Dor, Morte e Sangue

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  As sombras começavam a aparecer pelas estradas do Reino das Trevas. Estefan apenas queria um pouco de sangue, algum pescoço descuidado pelo Reino.

    Ela parou, cansada e sem fôlego, sentou em uma pedra e observou o sol sumindo e a escuridão que vinha surgindo silenciosa como gatos.

    Coisas estranhas começaram a passar pela sua cabeça. Estefan estava ruim com tudo que havia acontecido pela manhã, como ela iria governar todo esse enorme Reino?

    A cena toda ainda passava pela sua cabeça, sentado no trono seu pai a encarava. O velho senhor tinha já setenta e nove anos, olhos vermelhos, pele branca e mostrava  toda a seriedade possível. Foi o primeiro rei das Trevas, o primeiro a enfrentar o mundo, cair sem forças no chão e depois de tudo levantar a cabeça.

    Todo o Reino surgiu a partir da União de dois vampiros desprezados pela sociedade, o velho rei Magnus, havia casado com Lúcia e então mudado para um castelo, cercado por uma grande floresta, logo góticos, vampiros e outros seres das Trevas começaram a construir casas e formarem vilarejos ao redor do Castelo. Então o Reino das Trevas surgiu, algumas leis foram criadas para o melhor conviveu da sociedade.

    Os jovens deveriam passar os dias lendo, fazendo canções e poesias, só poderiam casar depois dos vinte anos e com pessoas do Reino; ninguém podia sair por aí sem estar devidamente vestido com roupas pretas, botas, coturnos, ou seja, com visual totalmente sombrio; Ninguém podia atravessar a floresta sombria sem autorização de uma autoridade, pois o rei sabia da existência do Reino Feliz, se os seres das Trevas conhecessem tais pessoas e toda aquela alegria perderiam totalmente o espírito gótico. Se as leis fossem desrespeitadas o ser seria enforcado na frente de todo o Reino e em seguida seu corpo seria jogado para os urubus.

    Naquela manhã o rei Magnus chamou sua filha para uma conversa, que seria muito seria. A moça entrou, fechou a grande porta atrás de si e andou em direção ao seu pai.

__ O que desejas de mim meu pai?

__ Minha filha você sabe que meu tempo está acabando e que a única herdeira de todo esse Reino é você. Eu encontrei um bom rapaz, um vampiro como nós, ele vai casar com você e vocês dois governaram esse Reino com toda a nobreza. E logo irei encontrar com sua mãe, dizem que vampiros são imortais, mas tudo isso é mentira... Você sabe disso.

    Algumas lágrimas que eram sempre vistas pelo rosto da jovem vampira caíram no chão.

__ O nome do rapaz, seu futuro esposo é Daniel Stercan, amanhã ele vira conhecer o castelo e organizar tudo para o casamento que ocorrerá daqui três semanas.

__ Sim meu pai. Eu irei cumprir com meus compromissos de princesa e futura rainha deste Reino.

__ Pode ir agora __ disse o rei fazendo um sinal com a mão direita.

    A vampira já saia da grande sala quando ouviu um grito, olhou para trás e viu que uma faca estava encravada no peito de seu pai. Ela correu ao corpo caído do pai, olhou para os lados tentando descobrir de onde surgirá aquela faca, quem havia matado seu pai.

    Não encontrou nada, nem ninguém, apenas uma janela aberta, mas apenas os dois estavam na sala.

    A moça gritou, logo criados apareceram, o general levou a jovem para fora da sala e trancou a porta. Ela bateu, chorou, gritou, mas ninguém abriu a porta, ela já não entendia. Via apenas o corpo de seu pai falecido e com sangue jorrando por todos os lados.

    Sangue... Ela sentiu vontade de sangue. Olhou pela biblioteca que havia atrás de si, tentou distrair a cabeça e esquecer do sangue, esquecer da cena que vira a pouco. Abriram a porta e ela não quis saber o que havia acontecido, saiu correndo e vagou pelo Reino.

    Agora sentada na pedra ela lembrou do sangue, queria sangue, nem que tivesse que ir até o vilarejo dos góticos para caçar alguma presa.

__ Até que não seria uma má ideia __ pensou sozinha.

    Encarou a estrada que levava para o tal vilarejo. Já havia pegado tantos góticos distraídos por lá, era apenas para saciar a vontade de sangue.

   A jovem saiu correndo, seu vestido preto voava pelo ar, a deixando mais sombria que o normal.

    Logo que se aproximou do vilarejo,  perto do cemitério, avistou uma jovem loira, de olhos azuis, sentada sobre um túmulo abandonado, escrevendo alguma música.

    Estefan aproximou - se da loira, devagar e com calma, não podia perder a presa que já estava em suas mãos. Ela agarrou os cabelos dela com a mão esquerda e puxou com força, com a mão direita tampou a boca da moça para que não emitisse grito algum. Ela sentia apenas a presa com medo, muito medo.

    Estefan aproximou as presas ao pescoço dela e já sentia o sangue quente que iria correr por sua boca, por seus dentes, por sua garganta. Ela pressionou os dentes e sugou o sangue enquanto sentia a presa gemer de dor. A vampira puxou com mais força o cabelo dela, soltou ela em cima do túmulo e olhou os olhos azuis dela.

    Logo a vampira sumiu por entre as trevas e deixou a gótica tentando acordar do choque.

    Apesar de viverem no mesmo Reino, vampiros e góticos não conviviam juntos e não se davam muito bem. Cenas como a de segundos atrás acontecem sempre, aumentando mais a tensão entre os dois vilarejos.

    A vampira parou em frente ao castelo, viu o corpo de seu pai sendo carregado para o fim do bosque, onde seria enterrado. Ela ainda não acreditava que seu pai havia ido para sempre. Estefan entrou, andou para seu quarto e deitou na cama. Ela ainda sentia o gosto do sangue.

    Fechou os olhos. Poderia fazer isso todos os dias, mesmo que fosse contra as regras, afinal ela era a princesa, o que haveria de errado nisso? Um pouco se sangue a fortalecia, a deixava mais forte para enfrentar o mundo se pudesse.

    A moça abriu os olhos vermelhos e eles brilharam. Agora ela mandava em seu próprio destino...

A Rainha das Trevas Onde histórias criam vida. Descubra agora