Prólogo

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Eu sempre gostei do frio monocromático.

Eu nunca imaginei alguém como você, mas mesmo sem imaginar, você veio para bagunçar meu mundo preto e banco, transformando os cinzas das minhas madrugadas numa escala de vermelho e bordô.

E eu que nunca tinha imaginado, passei a fantasiar sobre alguém que nunca tinha visto.

Porque suas palavras me faziam querer, querer algo que eu nem sabia o quê. Palavras que antes me faziam ansiar por todo domingo de manhã, onde eu podia devorar cada frase naquele jornal da universidade, agora me fazem ansiar por toda quarta de madrugada, onde eu me embebedo com cada post nesse blog pseudo anônimo.

Eu não sabia, mas agora eu sei.

Oh Jimin, como eu sei, mas desejo que não soubesse. Porque descobrir sua identidade foi meu êxtase e minha condenação. Te ver indo pro estágio naquela revista todos os dias é o motivo de eu levantar 1 hora mais cedo. Me drogar com suas palavras é o motivo de eu estar sempre em casa às quartas a noite.

Você fodeu a minha mente e agora eu só queria que você fodesse com meu corpo também.

Eu me lembro a primeira vez que li algo seu, Taehyung estava mais uma vez em meu dormitório no domingo a tarde, reclamando sobre Hoseok ser um idiota sem consideração. A diferença aquele domingo era você. Você havia começado sua coluna de contos/relatos faziam 3 semanas e tudo que Taehyung queria, era que Hobi o fodesse num beco de alguma rua escura depois do que você havia escrito na semana anterior, mas segundo palavras do mesmo, talvez ele se contentasse com uma foda dentro do carro no estacionamento da boate mais badalada da cidade. E aquilo era o tema da semana.

Eu não sei o porque de ter pego aquele maldito jornal, mas depois daquele dia, tudo que eu ansiava era poder ler mais de você. E a cada domingo eu me nutri com suas palavras, nem sempre sexuais. Você parecia procurar, ansiar por algo, mas eu nunca soube o quê e não saber, só me fez querer mais você.

Você virou meu crush literário e eu nem gostava de ler.

E então as publicações pararam. E num desespero mudo, eu me vi hackeando Namjoon, o editor do jornal da faculdade, apenas pra descobrir que você era você. E eu não parei na minha busca até achar mais informações suas. Seu histórico tinha acesso constante nesse blog, e ao ler a primeira postagem, eu já sabia quem Chim Mochi era.

Mais uma vez eu me vi mergulhado em horas de leitura, me afogando em cada história passada, cada journal, esperando qualquer atualização que fosse pra ter uma migalha da sua alma. Porque eu não te tenho mais aos domingos e aquela maldita revista não é você, eu sei que não. Eu vejo cada palavra mecânica e finamente elaborada por ti que eles publicam, mas eu sei que seu coração não está ali.

Eu gostava dos números e das medidas exatas. Do conforto do previsível, de cada linha de código escrito que se transforma em algo novo, mas totalmente já antevisto e elaborado por mim. Eu gostava, até você foder minha cabeça.

E agora, tudo que eu gosto, tudo que eu anseio, são simples postagens em um blog e retribuir na sua pele, o que você faz na minha mente.

Eu quero fazer você sentir exatamente o que eu sinto com suas palavras, cada arrepio que sobe pelas minhas costas e vai até terminações nervosas do meu braço. Cada parte do meu corpo, que formiga descendo da minha nuca até o meu pau. Quero te provocar e te deixar ansiando por mais, como você faz toda semana.

Eu quero te foder e te dar prazer até você perder a sua sanidade, exatamente do jeito que você faz comigo.

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Meu Crush LiterárioWhere stories live. Discover now