Ouvi as pedrinhas batendo contra minha janela. Eu estava estudando para um prova, focada em passar de ano, mas qualquer outra coisa seria mais interessante. Quando me levantei, meu celular apitou. Seulbear: vai na sua janela!, brilhava na tela bloqueada. Sorri, sem conter minhas emoções e, ao abrir a cortina, encontrei o rosto mal-iluminado pelas luzes do meu quarto e do poste mais próximo.
— Surpresa. — Sua voz soou baixa, hesitante e sempre no tom perfeito para mim.
— O que te traz aqui, tesouro? — Apoiei meu rosto na minha mão. Rimos, achando graça em nós mesmas.
— Bom, — Claramente pensava em um motivo qualquer. — faz um tempo aí que a gente se conhece, trouxe um presente para comemorar.
— Estou indo. — Disse entre risos.
Infelizmente, não estávamos em um filme. Seulgi não escalaria uma árvore, o telhado ou meu lençol. Tive que sair, como um ninja, do meu quarto até a porta da frente. O medo dos meus pais acordarem existia mas a vontade de ver quem tanto me fazia bem era maior. Abri a porta e não havia ninguém, suspirei, dando uma pequena volta pela casa até chegar no lado com a janela do meu quarto. Estava frio. Encontrei Seulgi olhando para cima, como se esperasse que eu jogasse meu cabelo para ela subir.
Ao notar minha presença, se aproximou e segurou minha mão. A sua estava fria, então, tratei de esquentar segurando todos seus dedos e os mexendo rapidamente.
— Vamos. — Ainda de mão dadas, fomos até meu quarto. Não antes implorar para ela parar com sua crise risos.
— Uh, quentinho. — Ela se soltou da minha mão e se jogou na minha cama, se cobrindo. Realmente, o aquecedor no meu quarto cumpria seu devido trabalho. Ameacei voltar aos estudos e ela berrou: — Ei, vem cá!
Pulei na cama agressivamente sussurrando "Não grita, porra!" repetidamente. Me deitei ao seu lado e permanecemos assim, nos encarando. Sorrisos fracos e sinceros, indo e voltando.
— Cadê meu presente? — Perguntei, me lembrando do tal motivo que a trouxe até minha casa, de madrugada, atrapalhando meus estudos. Queria a agradecer por dar férias aos meu deveres e por tudo também mas guardo as palavras para mim, sou boa nisso.
— Um beijo de esquimó. — Seulgi aproximou seu nariz do meu, acho que era a única parte de seu corpo ainda fria. As mãos quentes estavam pousadas na minha cintura.
Nossos lábios roçaram uns nos outros, ignoramos, como sempre. Mantínhamos contato físico constante, era quase uma coisa nossa. Sempre estávamos abraçadas, fazendo carícias e compartilhando beijos por nossas peles. Algo normal, não é? Somos amigas.
— Quer tirar o casaco? Vai que você acaba dormindo aqui, que nem da última vez. — Seulgi riu baixinho.
— Pode ser. — Assisti ela se espreguiçar e tirar o casaco. Aí era só uma blusa fina, sem sutiã, a calça de moletom e meias.
Ela me abraçou e, pela primeira vez, nossas peles tão próxima causaram uma tensão sexual. Não senti apenas seus seios nos meus, os corações em harmonia e sua perna entre as minhas me fizeram corar. Abri meus olhos encontrando os dela. Entreabri minha boca e vi o olhar de Seulgi descer para a mesma, mordendo os lábios, também desci meu olhar e me perguntei como seria beija-lá. Não importava se era certo ou errado, a ideia me satisfazia.
Inconscientemente, a perna de Seulgi se mexeu um pouco para cima, me contorci e a situação em que nos encontrávamos ficou mais clara. Nos abraçamos mais forte como se, assim, pudéssemos nos tornar uma. Entre arfadas, de novo hesitante, uma mão de Seulgi desceu pelas minhas costas e subiu, por dentro da minha blusa. Desceu e subiu, de novo e de novo. Me acostumando com o carinho e sentindo os arrepios cessando ou, em outras palavras, quando eu menos esperava, ela subiu em cima de mim, tomando todo o controle da situação. Esboçou um sorriso malicioso mostrando que gostava do que fazia. Me levantei também, fazendo suas pernas rodearem meu corpo, e a deitei na cama, ficando por cima. Minha vez de sorrir.
— E aí? Vai me beijar ou não? — Ouvi minha voz favorita quebrar o silêncio antes do meu corpo se inclinar e juntar nossos lábios.
Pela primeira vez, não só experimentei os lábios de Kang Seulgi como também tive o sentimento de "feitas uma para outra" para mim (ou para nós, tanto faz). O "eu te amo" na ponta na minha língua que, na hora, explorava a boca dela. No início, parecíamos tão desesperadas como se nos desejássemos desde o momento em que nos conhecemos. O beijo foi ficando lento e a batida do meu coração acelerava. Senti as pernas alheias me apertarem contra si, cada vez mais forte, e pude jurar que era recíproco. Compartilhávamos tudo, meu amor era dela e o seu, meu.
Quando o ar se fez necessário terminamos o beijo com selinhos e nos deitamos corretamente. Não lembro como Seulgi voltou para casa, ou se voltou. O beijo passou em replay no meu cérebro durante semanas até o dia da prova que eu estudava quando ela interrompeu chegou e nos beijamos de novo e de novo, como um "Boa sorte!". Isso continuou durante uns meses e outros também.
[...]
Olha, uau, obrigada. Não esperava que fly fosse chegar as 50 leituras, imagine 1K+. Não sou fã dos seres humanos mas, galera, vou abrir uma exceção e: vocês são incríveis! Quero agradecer a todos que leram mas principalmente aos que sentiram meus sentimentos nas minhas palavras.
Se alguém aí anda tendo dificuldades em se amar, me chama para conversar. Não sei se posso te salvar mas faço piadas e as acho super engraçadas!!!
Desculpa qualquer erro (me avisem, inclusive). Um abraço virtual em cada um(a) de vocês. Talvez eu volte, talvez não.
Hasta la vista, babies.
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first love yourself.
Poetry[wendy] entre todos os tipos de amor, escolha o próprio.