Capítulo XVI

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Ao chegar em casa Kate se sentiu na obrigação de ligar para Max e contar tudo que havia acontecido, o que não foi bem recebido.
- "Eu não consigo acreditar que você aceitou esse jantar, Kate."
- Eu não podia recusar, Max. - Kate disse sentando-se no sofá e amarrando o cabelo, com o telefone no viva voz entre as pernas. - Não é nada demais...- Ela foi interrompida.
- "Você está se testando, não é? Você faz esse tipo de coisa sempre...eu sei bem que você acha que não acontecerá nada demais e nós dois sabemos o final dessa história."
- Eu deveria ter contado a você só depois do jantar de amanhã, você está uma pilha de nervos, parece até que vai jantar com o amor da sua vida. - Kate disse gargalhando.
- "Mas amanhã depois do jantar você estará transando com ele, não vai ter tempo de me ligar."
- Ah, Max! Você sabe que esse tipo de ideia você não deve me dar. - Kate disse rindo. - Mas isso não vai acontecer, você pode confiar em mim.
-"Não, eu não confio. Não beba demais e use uma calcinha de aço. - Ele deu uma risada que contagiou a Kate. - E não me decepcione!! Eu adoraria conversar mais mas eu tenho que voltar a aula. Fuso horário, querida. Beijos."
- Boa aula, te amo. - Kate disse e desligou o telefone.

Kate passou algumas horas pensando no que iria fazer até adormecer, o dia começou cedo pois sua primeira aula era as 8h, chegou na Universidade, deu a sua aula, almoçou com a Katherine e a contou tudo que tinha acontecido, passou o restante do dia com ela vendo palestra, ela poderia ter saído as 20h se não fosse a falta de um dos palestrantes que ela era a mais preparada depois dele para dar essa palestra e foi o que ela fez, terminando quase as 23h. Kate e Katherine estavam mortas pós o dia agitado, elas saíram da sala e foram andando pela faculdade.
- Kate, você poderia me dar carona? Acho que está muito tarde para o Marcello vir me buscar. - Kath disse andando de braços dados com a amiga.
- Eu te levo para onde você quiser...Essa palestra já me fez perder o meu jantar mesmo. - Kate disse rindo e entrou no carro, deixou Katherine em casa e foi para a sua casa. Chegou lá e mandou um sms para Max:
"O universo não conspirou a favor desse jantar e não deu certo, talvez seja um sinal, certo?".

"Com certeza é um sinal, a vida continua." - Max a respondeu. Ela olhou a mensagem e não respondeu mais, tomou uma ducha e foi descansar.

Na manhã seguinte Kate chegou um pouco mais cedo e foi direto para a sua sala de aula. Ela entrou e escreveu toda aula no quadro e quando virou pegou um susto enorme.
- Meu Deus, Frank! Você vai me matar. - Ela disse organizando o material em cima da mesa.
- Ah, eu vim agradecer pelo incrivel jantar que tivemos ontem...Ah não, isso não aconteceu. - Frank disse sentando na primeira cadeira da sala bem em frente a Kate.
- Eu sinto muito por não tem ido, eu tive que palestrar e acabei bem tarde, coisas de professores, acontece sempre. - Ela sentou-se na mesa e cruzou as pernas. - Você não acha que é o destino falando que não irá dar certo? Eu acho.
- O destino não quer que você jante comigo, você acredita mesmo nisso, Kate? - Frank se levantou e ficou parado na frente dela.
- Se tem uma coisa que eu acredito essa coisa é que o destino não quer nós dois juntos de forma nenhuma e há muito tempo, não acha? - Kate disse dando uma risadinha e ficou o olhando.
- Não, eu não acho. - Frank colocou a mão no ombro dela e deslizou pelo braço. - Eu ficarei com a Susan na amostra hoje, vamos almoçar juntos. - Ele tirou a mão dela e foi saindo.
- Mas...eu...já tenho com quem almoçar. - Kate disse olhando ele sair.
- Até o almoço, Kate. - Frank disse e saiu da sala.
Ela assentiu e deu um sorrisinho que se desfez ao ver Lana entrar, uma das suas alunas.
- Desculpa ter chegado tão cedo, professora, vi vocês dois conversando e fiquei esperando ele sair lá fora. - A menina disse sentando onde Frank estava.
-Tudo bem, querida, não era nada demais. - Kate sorriu para a garota e esperou os alunos chegarem e começou a dar a sua aula. Ela terminou sua aula uma hora mais tarde que o normal, correu para a sala dos professores e encontrou a sala cheia e Katherine no meio deles.
- Kath, preciso falar com você lá fora. - Kate disse colocando o material no armário e pegando a bolsa. - Agora, de preferência. Ela saiu puxando a amiga.
- Meu Deus, o que foi? - Kath disse tentando para Kate.
- Eu vou almoçar fora hoje. Não sei se volto a tarde, qualquer coisa você avisa os meus alunos?
- Sim, claro que aviso, mas com quem você irá almoçar? - Ela disse cerrando os olhos.
Kate apenas sorriu e fez o gesto de trancar a boca com a chave. - Até mais e obrigada. - Ela sorriu e ficou seria de novo. - E não conte nada para o Max, por favor, eu irei falar com ele mais tarde. - ela disse e saiu o mais rápido que pôde. Katherine ficou apenas a observando e rindo.
Ela passou pela frente da amostra de moda e foi direto para o estacionamento, quando observou Frank andava atrás dela.
- Então, no seu carro ou no meu? - Kate disse enquanto eles andavam no estacionamento.
- No seu, o meu está com a Susan.
- Previsível. - Ela disse entrando no carro e dando a partida.
- O que? - Ele sentou e ficou olhando para ela.
- Nada... sua filha é bem sua parceira nos crimes, não é? - Ela disse dando uma risadinha e começou a dirigir.
- Na verdade sim, sempre foi. - Ele disse rindo. - E como são as suas?
- Adoráveis. - Ela disse sorrindo. - Elas são as melhores amigas que eu tive nos últimos 20 anos e eu tenho muito orgulho de mim e do Jack por termos tido filhas tão incríveis.
- Elas não podiam ser diferentes. Vocês devem ter sido pais incríveis, eu sempre desconfiei que o Jack seria um bom pai e você, eu não preciso nem falar, é um bom ser humano com todos, com as filhas deve ser 10 vezes mais.
- Nós conseguimos juntos. Acho que por isso deu tão certo com elas. E vocês não foram? Quando eu achava que você seria o pai dos meus filhos eu sempre te imaginei um bom pai.
- Achava mesmo? Eu fui pai da Susan, ela não teve uma boa mãe e a Sarah foi mãe do Henry, ele já não teve um bom pai. Meio que dividimos os filhos. Você algum dia pensou em como seria se tivéssemos filhos juntos?
- Eu achava de verdade que você seria um tremendo pai. Eu não acredito que vocês dividiram os filhos. Pensei muito, mas eu não quero falar sobre isso. Depois de ter as minhas filhas eu fiquei feliz por elas terem tido o pai que tiveram.
- Só você achou isso. - Frank ficou olhando Kate dirigindo. - Quando você parou de pensar em nós dois, Kate?
Ela olhou rapidamente para ele não entendendo onde ele queria chegar e voltou a olhar para frente.
- Eu deixei de pensar em nós dois quando eu disse ao Jack a primeira vez que estava grávida e ele disse que estava tudo bem, que iríamos passar por isso juntos no nosso relacionamento, que eu podia contar com ele para tudo e que ele jamais iria machucar como vocês dois haviam feito...Mas não deu certo, eu tive um aborto espontâneo essa e outras duas vezes. Talvez eu ainda estivesse magoada demais para me tornar mãe. - Kate limpou a lágrima que estava caindo do seu olhos. - Mas não vamos falar mais sobre isso. - Ela estacionou na frente do restaurante, eles entraram e pediram.
- Então isso tudo fez você se apaixonar pelo Jack? - Ele disse a observando tomar o vinho.
- Eu era apaixonada por você, a paixão nos invade e domina os nossos pensamentos, é mais turbulenta do que estável e traz MUITO sofrimento. Eu amei o Jack a partir desse momento e o amei em cada outro momento. O amor sempre foi um sentimento mais bonito, estável e sereno dp que a paixão. - O garçom serviu a comida e ela começou a comer.
Frank não disse mais nada depois de Kate, eles comeram, pediram a conta e tudo isso sem conversar. Eles entraram no carro e Kate começou a dirigir de volta para a universidade.
- E quando você deixou de amar o Jack? - Ele soltou a frase quebrando o silêncio.
- Quando eu deixei de amar o Jack? - Ela passou uns segundos calada pensando. - Nunca, Frank. Eu nunca irei de deixar de amar o Jack, mas ele entrou na lista de pessoas que me machucaram quando eu prometeu que nunca faria isso. Eu o amo muito, eu só não gosto mais dele.
- Por que eu nunca consegui amar a Sarah disse jeito? - Ele disse um tanto indignado olhando para a Kate.
- Porque nem todo mundo merece o amor, Frank. - Ela disse enquanto parava o carro na frente da Universidade, a viagem de volta foi mais rápida e ela agradeceu por aquilo que acabava com aquela conversa. - Bem, já que almoçamos e deu certo talvez se jantarmos dará também.
- Você quer jantar comigo? Essa é nova.
- Não foi tão ruim assim conversar com você. - Ela riu e anotou o próprio endereço em um papel. - Aqui está. Estarei esperando por você as 20h. Será a minha adorável cobaia de estar melhorando na comida italiana.
- Será uma honra. - Ele também riu. - Até mais tarde.
- Até. - Kate acenou e foi embora.

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