Capítulo 1: tomando conhecimento

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  Não é fácil se encontrar, quando tudo o que se vê é uma tremenda zona. Essa é a minha mente.
   Um rapaz chamado Josh acabara de me convidar a fazer dupla com ele no trabalho de biologia, há 3 minutos, para ser específica. Nunca fui boa em exatas, ele sim, contudo não curtia a matéria de biologia, isso explicava sua dificuldade, nunca entendi porque pessoas de exatas costumam não gostar de biologia, é meio fora de lógica para mim. Topei fazer com ele sem contestar. Por burrice, talvez, por ser boazinha até demais ao ponto de não saber dizer "não", mas Josh não era qualquer pessoa, que poderia vir a tirar proveito de minha fama - a intelectual. Nunca concordei com esse título, pois sempre fora lerda, mas esforçada. Se Josh estava fazendo dupla comigo, apenas porque sabia necas da matéria, afinal, eu nem me importava. Faço isso para todos que me pedem, então, qual o problema de fazer para Josh? Além do que, tinha uma super incontrolável escondida paixão por ele. Ele é o que pode-se dizer de, popular, mas um grande vagabundo. Porém o que posso  dizer, seu intelecto é bem mais recompensador do que as notas que tirava. De certa forma, me sentia feliz com isso, pois desta maneira ele não teria opção a não ser  minha próxima dupla nas próximas... Aulas da vida dele.
- Olá Catherine.
- Oi Josh.
- Tem dupla pro teste de Química?
- Em dupla?
- Sim. Mr. Brad foi legal desta vez.
- Bem, não tenho, mas você não é bom em Química?
- Eu sou, mas você não. - Fiz uma cara de espanto, ele riu, para tudo gente, Josh Foster está sendo legal comigo?
   Mr. Brad começou, dando os avisos a respeito do teste, que por sorte minha dupla é nada mais nada a menos que o cara mais inteligente da sala. Não há possibilidade de não me apaixonar.
   Logo após ele pede silêncio e faz a organização da sala, e os cochichos me dispersam.
- Catherine? - chama Josh.
   A princípio demoro a responder, mas depois de alguns séculos fora de órbita minha mente volta à tona.
- Ah...?
- Eu já terminei.
- O quê?! Mas eu não participei de nada...
- Nem era necessário. - ele ri.
- Mas você fez em menos de meia hora, não quer conferir?
- Não, tá comigo, tá com Deus. - ele manda uma piscadela pra mim e entrega o teste. Olho ao redor e percebo que nós fomos os únicos a terminar. Os outros, entretanto, sequer repararam; seus rostos aflitos falavam por eles, que com certeza, sem sombra de dúvida, não faziam ideia do que se tratava o assunto. Por um segundo, me senti desconcertada, será que Josh não errara uma questãozinha sequer? Não... não. Não Josh.
- Hum... Cath? - ele me chama novamente. Cath. Oh meu Deus... Não sei por que este simples apelido me derreteu tanto.
- Nós... Temos bastante tempo ainda. Você tem algum compromisso?
   Ai, ai, faz alguma coisa, rápido, rápido, FAZ ALGUMA COISA CATHERINE! - Não... não tenho nada programado, não. E você?
- Não. Está a fim de fazer algo? - Novamente eu saio de órbita, me questionando milhões de vezes seguidas se essas alucinações não seriam meros frutos de todos os meus sonhos em conjunto. Continuo sem responder. Acho que essa era uma pergunta retórica. Não é o que a expressão dele diz, seu olhar interrogativo me sugere que algo deveria ser respondido. Há bastante tempo.
- Claro, Josh. - é tudo o que sai de minha boca. "Claro Josh?" Poxa Catherine, o cara mais gato da escola acaba de te chamar pra sair e isso é tudo o que você fala?
- O que você quer fazer? - pergunto.
- Ah, nada disso.
- Maldade - sorrio.
- Apenas siga-me. - Eu obedeço-o e fico logo atrás dele, ele faz um gesto com as mãos me dizendo para me aproximar mais.
   Ficamos lado a lado e em poucos minutos vejo a escola como uma miniatura à distância. Não sei como me distraí tanto, mas agora estamos dentro de uma floresta, e percebo, não faço ideia de onde estamos. Começo a ficar apreensiva e a vontade de perguntar a Josh onde estamos é tremenda, porém o medo dele reagir mal não me permite perguntar.
   Para meu alívio, nós já saímos da floresta e damos de cara com uma cachoeira linda, estupenda, maravilhosa. Nem me lembro mais porque estava com medo, olhando essa beldade aqui, realmente não me interessa. Fico boquiaberta com a beleza, e acabo fitando a fio as cores rosa e azul marinho cristalizadas correrem pela água corrente, e até as pedras tem beleza inestimável. Este lugar é extraordinário. Olho para o lado e vejo Josh, já à distância, nadando para o que parecia ser uma suposta gruta. O que me faz refletir o quanto me perco facilmente em meus próprios pensamentos. Fico indecisa se pulo na água ou não; se tiro as roupas e fico apenas de lingerie ou não; ou, se apenas observo. Decido que é melhor entrar. A água parece estar gélida, obviamente, a essa hora do dia, mas meu jeans provavelmente iria atrapalhar meu nado que já não é lá essas coisas.
