Capítulo 1

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-Quem é você? Tem certeza que mora nesse prédio, senhorita?
Já era a segunda vez que isso acontecia, as pessoas acham que ter uma vida dupla é fácil, quem me dera!
-Ahh, me confundi... É o prédio do outro lado, obrigada mesmo assim.
Antônio me olhou desconfiado. Ele era o porteiro do prédio da Anna, e a Anna era eu. Ou outra versão de mim. Ok, você deve estar achando muito confuso, então vou resumir: eu sou Anna  Vitória, 14 anos, nada de extraordinário, pais ricos, apartamento na cobertura, só nota boa no boletim e com um irmão chamado Valentim de 11 anos. E também sou Lola Robert, mais ou menos a mesma idade, dona do instagram com mais seguidores do Brasil, amigos que costumam dirigir carros de madrugada, um namorado chamado Matheus e cabelos platinados com as pontas rosas ( na verdade é peruca e ninguém sabe).
E naquele momento, eu estava encrencada. Se Antônio comentasse com meus pais que uma garota parecida comigo, já tinha tentado entrar duas vezes, meus pais com certeza iam desconfiar...Nada de pensamentos negativos!
Atravessei a rua e fui para trás de uma lojinha, tirei a peruca, troquei a blusa por uma mais "menininha" e substitui meu tênis, por uma sandália da Melissa. Conferi o relógio: 5h22 da manhã. O que Antônio ia pensar se a misteriosa Lola há menos de 5 minutos, sumiu da sua portaria e então a Anna Vitória  aparece em seguida com a mesma cara de sono?
Tentei a sorte. Precisava dormir até umas 7 horas NO MÍNIMO.
- Bom dia, Antônio. Fui dormir na casa de uma amiga, mas nós brigamos então decidi voltar, não conta pros meus pais... Eles consideram a menina como filha deles e não gostariam de saber da briga.
-Anna, você sabe que é perigoso andar por aí sozinha, não sabe?
-Sim! Posso entrar, por favor?
Ele me olhou com cara de reprovação e assentiu com um pouco de raiva. Nem liguei, apenas entrei no elevador e fechei os olhos.
-Hora incomum para estar dormindo no elevador.- falou uma voz masculina divertida.
Quem era aquele? E como tinha entrado?
-Não é da sua conta, moleque. Me deixa, sério!
-Opa, foi mal se te ofendi falando "oi"...
- Você não falou "oi", você fez um comentário idiota. Olha quer saber? Desculpe - me. Estou estressada.- Realmente eu fui um pouco grossa com ele.
O garoto ficou calado. Porém, ficava me olhando uma hora ou outra, até que por fim desceu uns dois andares abaixo do meu.
- Nós nos vemos qualquer dia. Se você quiser... prometo não comentar se você cochilar.
Ele sorriu exibindo os dentes brancos.
Não tive tempo de pensar sobre ele, só cheguei em casa, entrei no quarto e deitei na cama.
Bom, eu deveria ter pensando a respeito dele. Ah, como deveria.

Anna ou Lola?Onde histórias criam vida. Descubra agora