Lies

PRÓLOGO

CHICAGO, 7:58

LIESEL CARPENTER

Eu não notei o quanto eu estava ansiosa até o momento em que segurei meu celular e não consegui mantê-lo parado. Deus, eu tremia feito um bambu!
Havia chegado o tão sonhado dia em que eu trabalharia com Nathaniel White, o cara que fez arte com as formas do corpo humano e com as divergência das cores. Magnifico. Eu amava todas os seus trabalhos, mas esses em especial eram de tirar o fôlego.
Quando mandei os meus trabalhos e o currículo não imaginei que seria uma das seis pessoas escolhidas para trabalhar com o cara por dois anos. Era tudo um sonho, o salário era um sonho, o emprego era um sonho, Nathaniel era um sonho. Eu tenho uma puta sorte.
Assim que o táxi parou em frente ao meu novo lar, desejei imediatamente voltar para minha casa minúscula e acolhedora em Lexington. 

O prédio tinha 5 andares, sua pintura etá uma mistura incoerente de cinza escuro e cinza claro, as vezes o preto mesclava aqui ou ali. Cada andar tinha duas sacadas, eram até bonitas, com grades brancas que pareciam desenhos retorcidos, o último andar tinha uma só, porém cabiam duas enormes portas de vidro. O taxista me ajudou a descer as malas e arrastou até o portão de ferro um pouco parecido com os desenhos das varandas, mas esse eram maiores e o branco límpido estava desgastando revelando o cinza metálico por baixo da tinta. O homem gentil ficou esperando até que eu abrisse o portão e entrou no táxi partindo em seguida.

Empurrei um lado do portão e entrei arrastando com muita dificuldade as 4 malas comigo.

- Moradora nova no Castelo?- saltei de susto e me virei para a origem da voz.- Sou Joshua.- estendeu a mao.

- Liesel.- apertei em seguida.

A primeira coisa que percebi foi sua beleza, e a segunda foi sua aliança brilhando em seu dedo. Queimei de vergonha por dentro.
Joshua aparentava ter não mais que 35 anos, seus cabelos eram negros que combinavam muito bem com seus olhos azuis, trajava roupa de atleta e estava suado. Isso me fez lembrar que eu precisava emagrecer.

- Então você mora em qual andar?- perguntei e ele se aproximou dos degraus que davam para uma porta tirando um molho de chaves.

- Moro no segundo.- abriu a porta e então desceu os 3 degraus pegando duas malas minhas e as levando para dentro. Uau. - Estou surpreso pelo Ahern alugar o terceiro andar.

Franzi o cenho quando ele voltou e pegou as outras duas, sobrando apenas uma nécessaire e uma bolsa pra eu levar.

- Qual o problema com o terceiro andar?

- Não sei se há problema algum, é só que, moro aqui a 8 anos e nunca vi nenhum morador lá.- Deu de ombros.

Não disse nada. Atravessamos uma sala com algumas plantas exóticas, uma escadaria para esquerda e uma porta de ferro que supus ser um elevador. Arrastando as malas para o cubículo e assim que as portas se fecharam Joshua virou- se pra mim sorrindo.

- Então, você não parece ser daqui.- Assenti.

- Sou da Carolina do Sul.- Sorri um pouco.

- O que te trouxe a Chicago?- cruzou os braços e eu orgulhosamente expliquei tudo rapidamente.- Nossa, seu trabalho deve ser muito bom.

Assim que as portas se abriram saímos em um corredor pequeno, talhas de madeira escura cobriam todo o chão, as paredes era de um gélido branco e o teto era revestido pela mesma madeira do chão, havia uma janela semiaberta no final do corredor fazendo uma brisa fria pairar no ambiente. Era uma combinação agradável.

- Quando precisar de mim, é só aparecer, a qualquer hora, moro no B. - Ele sorriu largamente e piscou antes de completar e sair: - É bom ver um rosto jovem por aqui.