   Tiro o calça, e depois a blusa, e vejo o quão baixa está a temperatura, sinto um intenso frio percorrer a espinha de meu corpo e me contorço em calafrios. Sento-me na beirada do penhasco e toco a água pela pontinha do dedão do meu pé direito, mas antes ouço um grito de longe: "vem logo!" - grita Josh ecoando á distância. Me preparo, conto até três, fecho os olhos, trinco os dentes, corro, prendo a respiração com as mãos e dou um pulo na água.
   Para minha surpresa, a água está aquecidíssima. A densidade da água é bem fluida, o que me permite uma ótima locomoção, me sinto uma nadadora profissional, estou impressionada.
   Chego rapidamente aonde supostamente ouvi o chamado de Josh.
- Josh? - minha voz ecoa para os quatro cantos da pequena gruta. Sigo para frente e o vejo em sua imagem mais resplandecente: apenas com sua calça jeans e seu corpo torneado. Estava completamente errada em pensar que este ser divino poderia ser mais lindo do que já é. Não sei explicar porque, mas agora me sinto extremamente atraída por ele, como nunca antes, seu cabelo desgrenhado e molhado, seus profundos, intensos e penetrantes olhos azuis, sua boca rosada e carnuda, seu olhar que me prende de uma maneira, seu porte sensual e tão másculo, sinto que estou a beira de enlouquecer, e posso jurar que me aproximara mais dele involuntariamente, até tomar a consciência e perceber o quão envergonhada me sinto, tão exposta, apenas com minha lingerie branca - meu sutiã e calcinha de renda. Não sei se deveria me sentir tímida ou sensual, se isso é bom ou ruim, o fato é que agora não faço a mínima ideia do que fazer ou falar. Apenas me mantenho imóvel admirando-o, sem demonstrar isto -, espero. Estamos sozinhos e o que espero de sua reação é sair subitamente e me deixar aqui sozinha flertando-o com o olhar. Ao invés disso, ele retribui o flerte, prendendo-me ainda mais com o intrigante olhar, e isso me excita ainda mais, sinto que nós nos aproximamos mais e mais, e realmente não é só loucura, estamos a meio centímetro de distância e tenho certeza que estamos prestes a nos...
- Porque demorou tanto?
    O quê?
- Eu... é...
- Quero te mostrar algo.
- Tá- antes que eu dissesse algo à minha defesa ele já está a meio metro de distância. Não é possível, ele é mais intrigante do que eu imaginava.
   Tenho que correr para acompanhá-lo, quase voar, e não sei como um ser humano é capaz de dar passos tão longos e graciosos ao mesmo tempo, é surreal.
   Passamos por um lugar escuro, e para o que supostamente parecia ser apenas uma pequena gruta, se transformou em um amplo espaço cavernoso. Tropeço em uma pedra, e iria cair, e fazer o maior alvoroço, se não fosse Josh para me segurar e tampar minha boca com apenas uma mão, que impressionantemente cobre metade do meu rosto.
- Shhh. - alerta ele. Não havia compreendido o porque da atitude, até me assustar com o barulho das asas de um grupo de morcegos, ele me guia a abaixar, esperamos eles passarem e depois retomamos à rota. Josh segura minha mão para garantir que não me perca - ou não vá fazer nenhuma besteira, suponho.
   Finalmente, avisto uma pequena luz de relance que toma uma maior proporção à medida em que nos aproximamos, me alivio, pelo menos, agora posso me localizar. Ou, não. Mas agora, tudo está mais claro, literalmente.
   Achava que iria dar de cara com um céu aberto ou algo do tipo, mas percebo, que apesar da claridade estar mais concentrada, o sol ainda está muito longe daqui. Agora não sei conciliar este passeio - não sei mais distinguir se isso está sendo legal, de uma forma estranha, mas diferente, nem mesmo sei que espécie de lugar é esse, sim, coisas novas me excitam, e a mesmice e previsibilidade me cansam, contudo, isso está estranho demais para qualquer pessoa. Na verdade, qualquer ser que tenha o mínimo de racionalidade possível.
  Todavia, me arrependo de ter o pensado, toda a esquisitisse perde  qualquer sentido comparado com o que eu acabo de me deparar. Se isso não é o paraíso, juro que não sei o que é.
- Josh, eu... - não consigo terminar a frase de uma forma compreensível humanamente falando, então apenas gaguejo buscando as palavras certas. Elas não existem. Definitivamente, me sinto como um bebê recém nascido que desconhece as palavras e a organização delas, ou, uma caipira, que não sabe se expressar. É uma confusão de sentimentos e pensamentos. Seja lá o que foi que aconteceu aqui, isto é real. Sei que o caminho que trilhamos até aqui foi um tanto quanto grotesco, confesso, mas aqui se encontra, tenho certeza, o lugar mais lindo do mundo. O que me leva a pensar o porque Josh me trouxera aqui. Por que eu? Estou estupefata. 
  

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⏰ Última atualização: Jun 03, 2019 ⏰

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