Pieces Of You

Capítulo 1: Boys Don't Cry

I try to laugh about it

(Eu tento rir sobre isso)

Cover it all up with lies

(Cobrindo tudo isso com mentiras)

I try to

(Eu tento)

Laugh about it

(Rir sobre isso)

Hiding the tears in my eyes

(Escondendo as lágrimas em meus olhos)

Because boys don't cry
(Porque meninos não choram)

Fechei meus olhos e cantei baixinho, deixando com que a melodia suave da musica me levasse para outro lugar, outra dimensão. Tentando esquecer completamente as imagens grotescas e distorcidas que invadiram minha mente assim que acordei.

Meus pés descalços contra a pedra gelada do chão, me guiavam em direções aleatórias. Eu subia e descia escadas, seguia reto e virava em corredores diferentes, completamente sem destino.

A escuridão da noite percorria todo castelo, enquanto os sons do vento entrando pelos vincos das janelas e o de meus passos eram os únicos a serem ouvidos por todo corredor. Até mesmo os quadros, que costumavam estar atentos e vigilantes durante o dia, estavam quietos.

I would break down at your feet
(Eu me desmancharia aos seus pés)

And beg forgiveness

(E imploraria perdão)

Plead with you

(Imploraria a você)

But I know that

(Mas eu sei que)

It's too late

(É muito tarde)

And now there's nothing I can do
(E agora não há nada que eu possa fazer)

Continuei cantando, sem saber ao certo o que sentir. A letra era terrível e deveria me fazer sentir pior, mas por algum motivo, não fazia.

O som melodioso me acalmava, me lembrando dos dias em que eu ficava trancado no meu armário debaixo da escada e a música que vinha do rádio da Tia Petúnia que tocava na cozinha, era a única coisa que me confortava.

Aqueles momentos eram tão especiais.

Valter não gostava que ela colocasse o rádio para tocar pois impedia que ele escutasse o som da TV, então minha tia apenas ligava quando ele estava no trabalho.

Depois que eu terminava as minhas tarefas do dia, ela me trancava no armário com uma única fatia de pão e só abria novamente para me fazer preparar o jantar.

Sempre que o som tocava, eu me sentia menos solitário. Aquelas vozes me acompanhavam, fazendo com que eu percebesse que o mundo não se limitava à casa dos Dursleys. Mas que havia muito mais. Canções de amor eram minhas favoritas. Sonhava que um dia encontraria alguém para me amar tanto quanto as músicas diziam ser possível. Um tipo de amor que me deixaria aquecido e levaria todas as coisas ruins embora.