Eu aposto quê...

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Era apenas segunda-feira, mas Im Jaebum já aprontava pela escola.

Seu melhor amigo, Jackson Wang, tinha o desafiado, e como o Im não era de recusar apostas logo aceitou. Era algo bem simples, e na verdade ele se sentiu até mesmo desanimado quando soube o que teria de fazer. Apenas teria de roubar um beijo do garoto mais inteligente da sala, Choi Youngjae. O pequeno e ignorante Youngjae, aquele que sequer dizia uma palavra durante as aulas e que sempre se mostrava bem desinteressado.

Jaebum não tinha vontade nenhuma de beija-lo, não se sentia nem um pouco atraído. Porém as palavras venenosas do Wang e sua curiosidade o fizeram aceitar. Como será que o garoto mais frio da sala reagiria ao receber um beijo? Ficaria assustado? Choraria? Quem sabe até mesmo sorrisse? Eram tantas perguntas e Im Jaebum quis saber a resposta de todas elas. Então, naquela segunda-feira, ele fez sua escolha.

— Eu aceito.

Não que tivesse a intenção de negar na realidade. Antes, mesmo que sem interesse nenhum, aceitaria apenas por causa do dinheiro. Mas queria tanto saber como o garoto reagiria que não se conteve em abrir um enorme sorriso e correr até a sala de aula. Jackson vinha logo atrás arrastando uma multidão de pessoas igualmente curiosas e desocupadas. Logo uma legião de alunos seguia o garoto de cabelos descoloridos e seu amigo rebelde.

Ao chegar à sala de aula, o Im assustou a todos com aquelas pessoas o seguindo. Todos, menos ele, que ouvia música com seus fones de ouvidos vermelhos. Batucava os dedinhos de pontas avermelhadas na mesa olhando para a janela, sem nem mesmo notar que Jaebum caminhava até si com um sorriso enorme no rosto. Apenas se virou quando sentiu aquelas mãos robustas agarrarem seu rosto e o puxarem para perto, alcançando assim seus lábios.

Youngjae se viu surpreso a textura tão macia e quente contra seus lábios, mas logo desfez a expressão surpresa ao ver que o dono deles era Im Jaebum. Empurrou de leve o garoto e limpou a boca com a manga do casaco como quem faz pouco caso, respirando fundo e contendo inúmeros palavrões. Atrás dos dois, o professor encarava a cena com certo desprezo, e não pensou duas vezes ao manda-los para fora — ele sequer pensou, na realidade. Antes de sair da sala, Jaebum pegou o dinheiro no bolso da camisa de Jackson, também contendo algumas palavras de baixo calão. O chinês ria contidamente.

No caminho até a sala do diretor, Jaebum se pôs a observar as reações do menor, mas não encontrou nada de diferente. Ele continuava com aquela cara de poucos amigos e com a áurea vazia. Se viu extremamente furioso quando o Youngjae revirou os olhos e fitou a si com cara de ignorante, mas a raiva logo se foi quando ele abriu a boca e falou algo que Jaebum nunca pensou que ouviria de alguém em uma situação dessas. Claro, como um aluno pouco preocupado com notas e mais socialmente ativo, ele já tinha visto e ouvido muitas coisas... Mas aquilo era estranho.

— Eu quero metade do dinheiro.

— Como?

— Você me ouviu, eu quero metade.

Piscou os olhos de orbes escuras várias vezes até realmente entender o que o menor queria. Ele realmente tinha dito que queria metade do dinheiro? Não ficou nenhum pouquinho bravo? Era quase que impossível aquele tipo de situação acontecer. Era como se tivesse uma falha no sistema, um erro, como se Choi Youngjae fosse um brinquedo errado. Geralmente as pessoas ficariam irritadas ao se verem em uma situação de uso como essa, mas Youngjae apenas tinha dito calmamente que queria metade do dinheiro, sem expressar mais nada do que evidente indiferença contra seu beijo.

Esse garoto era louco ou o quê?

***

O diretor havia decido que iriam ficar a semana limpando as vidraças da escola. Não era algo ruim, muito pelo contrário, Jaebum já estava acostumado. Porém, ter Youngjae ao seu lado fazia-o sentir algo estranho. Ele parecia um boneco sem sentimentos que apenas molhava um pano e esfregava contra o vidro — o que era o que Im deveria estar fazendo ao invés de ficar divagando e observando seu colega de classe. Hora ou outra o menor parava, e logo depois de olhar em volta com os olhos sonolentos voltava ao seu dever.

ApostaWhere stories live. Discover now