Prólogo - Parte 2

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De repente, um grito o tirou de suas lembranças.

– Papai, o que está acontecendo aqui?

Era Lethória, a filha de Helzor que adentrava o salão arfando. A mulher de estatura mediana e longos cabelos negros, cujos olhos verdes demonstravam medo e curiosidade, logo foi ao encontro do pai. Fagur se afastou para que ambos pudessem conversar.

– Agora não, minha filha – disse Helzor. – Não temos tempo para essa conversa. Há coisas mais importantes a resolver.

Lethória ainda pensou em insistir, mas no exato momento em que seus olhos visualizaram naquela mesma sala, um rosto por ela muito conhecido, foi como se ela tivesse acabado de levar um choque. Porém, o susto não se devia apenas a pessoa, mas principalmente a situação na qual aquele homem se encontrava.

– O que significa isso, pai? – questionou ela ao ver um homem dentro da redoma do destino.

– É complicado, minha filha – disse Helzor. – E este não é o momento e nem o lugar.

– Mas pai...

– Por favor, Lethória – Helzor encarou a filha com um olhar severo. – A situação lá fora está tensa!

Lethória conhecia o pai o suficiente para saber que ele falava sério. Porém, as pessoas lá fora não tinham a mesma importância daquela que se encontrava na situação a qual ela reivindicava uma explicação. Sendo assim, se o pai não queria lhe explicar, ela iria direto a fonte. Quando Helzor voltou a dar atenção a Fagur, ela aproveitou-se desta distração para correr até o fundo do salão, onde encontrava-se a redoma do destino.

– Lohan! – bradou ela ao colocar ambas as mãos na redoma, cujo vidro transparente a deixavam visualizar o homem a quem ela amava. – O que está acontecendo?

Lohan, o filho de Fagur estava sentado na cadeira, com ambos os pulsos presos e agulha intravenosas nos braços. A cabeça estava arqueada a frente e seu queixo repousava sobre o peito. Já os cabelos, negros como carvão, estavam desgrenhados.

– Lethória... – murmurou ele.

– O que está acontecendo, meu amor?

– Lethória – ele lentamente ergueu a cabeça, revelando a ela um olhar de tristeza. – Seu pai...

– Lethória! – bradou Helzor, assustando a filha e interrompendo Lohan. – O que foi que eu lhe disse? – concluiu, agarrando-a pelo braço.

– Solte-a! – berrou Lohan, agora com fúria no olhar.

– Quem você pensa que é para me dizer como agir com a minha filha? – reagiu Helzor. – Você não passa de um traidor!

– Helzor! – O líder do conselho virou-se e viu-se fuzilado pelo olhar de reprovação de Fagur. – Chega!

Confusa por ver o líder do conselho receber uma reprovação direta na frente de outras pessoas, Lethória foi enfática:

– Alguém aqui quer fazer o favor de me explicar o que está acontecendo? – indagou ela, olhando para os outros membros do conselho.

– Tirem-na daqui! – ordenou Helzor a dois Dyorá, a líder do Clã de Sustentabilidade e Há-fir, líder do Clã Educacional.

– Pai! – protestou ela, enquanto era conduzida para fora.

Enquanto via sua amada ser praticamente arrastada da sala, Lohan fixou seu olhar no líder do conselho antes de falar.

– Como será que sua filha irá reagir quando descobrir que tipo de pessoa é o pai dela? – Helzor pode notar fagulhas de ódio nos olhos de Lohan. – Vocês sim é que são os verdadeiros traidores aqui! – concluiu ele, pairando seu olhar por alguns instantes sobre cada membro do conselho, inclusive seu pai.

– Já chega, Lohan – bradou Fagur. – Está na hora de você encarar as consequências de seus atos, meu filho.

– Não pense que me agrada ve-lo sentado aí desta cadeira, Lohan – disse Helzor. – Eu sei o quanto minha filha o ama. Mas você optou por escolhas muito erradas.

Pousando a mão sobre o ombro de Helzor, Fagur foi direto.

– Vamos acabar logo com isso.

– Você está certo, meu amigo. Não temos mais porque postergar isso.

A seguir, Helzor afastou-se um pouco da redoma, antes de iniciar seu discurso de abertura:

– Senhores, estamos hoje aqui reunidos... – Helzor interrompeu sua fala ao perceber a distração de Jax-Mur, o líder do Clã Militar que mantinha-se a janela em razão dos gritos que vinham do lado de fora do palácio; de Ravon, líder do Clã Medicinal Cientifico e Jazyr, o líder do Clã Medicinal que cochichavam algo. – Senhores, vamos dar prioridade ao julgamento! – advertiu.

Os membros do conselhos acataram a ordem e aproximando-se do líder do conselho, que prosseguiu.

– Estamos aqui hoje reunidos para o auto julgamento de Lohan, que por seus atos contra Veltron está perante nós, tendo uma escolha a fazer, e que selará seu destino – disse ele. – Se o réu julgar-se arrependido, optará pela reprogramação e apertará o botão sob sua mão esquerda. Agora se mantiver a postura de rebeldia contra nossas leis, optará pelo exilio e apertará o botão que está sob sua mão direita.

Lohan apenas observava, enojado aquelas palavras tão cerimoniais. Contudo, mantinha-se calado.

– Dito isso, agora cabe a você, Lohan, filho de Fagur selar seu destino. – Helzor virou-se de costas para a redoma. – Qual será seu veredito?

Lohan olhou para todos naquela sala. Era evidente que seja lá qual fosse sua escolha, a sua vida jamais seria a mesma. E por esta razão, querendo pesar cada detalhe da escolha que faria, ele fechou os olhos e mergulhou nas lembranças dos acontecimentos dos últimos sete dias.

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⏰ Last updated: Apr 10, 2018 ⏰

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Os Filhos de VeltronWhere stories live. Discover now