01. Palavras que guardei

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    “Harry Potter.

      Um nome. O garoto que sobreviveu. Aquele que todos querem conhecer, que todos admiram, o único que conseguiu derrotar Voldemort.

      Você.

      Eu nunca fui diferente. Sempre quis conhecer aquele menino que, com a minha idade, fizera um feito tão grande. Você, Harry Potter ficava em meus pensamentos todos os dias. Eu imaginava como você seria, se iria para Hogwarts, como eu, e se poderíamos nos tornar amigos.

      Esse sonho foi por água abaixo quando deixei a minha mania de falar sem pensar assumir o comando. No dia em que chegamos em Hogwarts, eu te vi. Os cabelos pretos rebeldes, os olhos verdes demais. Eu me aproximei você, em uma tentativa de me tornar o seu amigo. Mas, ao dizer o meu nome, Ronald Weasley riu, e eu retruquei a sua risada.

      Você ficou irritado, Harry. Não quis ser amigo do garoto que ofendeu o outro, mesmo que o ruivo tivesse, de certa forma, me ofendido primeiro, e eu apenas revidara.

      Um fato que nunca falei, é que eu sempre invejei a amizade de vocês com Hermione Granger. Vocês eram um trio tão unido, e sempre se aventuravam. Durante todos os anos, eu ficava, de alguma forma, sabendo das aventuras de vocês, e elas me pareciam tão legais. Eu queria tanto estar com vocês.

      Eu fiquei sempre por perto, Harry. Eu te observava, e sempre que você me via, parecia deixar claro o quanto me odiava. Eu ainda nem ao menos tinha dado motivos, mas você parecia me odiar.

      Lembra daquele dia, em que eu peguei vocês na casa de Hagrid? Você nunca sequer desconfiou, aposto, mas naquele dia eu estava sem sono, e andava pelo colégio, quando ouvi os passos e vozes de vocês. Passei a segui-los, querendo, de alguma forma, fazer parte de o que fosse que vocês fariam.

      Foi no momento em que você me viu, Harry, com aquela raiva que você sempre me olhava, que eu decidi que te daria motivos. Para me odiar, digo. Corri até Minerva, decidido a te entregar. Claro, não calculei que, com isso, eu também me daria mal.

     Na Floresta, aquele bicho apareceu e eu saí correndo. Isso é um fato sobre mim: sou bastante medroso.

      Sempre tive medo de quase tudo. Inclusive, de te dizer tudo o que ronda em minha mente. Coisas que você jamais iria imaginar. Então, aqui vai minha carta de confissão. Aqui estão todas as palavras que guardei.

      Fui eu quem mandei Dobby. Eu havia ouvido os planos por de trás da porta, e Harry, apesar de tudo, eu ainda sonhava em ser o seu amigo. Apesar de você me odiar, e eu ter passado a te dar motivos para isso, eu ainda sonhava com o dia em que você perceberia que eu não sou ruim.

     Ordenei ao Elfo que não falasse nada sobre mim, e muito menos sobre nossa família. Não queria que soubesse que era eu quem estava mandando-o, pois assim, você poderia achar que era apenas uma brincadeira.

      Quando você não apareceu em Hogwarts, eu me escondi em meu quarto, Harry, pensando que, pelo menos, você estaria bem. Mas o problema, era que eu jamais voltaria a te ver. Então você apareceu. Você e o ruivo idiota, que sempre estava ao seu lado.

      No nosso primeiro jogo um contra o outro, aquele balaço ficou te seguindo. Eu fiquei tão irritado com Dobby, Harry. Eu queria te ver longe do perigo, não morto. Afinal, se fosse para o final ser o mesmo, eu iria preferir que ficasse em Hogwarts, onde ao menos poderia te ver.

      E lembra de quando duelamos, na aula com o professor Gilderoy, e o professor Snape? Eu estava tentando te mostrar duas coisas: primeiro, o oponente jamais espera, e segundo, eu estava apto, Harry, a fazer parte do trio de vocês. A ser o seu amigo.

Palavras que guardei |Drarry|Onde histórias criam vida. Descubra agora