A parte que nos falta não falta mesmo, uma vez que nada falta no Real, somos seres completos.
A parte que nos falta nos falta imaginariamente, como consequência da nossa entrada na linguagem.
Quando Lacan fala de "objeto perdido", não é que a gente tenha mesmo perdido algo no meio do caminho da vida. Garcia-Roza (no livro "Freud e o inconsciente") diz que falamos em "objeto perdido" como uma licença teórica.
Não é que algo nos falte e então a gente vá em busca desse algo que perdeu. É porque a gente acha algo, que supõe que esse algo tenha sido perdido. É o encontro com o objeto que nos faz apostar que se trata de um reencontro. "Todo encontro é um reencontro", diz Freud (1905, "Três ensaios sobre a sexualidade").
Por isso o amor, ao mesmo tempo em que nos dá uma sensação de completude, também nos traz notícias da falta.
Nesse sentido, a parte que nos falta, não falta porque somos incompletos sozinhos, mas podemos ser completos com alguém. A parte que nos falta, se for arrancada de nós pelo encontro com um outro, aí sim é que faz falta!
F.S
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Fragmentos De Minha Alma
RandomNão importa quantas vezes eu vou me quebrar em mil pedaços. Eu sempre vou me refazer, com paciência e coragem. Eu sempre vou voltar mais forte. (Rachel Carvalho)