Capítulo 1: o julgamento

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Hoje é dia do meu julgamento. Hoje vou saber se serei livre ou continuarei neste inferno. Todavia a culpa é minha, ninguém me mandou tráficar. Eu tinha de sobreviver, não via outra solução enquanto me formava. Os estudos eram tantos que não havia mínima hipótese de trabalhar, além de ser preguiçosa e também não estudava tanto assim.

Para quem não me conhece o meu nome é Thalita e sim, eu fui presa. Fui apanhada numa troca, e nessa troca tinha os que fugiam, tinha os que eram apanhados e tinha eu, uma chorona apanhada. Quando a polícia chegou, não tive outra reação sem ser chorar e soltar o que tinha em minhas mãos. No entanto fugir não seria uma boa opção, pois iriam continuar a procurar, a fazer buscas e em fins. Então eu meio que me "rendi", não sou tão durona assim.

Para falar a verdade, eu não tinha tanta necessidade de traficar, até tinha uma boa condição financeira, mas sabe? Eu queria MAIS e MAIS. Eu não estava contente com o que eu tinha. Eu não sei ser humilde e agradecer ao que tinha e agora eu não tenho praticamente nada.

Falemos da família agora.

O meu pai havia nos abandonado (a mim, à minha mamãe e ao meu irmão) á ligeiramente pouco tempo e como eu gostava imensamente dele, isso acabou por me afetar bastante. Talvez uma parte de ter um comportamento assim seja dele.

O meu irmão, o meu querido irmãozinho mais velho, (irônico chamar assim?) este sempre foi um orgulho para a família, tanto pro meu pai quanto pra minha mãe. Hoje ele vive no Canadá com a sua namorada e tem uma ótima vida, já eu não posso dizer o mesmo.

E a mamãe, ela me visita algumas vezes, não por não ter orgulho em mim, porém não sou muito um motivo de orgulho. Ela só está magoada, desapontada comigo desde o dia que recebeu o telefonema da esquadra da polícia.

Era hora, chegou um polícia à minha cela. Abriu e disse para avançar. Fiquei de frente para ele, olhei diretamente nos olhos, quando o mesmo me virou de costas, agarrou os meus braços, colocou junto às minhas costas e por fim, colocou as algemas.

Andamos em direção à porta da esquadra, um carro aguardava para nos levar ao juiz.

Depois de uns minutos já estava lá. Comecei a tremer, o coração a acelerar como se não houvesse amanhã, cada passo que dava, sentia que ia desmaiar.

O castigo seria agora.

Entramos. Estava caminhando de cabeça baixa até que, vi a porta. Era uma porta enorme e por sinal muito bonita. Tinha plantas para decorar, era até agradável, só que não. Ao ver a porta, lentamente fui levantando a cabeça e bem lá ao fundo vi o meretíssimo.

Avançamos. O meu coração batia tanto que achei que fosse morrer.

Depois de algumas (muitas) horas, o julgamento tinha se dado por terminado e pra meu alívio, eu não ia ficar presa, porém não tinha a vida facilitada. Iria fazer trabalho comunitário e usar aquelas pulseiras eletrônicas no pé, que não me deixaria ficar muito longe de casa. Eles acham que eu vou fugir de casa?

E ainda iria ser vigiada quando fizesse o trabalho comunitário.

Bom, nem tudo é mau, pelo menos não ia ver o sol aos quadradinhos...
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Queria agradecer a Beatriz (YasblueBea) por ter feito a capa da minha história.
Passem no perfil dela, ela escreve histórias bem legais.

(Re)começoOnde histórias criam vida. Descubra agora