All I Want

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Vinte e cinco anos. Hoje eu completo vinte e cinco anos. E não, não se tem nada a comemorar como muitas pessoas pensam.

Meu nome é Fred, Fredward na verdade. E eu nasci com uma anomalia que, ate hoje, ninguém soube explicar. Meu rosto é completamente deformado e, as vezes, me sinto como um animal, que nem sequer sei se existe.

Dói ver a forma como as pessoas olham para meu rosto, alguns com pavor, outros com pena e ainda existem os que me olham como se fosse alguma piada e então eles dão risada.

Conseguir arrumar um lugar para trabalhar foi um grande problema, ninguém queria uma "aberração" em sua empresa, loja ou qualquer outro lugar. Somente um lugar me aceitou como empregado, pois trabalharia em uma empresa fechada.

Mas havia uma condição: deveria entrar, e sair, pelas portas que haviam no fundo do prédio.

Claro que eu aceitei! Não tinha exatamente do que reclamar, era uma empresa conhecida, iria trabalhar o dia todo atendendo telefonemas e o salário também não era ruim. Foi quase um milagre me oferecerem uma vaga em um lugar tão bom.

No entanto, três meses dentro daquela empresa me fizeram perceber que ela não era tão boa quanto eu pensava. Meu dia era feito de piadinhas de alguns dos funcionários, e aqueles que não as faziam não falavam comigo, apenas se fosse extremamente necessário, o que raramente acontecia.

Bem, a culpa era minha, não deveria esperar muita coisa.

No quarto mês entrou uma funcionária nova na empresa.

Ela era, definitivamente, o ser mais lindo que existia na Terra. Seu nome era algo completamente exótico, extraordinário e fascinante, assim como ela por completo. Kodaline. Esse era o nome que poderia me fazer tocar as estrelas.

Seus cabelos ondulados, loiros como o ouro, seus olhos tão claros quanto às águas cristalinas do mar; e seu corpo.. Ah, seu corpo! Era impossível não se perder em suas curvas. Sua voz era como o canto de uma sereia, tão doce, completamente envolvente, poderia passar milênios à ouvindo falar.

Ela passava o dia à apenas três corredores de mim, e mesmo assim não trocavamos uma palavra. Nunca mesmo.

Mas houve um dia em que decidi me arriscar, até por que, que mal poderia ter?

Em passos lentos eu me aproximei da onde ela estava, mandei folhas para a impressora que estava ao seu lado, apenas como uma desculpa, é claro. Quando fui abrir a boca para lhe dar um singelo "Bom Dia" ela pareceu me notar ali, e então um som estridente saiu de seus lábios e em seguida ela sorriu, como se estivesse sem graça pelo que havia feito.

Suspirei, fechei a boca e peguei as folhas logo voltando a minha mesa.

Estava decepcionado, havia me enchido de expectativas por algo impossível, novamente.

Passei horas tentando me concentrar em meu trabalho, mas era algo impossível, aquela cena não parava de se repetir dentro de minha cabeça. Foi quando resolvi tomar uma xícara de café, algo que sempre me acalmou.

Me levantei e em passos lentos andei até a sala dos funcionários. Quando passei pelas grandes janelas e senti o sol forte contra meu rosto. Fechei os olhos e me virei de frente, deixando com que o calor, que aquela grande esfera de fogo transmitia, entrasse pelos poros de meu rosto.

Quando abri os olhos, novamente, pude ver meu reflexo. Nunca odiei tanto ter aquele rosto como naquele momento.

Voltei ao meu caminho.

Tomar café em minha xícara que continham os dizeres "World's greastest employee" (O melhor funcionário do mundo), com certeza iria me acalmar.

Assim que entrei na pequena sala fui direto ao armário onde ficava as xícaras, a peguei e enchi com café, com calma e em pequenos goles à consumi por inteira.

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