu pequeno salto era quase imperceptível nas ruas quentes da Philadelfia. Limpando as pequenas gotículas de suor ao redor da fonte, a jovem andava lentamente em direção ao seu destino. Seus lábios levemente cerrados com determinação, indicavam que era a hora do ataque.

Mas apesar de estar acostumada com o título de caçadora nata, aquela situação em que se colocaria naquela tarde ainda lhe causava uma certa estranheza. Um certo embrulho no estômago.

Um calor diferente.

Andando em passos firmes, a garota cruza algumas ruas, arrancando olhares e suspiros de quem passava em sua volta. Não apenas por causa de sua beleza exótica, mas pelo seu andar, seu porte, sua transparência.
Lorrie era o sinônimo de orgulho. De amor próprio.

Selvageria.

Andando mais um pouco, um sorriso surgiu de seus lábios carnudos ao avistar o local onde tanto desejou chegar. Passou a mão levemente na alça de sua blusa fina de cor preta e soltou um baixo gemido de satisfação. Ela havia chegado no seu abismo.

Calmamente, Lorrie subiu as escadas da igreja passando a ponta dos dedos nos ferros antigos. Ao passar pela porta, um arrepiou contornou seu pequeno corpo da cabeça aos pés, arrancando um outro gemido, agora mais baixo. Ela sabia que aquele lugar tão adorado por tantas pessoas lhe causava sensações nada convencionais. Sensações que não podiam ser pensadas no solo sagrado da igreja.

Mas era inevitável.

Ela não conseguia segurar o ardor que crescia em seu corpo toda vez que pisava naquele lugar.

— Perdoe-o, já que eu não tenho mais salvação. — Lorrie ajoelhou na primeiro banco, de frente para a Santa Rita de Cássia, santa daquela Paróquia. Olhou para a imagem de Jesus crucificado e suspirou, temendo pelo grave pecado que estava cometendo há algum tempo.

O pecado ao desejar Francis Fitzgerald, o padre responsável pela aquela igreja dos subúrbios de Philadelfia. Esse homem abalava suas estruturas de uma maneira voraz e irresistível, causando sensações nunca sentidas antes pela moça bem aventurada.

Seu desejo pelo devoto começou há alguns meses, quando a mesma se sentiu interessada a entrar na igreja, durante uma missa de Natal. O lugar estava cheio, iluminado e caloroso. Tudo que envolvia calor chamava pela jovem de lábios carnudos. Apesar de não seguir nenhuma religião depois que se tornou independente dos pais, Lorrie sentiu algo invadir seu corpo, ao ouvir os cantos natalícios. Uma sensação de paz, conforto. A mesma que sentia quando era criança e visitava a igreja na sua cidade natal.

Don't Talk About ItOnde histórias criam vida. Descubra agora