Sumário
Capa
Rosto
Créditos
Dedicatória
Epígrafe
Metamorfose de uma palavra
I. A civilização do espetáculo
Antecedentes
II. Breve discurso sobre a cultura
Antecedentes
III. É proibido proibir
Antecedentes
IV. O desaparecimento do erotismo
Antecedentes
V. Cultura, política e poder
Antecedentes
VI. O ópio do povo
Antecedentes
Reflexão final
Antecedentes
Agradecimentos
Metamorfose de uma palavra
É provável que nunca na história tenham sido escritos tantos tratados, ensaios, teorias e
análises sobre a cultura como em nosso tempo. O fato é ainda mais surpreendente porque a
cultura, no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer em
nossos dias. E talvez já tenha desaparecido, discretamente esvaziada de conteúdo, tendo este
sido substituído por outro, que desnatura o conteúdo que ela teve.
Este pequeno ensaio não tem a aspiração de aumentar o já elevado número de
interpretações sobre a cultura contemporânea, mas apenas de fazer constar a metamorfose
pela qual passou aquilo que se entendia ainda por cultura quando minha geração entrou na
escola ou na universidade, e a matéria heteróclita que a substituiu, numa adulteração que
parece ter-se realizado com facilidade e com a aquiescência geral.
Antes de dar início à minha própria argumentação a respeito, gostaria de passar em revista,
embora de maneira sumária, alguns dos ensaios que abordaram esse assunto nas últimas
décadas a partir de variadas perspectivas, provocando às vezes debates de grande
importância intelectual e política. Apesar de muito diferentes entre si e de constituírem apenas
uma pequena amostra da abundante floração de ideias e teses que esse tema inspirou, todos
têm um denominador comum, pois concordam que a cultura está atravessando uma crise
profunda e entrou em decadência. O último deles, por outro lado, fala de uma nova cultura
edificada sobre as ruínas daquela que ela veio a suplantar.
Começo essa revisão pelo célebre e polêmico pronunciamento de T. S. Eliot. Embora só
transcorridos pouco mais de sessenta anos desde a publicação de seu ensaio Notas para uma
definição de cultura, em 1948, quando o relemos hoje em dia temos a impressão de que ele