tudo que começa bem.

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Tu ama com intensidade, como ama?

Tu ama com ânsia, como ama?

Tu ama com êxtase, como ama?

Tu ama com medíocre almejo, como ama?

Tu ama rápido, como ama?

Tu ama só à tua figura, como ama?

Kim Jungeun em teu estado de perdição escrevia em seu bloco de notas, míseras palavras, sentimentos, poesias, sujeira nas unhas que fracamente dedicavam força aos ditos encarregados de levar tuas emoções no mais puro estado. Poética, a garota loira poética. A tristeza em sua forma mais nua, quase indecente.

Kim Jungeun escrevia em seu bloco de notas, no teu maldito disparate de terror, olhava para cima, anotava, usava a ponta do lápis, mordia o canto dos lábios, sangrava no piso.

Poesia. Poesia não nasce feito ademais vidas, nasce de dor e impotência. Histórias sombrias para contar nos bares que sequer carregam importância aos ouvintes, ninguém sente como o próprio narrador. Como eu sinto.

Kim Jungeun comprime sua ruína em cinco ou seis linhas, pois ela é a loira que se apaixonou perdidamente por outra loira. Pois ela é a garota que se apaixonou por quem desdenha até mesmo a alma.

Palavras vagas. Kim Jungeun escrevia em seu bloco de notas. Quem iria dar atenção à isso? Seu coração derretido palpitava num ritmo agoniante, os compridos falanges trêmulos, os olhos ardendo por tanto segurar as grossas lágrimas que, quase que brincando, despejam-se nas bochechas coradas. Nas memórias, Jinsol abraçava seu corpo delicadamente e pedia que ela chore de uma vez só.

Sem Jung Jinsol, Kim Jungeun não iria derramar uma só lágrima.

Tu ama com calma, como ama?

Tu ama com tristeza, como ama?

Tu ama com azul, como ama?

Tu ama com ou sem roupa, como ama?

Azul. Kim Jungeun escrevia em seu bloco de notas, dessa vez a dor física condicionada nos braços saturados de linhas vermelhas. O líquido escarlate expelido dos cortes fundos molhava de maneira doce as folhas que usava, água borrava a tinta da caneta, trancada no banheiro da faculdade. Patética.

Não acreditava em uma força maior, mas no fundo de seu ser ela apenas queria que algo salvasse instantaneamente sua sanidade.

Foram milhares de pessoas vagando milhares de locais. Cada olhar e palavra solta. Por qual motivo Jinsol? Por quê ela? Tantas almas boas. A loira bonita com data de validade e cigarro nos dedos, expressão triste, suicídio batia na porta. E quando entrou, devastou mais que deveria.

Jungeun apontou para Jinsol e brincou, dizendo: esse é o amor da minha vida.

Kim Jungeun escrevia em seu bloco de notas, definitivamente. O longo cabelo também claro voava, misturava-se às nuvens. Ela desejava voar, ela desejava ser morena, ela desejava mudar algumas coisas.

Kim Jungeun abandonou sua mente quebrada, abandonou qualquer chance de continuar, abandonou o bloco de notas e simplesmente pensou em Jinsol.

"Tu és arte para mim e para quem te viu. Espero que Deus proteja nossas almas." Sua voz soou tão hesitante quanto o coração de manter-se batendo. Respirar era sufocante naquele ponto.

Kim Jungeun deixou sua força e caiu com os olhos fechados, a faculdade incompleta, os amigos com saudade, o café ainda cheio na xícara. Mas... Jinsol. Jinsol esperava ansiosamente pela loira de futuro brilhante, mesmo que distante, ela ainda esperava por isso.

Kim Lip para Jinsoul, Jung Jungeun para si mesma.

Tu ama com os braços na minha cintura, como ama?

Tu ama com abandono, como ama?

Tu ama com calor, como ama?

Tu ama com água, como ama?

Tu me ama, como ama?

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