À noite, a pequena folha encolhia-se ao frio. Sentia o sereno escorrer dentre sua textura irregular. Ao raiar do sol, caiu uma garoa. Quieta e encolhida, observava as irmãs bailarem e cantarolarem ao passar do vento e o cair das pequenas gotas d'água.
Geladas gotas d'água, balançavam-na de um lado ao outro, desajeitada e indefesa. As irmãs deslumbravam-na ironicamente; ela sem o que fazer encolhia-se envergonhada. Ao passar da garoa, o céu se abriu em luz. Os pássaros cantarolavam sobre os galhos.
- Ó irmã – Falou para a folha ao lado – Por que o céu há de chorar para nós?
- Pergunta tola, calo-me à esta sua miserável inocência. – Respondeu-lhe friamente a folha.
A pequena folha permaneceu calada pelo resto da manhã. Ao cair da tarde, cá vinha desajeitada e rastejante a lagarta.
- Venha cá doce amiga – Gritou para a lagarta.
- Diga minha amável e suculenta folhinha.
- Por que o céu chora por nós?
- Que pergunta tola, óbvio que ele chora és por ti e esta sua doce e suculenta graça. – Respondeu a lagarta.
Feliz ponta a ponta a pequena folha despediu-se da lagarta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cá ao Vento: A biografia de uma folha.
Short StoryCá ao vento, a folha plana sobre a brisa. Sem destino, sem objetivo. Apenas deixa-se levar-se à vida.