E N T R E L A Ç O S

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Acordei com o toque do meu celular que chamava sem parar e me arrependi por não o ter colocado no silencioso. Era Lana, ela queria saber como tinha sido a festa e os detalhes da história do crush da sorveteria. Fabi, fofoqueira que só, havia mandado uma mensagem dizendo que ela tinha que me ligar para saber as novidades. Lana, claro, ficou agoniada e aguentou o máximo que a curiosidade dela permitiu. O que, no caso de pessoas que vivem em fusos diferentes, era um horário minimamente aceitável para me ligar.

– Amiga, isso tá melhor que as fanfics da One Direction que liamos a alguns anos atrás. – Ela disse, animada. – Só faltou o coque frouxo e o allstar.

– Palhaça! Eu tinha que estar na Starbucks pra fazer sentido! – Rimos, fazendo piada dos clichês que tanto amávamos.

– E agora?

– Como assim e agora?

Sabia o que ela queria dizer, mas me fiz de tonta.

– Ué!? Quando vocês vão se ver novamente?

– Não sei, acho que só se nos esbarrarmos na sorveteria. Mas sei lá, não pretendo colocar meus pés naquele lugar tão cedo. Vai parecer que quero forçar uma situação. Se ele realmente tivesse interessado teria pedido meu número.

– Mas ele disse que você é interessante e claramente flertou contigo!

– Eu sei. Também acho que ele flertou comigo, mas vai saber. Além do mais, você pode achar alguém interessante e não querer se envolver com a pessoa.

– Isso é verdade, mas não acho que seja o caso.

Queria que Lana estivesse certa. Mas e se Caio for apenas um cara simpático e gentil? Ok, realmente pareceu que ele estava flertando comigo, mas até que ponto tudo foi real e não uma obra da minha cabeça? Nem sei mais se ele sorriu tantas vezes, mas, independente disso, uma coisa é certa, não consigo tirar o sorriso dele dos meus pensamentos. Lana tentou me convencer a ir na sorveteria procurá-lo, mas, ainda que tivesse coragem suficiente, não poderia. Tinha uma reunião familiar e em algumas horas estaria a caminho da casa da minha tia com meus pais.

Mal chegamos em casa e fui surpreendida por minha mãe. Ela surgiu na porta do meu quarto e disse que o porteiro havia interfonado e avisado que Fabi tinha deixado algo para mim na portaria. Não entendi nada. Por que ela não me avisou nem subiu? Enquanto esperava o elevador, mandei uma mensagem pedindo explicações e Fabi não me disse o que era. A única coisa que contou é que seria uma grande surpresa e que não subiu porque estava a caminho do cinema com Dedé e, como ele acabou saindo um pouco mais tarde do trabalho, já estavam atrasados. Assim que Seu João me viu, abriu um sorriso simpático e me entregou um potinho de sorvete fechado e leve demais para ter qualquer coisa dentro. Analisei o objeto e não compreendi o que minha amiga queria com aquilo. Será que ela e Dedé estavam querendo me pregar uma peça? Esperei voltar para o quarto e abri o potinho que tinha a logo da sorveteria que tanto amo. Um guardanapo dobrado com alguma coisa escrita era o que me aguardava.

Oi, Paparazzi.

Parece que alguém aqui deu mole e, na correria de voltar ao trabalho, esqueceu de pedir o telefone da garota mais interessante da festa. Peço desculpas por isso e espero que não tenha ficado muito chateada ou me achado lerdo demais. Rs rs.

Beijos,
Caio.

No verso do papel havia um número de telefone. Mandei um emoji sorridente e Caio me respondeu quase que imediatamente. Ele se mostrou feliz por eu ter entrado em contato e contou que esteve na sorveteria mais cedo. Foi a maneira que encontrou de tentar me ver novamente, mas, como não apareci por lá, falou com Dedé, com quem lembrava de ter me visto na festa, e pediu para que me entregasse o bilhete. Conversamos por bastante tempo e foi estranho. Não de maneira ruim, longe disso, mas de uma forma inusitada e boa. O assunto fluía naturalmente e em momento algum me senti ansiosa por precisar pensar no que responder ou em qual seria o próximo tópico que iria puxar para sustentar a conversa, algo que geralmente acontecia quando falava com alguém que não conhecia muito bem. Bater papo com Caio era curiosamente simples.

O Dia Em Que o Crush Me Notou [CONTO COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora