Uma Garota De Outro Mundo

Desentendimento part.3- Cruzando com o inimigo

        Em Paris eu morava em um bairro pobre. Minha escola era dividida em três grupos: os maconheiros que viviam chapados, os " você mexeu levou" e o meu grupo, os "nada". Nunca tive problemas lá, eu sabia qual era o meu lugar e não me importava em estar nele, bem, de vez em quando me chamavam de " A garota problema ". Em Medley era diferente, as pessoas viviam em uma felicidade constante. Suas vidas perfeitas, com famílias perfeitas, escola perfeita e amigos perfeitos, era como em um filme....
      Eu estava parada olhando para o refeitório, olhando para as pessoas com suas vidas felizes e imaginando se um dia eu seria assim. Se iria viver em um transe profundo de felicidade.
     Um grupo de garotas de salto, bolsas e roupas de marca vinham em minha direção. A que estava à frente falou comigo:
   - Ora ora ora, vejam se não é a namorada do mês do meu irmão
  - Como é?
  - Desculpe os maus modos, Charlotte Hanstings - estendeu a mão para me cumprimentar com um sorriso falso no rosto- vai apertar minha mão ou de onde você vem eles não tem classe também.
   - Acho que você não sabe com quem tá falando princesa. Sugiro que abaixe a bola- falei ficado cara a cara com ela.
  - Não, eu sugiro que você, saia do meu caminho!- sua cara ficou rígida. Ela estava a centímetros do meu rosto. Quando dei por mim estávamos nos encarando em meio ao refeitório com uma multidão em volta. As pessoas ao redor esperavam uma reação, qualquer coisa que fosse motivo para uma grande briga.
    Serrei os punhos, " não podia, não ali" pensei. Abri caminho, Charlotte e suas lacáias passaram me encarando.
     - Tá, o que foi aquilo? - perguntou Ash.
     - Momento de fraternização entre eu e a Aurora.
     - Cuidado Liza.
     - Porque?
     - .... só, tenha cuidado com ela.
      Ashley sabia de alguma coisa sobre Charlotte mas não me importei muito.
    - Para onde você vai?! - ela perguntou- não vai almoçar?
   - Ah, tô sem fome- dei de ombros e continuei andando - nos vemos depois- gritei já bem longe dela.
     Continuei andando sem rumo pela grande escola velha e bem preservada pelos anos. Não ligava em ser a garota problemas de Paris apesar da minha tia ter deixado claro : sem confusão. A vida era difícil e a máscara que eu coloca em mim mesma era a única forma de encobrir o quanto estava desesperada por uma solução, me encontrar com meus pais, poderia demorar anos ou dias, mas eu sabia que esse dia chegaria.
    Ouvi uma voz , parei de andar.
    - Um movimento.
   Estava sozinha em meio ao enorme jardim escuro, as paredes frias e escuras deixavam o clima sombrio.
A voz dura e claramente irritada gritava, eu à segui porque sabia exatamente de quem ela era....