Hoje é dia 3 de julho de 2018. Meu aniversário de 28 anos. E ainda moro com meus pais. Mas isso para mim não é problema já que estou organizada quanto à minha vida. O problema é: quem sou eu? Você pode chamar isso de crise existencial, e logicamente, falando isso desse jeito, é mesmo uma crise existencial. Mas eu realmente não sei mesmo quem eu sou. Se lembra do que você leu no prócactlógo? O lance de se acostumar com a vida, esquecer de onde viemos coisa e tal? Então, não sei de onde vim. Não sei qual é a minha essência.
(E antes de você achar que eu mesma estou escrevendo esse livro e narrando, não. Não sou eu que estou narrando minha própria história (a não ser agora). É que eu conheço o escritor, o cara que está escrevendo esse livro. Mas isso não é importante, foca aí na história. Obrigada.)
Voltando à história... Eu não sei nada sobre a minha família. Quando eu era criança, mais novinha, eu ia na casa dos meus coleguinhas da escola. Eu sempre via aqueles velhinhos com os cabelos embranquecidos, simpáticos (as vezes não). Os chamados "segundos pais". Eu sempre quis ter avós. Não me entendam mal. Isso não uma crítica/reclamação aos meus pais. Eles sempre, desde que me lembro, foram bons para mim. Ainda são. Quando eu disse que moraria com eles até os 30 anos e organizaria minha vida dessa forma, eles super me apoiaram. A questão não é essa. A questão é: de onde eu vim? De onde é a minha família? Quem são? Onde moram? O que fazem? (Hoje, no globo repórter). Quem me dera. São muitas perguntas sem respostas, mas eu sei de duas coisas: meus pais não apareceram do nada no mundo (disso eu tenho certeza. Eu acho.) e os dois são do Ceará.
Tenho algumas teorias sobre minha família, algumas não tão boas, outras não tão óbvias. Tirem suas próprias conclusões.
1. Meus avós eram nazistas. (Não acredito que fossem, já que meus pais e eu não aparentamos ter nenhum traço alemão ou europeu.)
2. Meus pais eram nazistas. (Não faz muito sentido, já que a maioria desse pessoal já morreu faz tempo e meus pais nem são tão velhos assim.)
3. Os pais do meu pai e os pais da minha mãe, meus avós, odeiam eles. (É uma possibilidade já que meus pais não falam sobre isso)
4. Meus pais odeiam seus pais. (Também é uma possibilidade, já que blá blá blá, vocês já sabem.)
5. Meus pais não têm pais. (Não. Obviamente.)
Enfim. Eu não sei de nada. Quando eu completei 18 anos, e achava que já era dona do meu próprio nariz, eu disse que ia visitar o Ceará e descobrir mais sobre a minha família. Eles foram rápidos e secos "Não".Eu tentei me justificar, dizendo o porquê, e nada. Um não simples, seco, rápido e bem entendido. De ali em diante falei para mim mesmo que, quando me tornasse independente, eu iria descobrir quem eu era de verdade, descobrir sobre minhas raízes, sobre minha família.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cactus
RomantizmAna nasceu em São Paulo. Seus pais vieram cedo do interior do Ceará para ganhar a vida na cidade grande. Anthony e sua família não tem muitas condições financeiras, mas trabalham duro para crescer na vida. Assim como um cacto, os dois passam por dif...