Rosemary.

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POV ROSE

Iria fazer 3 meses desde minha mudança para a Coréia do Sul...

Eu tinha 7 anos e minha mãe conhecera meu pai no Brasil, decidimos vir morar em Seul.

Lembro de algumas vezes ver meu pai chegar em casa mais tarde do que deveria. Eles sempre brigavam.

Era um domingo nublado e eu caminhava sobre o meio-fio, com cuidado para não tocar nas linhas, é claro. De repente ouço algo se quebrar com força no chão ou talvez na parede. O som vinha da minha casa, que era em um apartamento em cima da padaria da minha omma.

"VAGABUNDO DESGRAÇADO."

Palavrões que não deveriam ser pronunciados em casa, eu me lembro.

Subo pelas escadas que levavam até a porta da nossa casa e abro-a com delicadeza.

A gritaria começou a ficar ainda mais alta a cada momento que eu chegava perto.

Com medo daquela situação, coitada... afugentei-me debaixo da mesa, escondiada pela toalha branca.

"LARGUEI TUDO NO BRASIL PRA VIR MORAR AQUI E VOCÊ ME TRAIR DESSA MANEIRA! BASTA!"

Imaginava, porque eles estavam brigando tanto ?
Era inocente.

"ACHA QUE EU NÃO SEI QUE A ROSE NÃO É MINHA FILHA ? VOCÊ TAMBÉM ANDAVA ME TRAINDO! HIPÓCRITA!"

Esse papo estava começando a me deixar muito nervosa

"- A CLARICE ME CONTOU DO SEU CASO COM O ALEXANDRO, E É CLARO QUE AQUELE GIGOLÔ NÃO TERIA RESPONSABILIDADE O SUFICIENTE PRA CUIDAR DE UMA CRIANÇA RECÉM NASCIDA!
- CALA A BOOOCA !
- TEM MEDO QUE ELA ESCUTE QUE SUA MÃE É UMA VADIA ?"

Mamãe... papai... o que aquilo siginificava ?

"ALICE, PARA COM ESSA MERDA, SOLTA ESSA PORRA DE FACA!"

De repente, ouço um som... o som de carne sendo cortada por metal fino. Um som que ficaria na minha mente por toda a minha vida.

Eu saí debaixo da toalha e vi ali, o corpo mutilado de meu pai. Com seu estômago pra fora do corpo.

"FI-FILHA! O QUE VO-VO-VOCÊ ESTÁ...."

Eu só me lembro de cair de costas no chão, tentando abafar meus gritos de horror. Meu nariz já estava entupido e minhas lágrimas se misturavam a minha pele seca e pálida.

Lembro da minha mãe me segurando no colo com suas mãos sujas de sangue.

"Va-vai ficar tudo bem querida... você vai ficar b-bem."

A mulher soluçava enquanto pronunciava-se em uma tentativa falha de compartilhar segurança a sua cria.

POV ROSEMARY DE 13 ANOS.

(Escrevendo no Diário)

Querido diário. Você últimamente tem sido o único com quem eu venho desabafando esses dias. Não quero magoar você, mas eu não sei se um livro conseguirá ajudar com os meus problemas.
Mas a vida é assim. Uma merda. Não tenho amigos no orfanato. Não sei qual a definição da palavra felicidade, na prática. Por isso, eu acabarei com a minha vida hoje. Não há mais esperança.

Havia acabado de sair da escola, tinha que pegar um ônibus de volta para o orfanato, mas decidi encurtar o caminho.

Desço alguns bairros antes. Na Ponte DongHo.

Uou, é alto...

Fico de pé no para-peito da ponte e deixo que minha pasta caia primeiro que eu. Demorando uns 3 segundos pra cair na água.

Ouço o som de uma bicicleta freiando atrás de mim.

- EI!

Olho pra trás e vejo que era um garoto com a pele de porcelana e cabelos negros e bem lisos.

O ignoro e tento pisar no ar.

Mais uma vez sou interrompida.

- Não faça isso, você é muito nova!

O desconhecido começa a se aproximar de mim.

- Quem você é ? Você nem ao menos me conhece. Saia daqui! Me deixe fazer isso sozinha! - Falo por cima dos ombros.
- Não te conheço, mas sei que não é isso que você quer de verdade. - Ele começa a se aproximar devagar.

Ele deveria ser uns 3 anos mais velho que eu.

- Fica parado! - Eu grito para o maior. - Você não sabe o que eu tenho que passar todo dia.
- Você pode experimentar me contar. - Ele estende a mão para mim.
- O-o que ? V-você quer saber de mim ?

Antes que ele pudesse responder eu desvio minha atenção e na hora de virar de frente para o mesmo. Escorrego e caio. Havia conseguido o que eu queria.

Mas quando eu menos espero. Suas palmas quentes me seguram pelos dois pulsos e me trazem de volta para o chão.

- Uou! - Ele respira fundo - Essa foi por pouco.

A primeira pessoa que havia realmente se importado comigo...
Ele logo em seguida me levou na garupa de sua bicicleta até a parada de ônibus mais próxima e me pagou um sorvete.

No dia seguinte, minha Unnie foi até o orfanato e me adotou. E eu a conheci por sua causa. Ele salvou a minha vida. E uma das coisas que eu mais me arrependo nessa vida.... é de não lembrar qual era o seu nome.

CONTINUA...

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⏰ Última atualização: Apr 21, 2018 ⏰

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♡The Psychology of Love♡ | KIM SEOKJIN & KIM NAMJOON |Onde histórias criam vida. Descubra agora